Meu Padroeiro de Comunidade de Aliança Shalom

Há momentos da nossa vida em que Deus nos dá um amigo para algo decisivo. A influência desse amigo é tão importante para nossas escolhas, que ele acaba ficando para sempre em nosso coração. Assim aconteceu comigo.
Há algum tempo atrás, iniciei, juntamente com meu formador pessoal (diretor espiritual na Comunidade Católica Shalom), um discernimento na dimensão profissional da minha vida. Pelo fato de eu ser comunidade de aliança, esta dimensão faz parte da própria essência da minha vocação. Estar no mundo, trabalhar nele pelo Reino de Deus, ganhar o justo salário (cf. Lc 10, 7), procurar ser "sal da terra e luz do mundo" (cf. Mt 5, 13-14) dizem respeito à identidade da minha vocação, do chamado que Deus me fez e continua a fazer, para que eu seja plenamente feliz: seja santo!
Neste discernimento, o próprio Senhor fez cair por terra algumas mentalidades, a fim de que eu assumisse sua vontade na minha vida, sem medo, sem sentimento de culpa, de forma plenamente livre.
No meu caso, ainda povoavam meu coração algumas mentalidades maléficas ao ser comunidade de aliança. Como exemplo, posso citar as seguintes:
1) Achar que ganhar dinheiro não é muito "de Deus", que o trabalho é um mal necessário, que buscar receber salário seria um interesse mesquinho.
2) Considerar que não pode haver santidade no mundo do trabalho. O trabalho, para mim, era um tempo de muito "sacrifício"; "o bom" era só rezar, passar o tempo todo só rezando!
3) Achar que trabalho e oração estão definitivamente separados, que seria impossível conciliá-los, que só encontraria Deus nos "momentos de oração".
4) Considerar as pessoas chamadas por Deus a viverem como comunidade de vida as mais propensas à santidade e aquelas que estão no mundo, no trabalho, em meio à sua família biológica, não muito "vocacionadas" a serem santas.
5) Achar que a única forma das pessoas que trabalham no mundo serem santas seria, cada vez mais, renunciarem seu tempo de trabalho, nos negócios, seus momentos com a família biológica, com os amigos, para viverem bem "parecidas" com as pessoas de chamado diferente, mesmo que aquelas realidades (trabalho, família, amigos) ficassem seriamente comprometidas.
Bendito seja Deus que me libertou dessas erradas mentalidades!
Foi um processo dolorosíssimo, mas salvífico!
O Senhor foi me mostrando que tudo depende do chamado que ele nos faz. Temos que ir à raiz para descobrir como o Senhor nos convida a viver. Uma forma não se opõe à outra. Não existe uma certa e outra errada! Através das duas formas, o Senhor chama à santidade.
Contudo, eu sozinho, mesmo com a ajuda orante do meu formador pessoal, não teria conseguido assumir o novo de Deus na dimensão profissional da minha vida. Precisaria de alguém que está mais próximo de Jesus, para interceder fortemente por mim junto a ele, de modo que eu abraçasse a vontade de Deus, meu paraíso, na minha vida!
Esta pessoa pediu tanto por mim, orou tanto por mim junto a Jesus, que se tornou definitivamente meu amigo. E, pelo fato desta pessoa ter intercedido pela dimensão profissional da minha vida, inerente ao ser comunidade de aliança, eu a considero meu patrono de Comunidade de Aliança Shalom.
Eu falo do meu grande amigo São Josemaria Escrivá.
Este amigo de Deus (santo) foi canonizado pelo Servo de Deus o Papa João Paulo II no dia 6 de outubro de 2002. Naquela data, na missa de canonização de São Josemaria Escrivá, o Papa João Paulo II disse: "Seguindo as suas pegadas, difundam na sociedade, sem distinção de raça, classe, cultura ou idade, a consciência de que todos estamos chamados à santidade".
Sim, TODOS! É chamado à santidade o padre! É chamada à santidade a pessoa que vive como comunidade de vida! É chamado à santidade o dono de restaurante! É chamado à santidade o garçom! É chamado à santidade o advogado! É chamado à santidade o comerciante! É chamado à santidade o vendedor! É chamada à santidade a pessoa que vive como comunidade de aliança! TODOS!
Deste modo, foram caindo por terra aquelas malditas mentalidades!
Vejamos a mentira de cada uma delas, destruída pela Verdade:
1) "Achar que ganhar dinheiro não é muito "de Deus", que o trabalho é um mal necessário, que buscar receber salário seria um interesse mesquinho.": O próprio Jesus Cristo disse: "O operário é digno do seu salário" (Lc 10, 7). Isto já bastaria para refutar essa falsa mentalidade. Todavia, aprofundando esta verdade evangélica, São Josemaria Escrivá me mostrou que o trabalho e as circunstâncias do dia-a-dia são ocasião de encontro com Deus, de serviço aos outros e de melhora da sociedade, ou seja, de viver minha bela vocação de comunidade de aliança, de obedecer à palavra do Senhor que disse: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gn 1, 28). Sim, Deus quer que frutifiquemos espiritual e materialmente, pois Jesus veio para "que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância" (Jo 10, 10). Obviamente, a abundância plena é a vida eterna, mas Jesus nos abençoa nesta vida na Terra também, se não haveria uma inegável contradição na sua palavra, o que não há.
