Mostrando postagens com marcador Matrimônio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Matrimônio. Mostrar todas as postagens

Papa Francisco: uma resposta do Espírito Santo

Uma fantástica surpresa!
Com este sentimento no coração, vi, junto com minha esposa e nossa filha Clara (de 1 ano e 9 meses de idade), o anúncio da eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio como Papa de nossa amada Igreja, como Bispo de Roma, como ele insistiu em afirmar em seu primeiro pronunciamento, antes da bênção urbi et orbi, à Cidade (de Roma) e ao mundo.
Contudo, decidi esperar estes 15 dias após sua eleição para redigir este artigo, a fim de ter mais subsídios para tentar ler os sinais que vêm a nós por meio desta dádiva do Espírito Santo.
Primeiramente, o nome escolhido pelo novo Papa aponta para a missão que ele intuiu ser o desígnio de Deus para seu ministério. Francisco: o apaixonado por Jesus, por isto amante dos irmãos, da criação, todo doado a Deus, todo pobre para amar os pobres, e assim reconstrutor da Igreja, que ruía em meio a escândalos e riquezas no seu tempo.
Porém, vejo mais: Percebo uma guinada na condução da Igreja para a vivência do amor ao próximo como condição essencial e única para o amor a Deus. Aliás, já escrevi sobre isto, que não é assunto novo, está na Palavra de Deus:
"Se alguém disser: 'Amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar" (I Jo, 4, 20).
Quando penso nisto, dá vontade de cantar aquele verso da canção do Martín Valverde: "Tenho esperado este momento..."
Ah, Jesus, como esperei este momento, e ele chegou, e o teu Espírito ouviu minhas súplicas e a de muitos!
Meu querido irmão, minha querida irmã, como falei a membros de Novas Comunidades que estava tudo errado, que se vivia uma espiritualidade "esquizofrênica", apartada da realidade, não só da realidade do meio em que Deus nos colocou, mas também da realidade da Palavra de Deus, como citei.
Como via claramente o desamor aos irmãos, dentro da própria célula comunitária, dentro das estruturas de governo, e ainda se tinha a presunção de dizer: "Somos uma família!"
Ficava claro que jamais se poderia ouvir dos outros a seguinte expressão que se dizia acerca dos primeiros cristãos, segundo conta Tertuliano (Apolog. 39): "Vede como eles se amam!"
Seria mais fácil ouvir: "Vede como eles se odeiam!"
Infelizmente, não somente as feridas pessoais contribuíam para essa triste realidade. O erro vinha de dentro, da direção, do governo, da formação "esquizofrênica" como já disse, isto é, totalmente apartada da realidade.
Se não, vejamos.
Uma formação que retira uma pessoa casada todas as noites da semana de seu lar, em vistas da "evangelização", implicando em ausência, desse pai ou dessa mãe, da sua família, do convívio com os filhos após o dia de trabalho, não pode ser uma formação saudável, verdadeira, autêntica, à luz da vontade de Deus para a família; apartada, pois, do que Deus deseja para a família.
Os pais, caro irmão, cara irmã, devem evangelizar primeiramente seus filhos, permanecendo com eles, amando-os, convivendo muito mesmo! E como se pode amar o filho sem conviver com ele ? O que passa na cabecinha de uma criança que não vê seu pai ou sua mãe quase todas as noites da semana ?
E não me venha com aquele tipo de disparate, totalmente mentiroso: "Deus cuida. Eu faço a minha parte, Deus faz a dele. Eu estou escolhendo a melhor parte, meus filhos beberão um dia dessa 'graça'!"
Pelo Amor de Deus! Este tipo de frase só me leva a dizer: É de sentar e chorar!
Eu ouvi da boca de uma cofundadora de Comunidade (ninguém me disse não, eu ouvi, e está gravado num DVD), durante uma formação dada por ela: 
"Por favor, não façam o que eu fiz! Não abandonem os filhos de vocês em nome da evangelização! Eu tenho hoje um filho ateu por causa disto, porque até em dia de aniversário dele, eu me ausentava para pregar. Por amor, não façam isto!"
Vejamos o que disse o hoje Papa emérito Bento XVI, no 5º Encontro Mundial das Famílias, em 17 de maio de 2005:
"Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos, dom precioso do Criador, começando pelo ensino das primeiras orações. Assim se vai construindo um universo moral enraizado na vontade de Deus, no qual o filho cresce nos valores humanos e cristãos que dão pleno sentido à vida. Ao tornarem-se pais, os esposos recebem de Deus o dom de uma nova responsabilidade. Seu amor paterno está chamado a ser para os filhos o sinal visível do mesmo amor de Deus, do qual procede toda paternidade no céu e na terra".