2) "Considerar que não pode haver santidade no mundo do trabalho. O trabalho, para mim, era um tempo de muito "sacrifício"; "o bom" era só rezar, passar o tempo todo só rezando!": Ora, se Deus me chamou à comunidade de aliança, a qual comporta a dimensão profissional, aliás, dimensão que a distingue, e se ele me chama à santidade, como a todo batizado, então seria Deus incoerente em seu chamado ? Claro que não! Na verdade, Deus me chama à santidade estando no mundo mesmo. Mais grave: ele me chama à santidade e quer contar com o meu trabalho no mundo para que outros o conheçam e o amem. Se eu não trabalhar e, assim, não conviver com outras pessoas nesse meio, como elas conhecerão a Deus ? Vejamos o que disse Jesus sobre ser luz no mundo (ser comunidade de aliança): "Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha" (Mt 5, 14). Eu não posso me "esconder" em turnos inteiros de oração quando devo trabalhar! Este não é o meu chamado! Deus me chamou para iluminar o mundo e, assim como uma cidade situada sobre uma montanha está exposta, devo me expor também, estando no meio profissional, acadêmico, familiar, com os amigos. Ir contra esta vontade de Deus é ferir na essência minha vocação! Mais uma vez São Josemaria Escrivá me levou a contemplar a Verdade: "Todo trabalho humano honesto, intelectual ou manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e a serviço dos homens). Porque, feito assim, esse trabalho humano, por mais humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais — a manifestação de sua dimensão divina — e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça, santificando-se, converte-se em obra de Deus" (Questões Atuais do Cristianismo, 10).
3) "Achar que trabalho e oração estão definitivamente separados, que seria impossível conciliá-los, que só encontraria Deus nos "momentos de oração".": É óbvio que, pelo maravilhoso fato de eu ser Shalom, sou chamado a ter momentos fortes de oração, parados diante do Senhor, aos moldes de Santa Teresa D´Ávila, com o fervor e o louvor de São Francisco de Assis. Mas, como comunidade de aliança, não é o meu chamado trocar, por exemplo, uma manhã inteira de trabalho por esses momentos de oração. Além de irresponsabilidade, não é o meu chamado! Deus não quis isto para mim! Repito que é uma questão de chamado. Ninguém é melhor ou pior do que o outro porque tem chamado diferente! No meu caso, sou chamado a ter esses momentos fortes de oração antes do trabalho, até para que eu possa transbordar aquilo que recebi do Senhor, durante esses belos momentos de oração, no meu trabalho, na família, nas amizades. E São Josemaria Escrivá, mais uma vez, veio em meu socorro: "Aí onde estão nossos irmãos os homens, aí onde estão as nossas aspirações, nosso trabalho, nossos amores — aí está o lugar do nosso encontro cotidiano com Cristo. Em meio das coisas mais materiais da terra é que nós devemos santificar-nos, servindo a Deus e a todos os homens." (Questões Atuais do Cristianismo, 113).
4) "Considerar as pessoas chamadas por Deus a viverem como comunidade de vida as mais propensas à santidade e aquelas que estão no mundo, no trabalho, em meio à sua família biológica, não muito "vocacionadas" a serem santas.": Que mentalidade "anti" e "ante" Concílio Vaticano II! Rogai por nós, São Josemaria Escrivá: "Desde os primeiros cristãos, quantos comerciantes não se terão feito santos? E queres demonstrar que também agora é possível... - O Senhor não te abandonará neste empenho." (Sulco, 490).5) "Achar que a única forma das pessoas que trabalham no mundo serem santas seria, cada vez mais, renunciarem seu tempo de trabalho, nos negócios, seus momentos com a família biológica, com os amigos, para viverem bem "parecidas" com as pessoas de chamado diferente, mesmo que aquelas realidades (trabalho, família, amigos) ficassem seriamente comprometidas.": Mais uma vez, digo e repito: É, antes de tudo, uma questão de chamado. Há pessoas que, por chamado de Deus, deixam "irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa" (Mt 19, 29) e são plenamente felizes porque vivem segundo este chamado do Senhor. Há pessoas que o Senhor chama a serem "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5, 13-14 ), portanto estão no "mundo" para aí serem "sal" e "luz", vivendo o chamado de Deus, e são plenamente felizes neste chamado do Senhor. Se estas pessoas, como é o meu caso, são chamadas a estarem no mundo para o iluminarem com a Luz, que é Cristo, obviamente este é o meio que o próprio Senhor escolheu para santificá-las, como bem diz São Josemaria Escrivá: "Que valor não adquire essa hora de trabalho!, esse continuar com o mesmo empenho por mais algum tempo, por mais alguns minutos, até terminar a tarefa! De um modo prático e simples, convertes a contemplação em apostolado, como uma necessidade imperiosa do coração, que pulsa em uníssono com o dulcíssimo e misericordioso Coração de Jesus, Senhor Nosso" (Amigos de Deus, 67).
É, meu querido irmão, minha querida irmã, preciso dizer mais alguma coisa ? Preciso é viver meu belo chamado de ser Comunidade de Aliança Shalom, com a intercessão deste meu Amigo, Amigo de Deus, Santo, meu Padroeiro de Comunidade de Aliança Shalom!
São Josemaria Escrivá, rogai por nós!

Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

14 Comentários:

Sania Oliveira comentou:

Acolho seu testemunho como resposta de Deus para mim. Obg.

Álvaro Amorim comentou:

Cara Sania,
Fico feliz por você permitir que o Espírito Santo fecunde a terra do seu coração com a Palavra de Deus!
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Denise comentou:

Fantástico esse testemunho. O Senhor te usou como instrumento para acalmar meu coração em muitas coisas que estou passando. Paz e Bem!

Raiane comentou:

Eita Alvaro achei uma postagem que ja escrevi aqui mas faz é tempo.
Vou visitar mais seu blog.
Deus abençoe vc!!

Shalom!!!

Jaqueline Castelo Branco comentou:

Bendito seja esse testemunho. Acabei de encerrar uma discussão familiar com pessoas engajadas no Shalom acerca de diferentes formas de fazer a vontade de Deus. Muito embora eu não tenha ingressado na comunidade, tive, por toda a vida, formação católica, primeiramente no Instituto Dom Barreto e, depois, no Colégio São Francisco de Sales (Diocesano), em Teresina-PI.
Tentei explicar a alguns primos que as missões podem ser diferentes, que algumas pessoas podem alcançar a salvação cumprindo seu papel de evangelizar dentro de seus próprios lares, formando critãos de qualidade dentro de sua casa, filhos que irão para o mundo sem medo de demonstrar seu amor a Deus e ao próximo.
Tentei mostrar-lhes que há formas diversas de se praticar a caridade, que nem sempre podemos estar engajados em trabalhos pastorais da Igreja, mas podemos realizar esses trabalhos no nosso dia-a-dia, assumindo a responsabilidade que Deus nos deu (e é nossa, não das babás nem das avós), de acompanharem nossos filhos de perto. Que podemos ser cristãos e buscar a salvação sendo honestos em nosso dia-a-dia, no trabalho, em casa, em qualquer lugar.
Para mim, trabalhar honesta e dignamente, cuidar dos filhos, ir às missas, mesmo que não diariamente, ajudar pessoas necessitadas da maneira que posso, fazer minhas orações em casa com meus filhos (além de na igreja) é uma das formas de também colocar Deus no centro da minha vida.
No meu momento de vida atual, priorizo o acompanhamento do crescimento dos meus filhos, não com a preocupação de formar "pessoas de sucesso" como o mundo hoje insiste em alardear, mas "pessoas de valor". No meu pensamento, de valor cristão.
Sempre dei valor às orações, tanto as que aprendíamos no catecismo na minha época quanto as espontâneas. Sempre alertei às pessoas mais próximas de mim que devemos observar bem as palavras ditas na Ave-Maria, no Pai-Nosso e nas demais orações. Porque, se rezarmos somente repetindo frases decoradas, essa oração não vem do fundo da alma, fica sem sentido. Também busco mostrar isso aos meus filhos. Minhas crianças mais novas (tenho três) são ainda pequenos, requerem acompanhamento escolar (estudam no Instituto Dom Barreto, como já dito acima, um colégio católico). Educá-los dentro do catolicismo demanda tempo também, orientar meu filho mais velho, hoje adolescente, é essencial, principalmente numa fase de tantas mudanças, com um mundo que, a toda hora, tenta desviruar os coraçõezinhos dos nossos jovens.
Será que estou tão longe da salvação assim?
Por que será que, para algumas pessoas é tão difícil compreender que Jesus pode estar ao meu lado me auxiliando nas tarefas que a maternidade me lega? Que posso estar com Ele em qualquer lugar?
Quando vi seu testemunho, fiquei tão feliz que resolvi enviar esta mensagem. Por que esses primos têm tanta dificuldade em mudar essa mentalidade?
Muito obrigada mesmo! Para mim, valeu a pena entrar no site e respirar aliviada, percebendo que ainda existem padres com pensamentos semelhantes aos dos padres com quem convivi minha vida inteira e com quem aprendi a ter senso crítico.
Pode ter certeza de que, hoje, ganhei o dia!