É hora de amar o próximo, como dizem São João, na sua primeira Carta, e o Papa Francisco. E saiba, meu irmão, minha irmã: O próximo mais próximo é o seu filho, a sua filha, não é aquela pessoa por quem você orará naquele imenso evento de evangelização.
É tempo de as Novas Comunidades reverem seriamente sua formação "esquizofrênica" e formarem seus membros para se amarem, para viverem como os primeiros cristãos. E não me venham dizer que isto é vivido através da partilha da comunhão de bens, do dízimo. Por favor! Falo de amor mesmo! Falo de gente que perdoa, que sabe que cada pessoa é única, que não tem medo de gente!
É "esquizofrênico" também apartar as pessoas do trabalho, da profissionalização, do estudo, do aperfeiçoamento profissional.
Os jovens devem ser direcionados pelas autoridades das Novas Comunidades para o estudo, para a profissionalização. Nestes ambientes, eles serão maravilhosos evangelizadores, primeiramente com seu testemunho de gente que estuda, que não falta, que se aperfeiçoa profissionalmente. Em seguida, poderão partilhar sua experiência com Deus, seu Encontro.
De novo: Já escrevi sobre isto, e vejo que o Papa Francisco é bem "pé no chão", o que o faz manter sempre o "coração ao Alto"!
Ao se despedir daqueles que o saudaram na Praça de São Pedro e dos milhões que o viam pelos meios de comunicação, ele disse: "Boa noite e bom repouso!"
Que belo ver o Papa nos mandando repousar depois de um dia de trabalho, de fadiga. Parecia um pai para seus filhos: "Vocês já estudaram, trabalharam, cumpriram com suas obrigações, agora é hora de dormir. Durmam bem! Bom repouso!"
Tão humano, por isto tão Santo Padre!
É, meu irmão, minha irmã, vem mais formação verdadeira do Santo Padre para nós.
Sabe o que ele disse na homilia da Missa do Crisma, hoje, nesta Quinta-feira Santa ?
"Não é nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor, nem mesmo nos cursos de autoajuda. O poder da graça cresce na medida em que, com fé, saímos (...) para dar a pouca unção que temos àqueles que nada têm".
E o Papa estava pregando na Missa do Crisma, em que se celebra o dom do sacerdócio, especificamente para os padres. Ora, se o padre não encontra o Senhor "nas reiteradas introspecções", isto é, nos constantes fechamentos em si mesmo, por exemplo, em horas de recolhimento, de retiro, mas o encontra quando sai de si para o seu rebanho, quando, como disse o Papa Francisco, "sente o cheiro das ovelhas", muito mais um pai-de-família não encontrará o Senhor isolando-se de sua família, mas indo ao seu encontro, sentindo o cheiro dos filhos, beijando-os, convivendo muito com eles, que são o rebanho confiado pelo próprio Senhor ao pai e à mãe.
Que Papa, hein !?
Por fim, às estruturas de governo das Novas Comunidades.
Vi sala de fundador, na "casa do governo", que é uma riqueza só! Suntuosa, majestosa, com tapetes enormes, um mapa do mundo imenso na frente de uma grande mesa oval, de madeira maciça, com uma cadeira estilo presidente super-confortável, bem alta, para o fundador, tudo projetado, caríssimo, parecido com a riqueza da Casa Branca!
E o Papa Francisco, quando foi visitar o apartamento papal, que havia sido fechado após a renúncia de Bento XVI, espantou-se com o tamanho do lugar e afirmou: "Mas aqui cabem 300 pessoas!"
Vi "prefeito" da "casa do governo" de Nova Comunidade tomando suco na hora do almoço, servido exclusivamente para si, e de graça, enquanto os empregados tinham a única opção básica: água, ou comprassem refrigerante com o seu parco salário!
Vi "autoridade" pedindo a devolução da "comunhão de bens", o dízimo, dizendo, em pregação, que a Comunidade não tinha dinheiro para manter suas obras sociais, seu trabalho com os drogaditos. Porém, para o filho desse membro do governo comunitário não faltavam as aulas de natação e para sua filha, as de balé!
Então nessas horas, quando descobertos, vinham com aquela frase maldita: "Não somos chamados à pobreza franciscana!"
Realmente, a pobreza de Francisco, o Santo de Assis, aquela que o Papa de mesmo nome quer para sua Igreja, anda a léguas dessa "casa de governo"!
Se eu fosse relatar aqui o que vi, mas vi mesmo!, 10 artigos não seriam suficientes.
Tenho certeza, meu irmão, minha irmã, de que sua fé não foi abalada com este relato, se sua fé é verdadeira, se você não vê Deus como um superprotetor e a Comunidade como uma redoma, dentro da qual você está protegido(a), mas se você vê Deus apaixonado por você, que não muda um "milímetro" o seu amor, mesmo quando você comete aquele pecado horrível!
Se você crê neste amor sem hesitar e se vê que sua Comunidade, como a nossa amada Igreja, pode mudar (e o Espírito escolheu o Papa Francisco para isto), então este artigo o(a) fortalecerá ainda mais, levando-o(a) a "acordar" para a sua missão de pai ou de mãe, de profissional, de leigo, que é chamado a viver neste mundo e não fugindo dele, "protegendo-se" na Comunidade!
Termino mostrando como o nosso Papa Francisco é simples e assim deseja que a Igreja seja.
A foto que usei na abertura deste artigo mostra o Papa sentado bem atrás na capela, em meio aos jardineiros do Vaticano, após uma missa celebrada por ele.
O Papa está em oração, no meio dos mais simples empregados do Vaticano, em um lugar sem destaque, sem pompa, sem "cadeira-presidente".
Recordou-me o ensinamento de Jesus quando seus discípulos discutiam por poder, tendo dois deles usado até a própria mãe para pedir "cargos" de "autoridade":
"Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo" (Mt 20, 25-27).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: https://twitter.com/gnntridente.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: 
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

O pior de todos os pecados

Se você acha que adulterar no matrimônio é o pior dos pecados, enganou-se. Se você pensa que é roubar, está longe de acertar. Se considera que é viver embriagado, aí é que está errado!
Por surpreendente que pareçam, esses tipos de pecados mais "vistosos" aos olhos humanos não chegam nem perto do pior de todos os pecados: o orgulho!
Antes de provar por que o orgulho é o pior tipo de ofensa a Deus e ao próximo, quero deixar bem claro que os exemplos citados são pecados sim, só que não alcançam a perniciosidade do orgulho, considerando-se o cometimento de plena consciência, isto é, quando o agente atua sabendo o que está fazendo.
Vejamos logo, de cara, o que diz a Palavra de Deus:
"Exterminarei o que em segredo caluniar seu próximo. Não suportarei homem arrogante e de coração orgulhoso" (Salmo 101(100), versículo 5).
"Deus resiste aos soberbos [orgulhosos], mas dá sua graça aos humildes" (Tiago 4, 6).
É óbvio que alguém que intencionalmente rouba, que sabe que é errado e continua a roubar até o fim da vida, sem arrependimento nenhum, provavelmente não encontrará graça diante de Deus. Não que o Senhor não seja sempre misericordioso. Não! O que há não é um defeito na misericórdia divina, mas sim uma contumácia (teimosia), insistência do homem em permanecer sempre no erro, no pecado. Como Deus criou o homem com o livre-arbítrio, ele respeita a decisão de cada um, pois, se não a respeitasse, verdadeiramente não amaria o homem, pois faria dele uma marionete, conduzindo-o "à força" para o bem, o que é, em si, uma contradição, e contradição não há em Deus.
Ocorre que, se esse ladrão que, por exemplo, roubou fortunas, arrepender-se de verdade, no mesmo instante, Deus já o perdoou e lhe garantiu o Céu, pleno, cheio de graça, o mesmo estado de graça no qual se encontram todos os santos, como São Francisco de Assis, só para citar um.
"Ah, Álvaro, não é possível! Você quer dizer que alguém que fez o mal a vida toda e se arrependeu (vá lá que seja de verdade!) tem a possibilidade de usufruir o Céu como qualquer santo ?!"
A esta pergunta que poderia ser feita por alguém, deixo simplesmente Jesus responder:
"Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: 'Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!' Mas o outro o repreendeu: 'Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício ? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.' E acrescentou: 'Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!' Jesus respondeu-lhe: 'Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso'." (Lucas 23, 39-43).
Não seria necessário escrever mais nada, mas vamos lá, ver a maldição do orgulho!