Álvaro Amorim comentou:

Querida Jaqueline,
O Servo de Deus o Papa João Paulo II canonizou pais e mães de família durante o seu pontificado e outros tantos estão em processo de beatificação e canonização. O que isto significa ? No dia-a-dia, nos afazeres domésticos e profissionais, no amor um ao outro, na formação dos filhos, nas festas em família e com os amigos, ou seja, na vida que Deus nos deu, o Espírito Santo, Santificador das Almas, santifica-nos. A santidade não é só para padres, freiras e celibatários. É para casais, solteiros também! Graças a Deus!
Fique em Paz!
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
P.S.: Sou casado com a Sabryna, também consagrada na Comunidade Shalom, e esperamos nosso primeiro filho (ela está grávida!).

Álvaro Amorim comentou:

Deus te abençoe também, Raiane!
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Álvaro Amorim comentou:

Querida Denise,
Pela graça da comunhão dos santos, estamos todos unidos, comunicando o bem uns aos outros!
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Álvaro Amorim comentou:

Querida Raiane,
Neste blog quem responde sou eu, Álvaro Amorim. Mas de qualquer forma, valeu pela participação.
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Raiane comentou:

OI Alvaro!!
confundi os nomes mas a msg era pra vc mesmo!!!
:)
Fica com Deus!!

Shalom!!!

Álvaro Amorim comentou:

Querida Raiane,
É sempre uma alegria ver sua participação no Blog.
Deus a abençoe sempre!
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Unknown comentou:

Caro Álvaro,
Gostei muito do seu blog, muito edificante para mim que estou em fase de discernimentos (quase que cosntantes)... Gostaria de solicitar a sua permissão para republicar artigos seus que achar interessante para a divulgação no meu blog, voltado para a evangelização da juventude (www.radicaleserdedeus.com). Gostaria de um retorno quanto a isto.
No mais, reze por este seu irmão Postulante CA da missão de Senhor do Bonfim - BA.
Shalom!
Rodrigo R. Ribeiro

Anúncio da Verdade comentou:

Rodrigo,
Você pode sim republicar meus artigos. Siga apenas as regras contidas no tipo de licença adotado por mim (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/).
Peço-lhe também que, ao final de cada artigo, escreva: "Autor: Álvaro Amorim, em: www.anunciodaverdade.blogspot.com".
Deus o abençoe nesse tempo de experiência do carisma Shalom, tempo de muitas e maravilhosas descobertas!
Shalom!

Anúncio da Verdade comentou:

Boa noite, Gabriel.
Sim, o blog, graças a Deus e à intercessão de São Josemaria Escrivá, está ativíssimo!
Deus o abençoe sempre!
Álvaro Amorim.

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