Nesta minha caminhada, desde o meu primeiro encontro com Cristo, nos dias 19 e 20 de agosto de 2000, deparei-me com situações marcantes, relativas ao que escrevo agora:
Vi pessoas participantes de grupos de oração ou de comunidades sofrerem perseguições, injúrias, maledicências, desprezo, rejeição, desamor porque cometeram os ditos "pecados vistosos", aqueles citados no primeiro parágrafo deste texto, por exemplo. E toda essa repulsa anti-evangélica, na maioria das vezes, partiu de pessoas tidas como "santas, justas, consagradas!"
Fico imaginando se Jesus faria o mesmo.
Como foi que Jesus agiu com a mulher descoberta em adultério (João 8, 1-11) ? Ele jogou pedra ? Ele achou justo que os outros a apedrejassem ? Não! Sabiamente, ele a livrou da morte, da ira dos tidos como "justos"! Aliás, mandou que eles olhassem para si mesmos e vissem que também eram pecadores, já que o orgulho daqueles algozes os impedia de se considerarem como tais.
Aí está o orgulho: Não se vê o "tamanho" do próprio pecado, mas se considera "imenso" o do outro! Nada mais enganador! Nada mais diabólico!
Por isto é que "Deus resiste aos soberbos [orgulhosos], mas dá sua graça aos humildes" (Tiago 4, 6). O orgulhoso não permite que a graça de Deus o alcance, e Deus respeita essa decisão. O pecador humilde arrasta para si toda a misericórdia divina, que "alveja" sua alma, que o santifica.
Veja o exemplo que Jesus usou para mostrar como é a misericórdia divina: Lucas 15, 11-24 (A Parábola do Filho Pródigo).
Bastou o filho que havia abandonado a Casa do Pai arrepender-se e começar a voltar para o Pai, que este, "movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou" (Lucas 15, 20).
Pergunta: O Pai disse ao filho, ainda ao longe, alguma das frases abaixo ?
"Eh, rapaz, quero ver se você muda mesmo! Torrou parte da minha fortuna e agora vem de cara lisa ?" Ou então: "Eh, sujeito, vai pra roça, trabalhar com os servos, antes de eu pensar em deixar você entrar em casa de novo!" Ou ainda (pelo menos!): "Olha, tudo bem, mas vá tomar um bom banho porque esse fedor de porcos tá demais!" 
Foi assim que o Pai fez ? Foi esse tipo de condição que o Pai impôs para acolher o Filho ?
De jeito nenhum!
O filho estava "podre de fedor", não só porque estava trabalhando com porcos e disputando na lama as bolotas que jogavam a esses animais, mas sobretudo pelo seu pecado.
Mas o Pai não quis nem saber: "movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou" (Lucas 15, 20).
Na verdade, o Pai nem respondeu ao que o filho tinha decorado para dizer ("Meu Pai, pequei contra o céu e contra ti [...]"). Foi logo se voltando aos servos e mandando que eles vestissem o filho e preparassem um banquete. Sabe por quê ? Porque ao Pai, a Deus, que é a misericórdia em pessoa, não interessam as justificativas, as explicações. Ele quer seu filho: eu e você, pecadores que se reconhecem pecadores, que não barram a graça do perdão, da misericórdia, do amor, com o maldito orgulho!
Pecadores sim, mas que confiam na misericórdia de Deus porque já experimentaram de verdade este Amor, porque já viram bem fundo naqueles belos olhos de ternura o aconchego do perdão!
Que belos olhos de amor tem Jesus!
Como é triste ver irmãos em Cristo afastarem-se de outros que não participam mais do grupo de oração.
Lembro-me do que disse um padre de uma Nova Comunidade numa pregação: "No quadrante seguinte, nem aparecem mais os nomes daqueles que saíram do grupo, mas estes nomes deveriam estar no topo da primeira folha do quadrante, pois são os que deveriam ser mais lembrados".
Como não combina nem um pouco com o Evangelho achar orgulhosamente que estando no grupo ou na comunidade, garantida está a "santidade", e que aos "de fora" resta a impiedade!
Tenho visto tanta gente trilhando o caminho da santidade sem estar em grupo ou comunidade!
Por exemplo: Uma mãe de família que era bem farristazinha quando solteira e que hoje, casada, com filhos, suporta no Amor os desafios de ter um marido imaturo, que gosta de beber de vez em quando, o qual não partilha de modo justo o fardo do lar! Essa jovem mãe é paciente, não tem ataques histéricos, não vive murmurando, nem colocando o marido "na parede" para ele agir de outro modo. Sabe o que ela faz ? Vive o Evangelho: simplesmente ama! E muita gente não acreditava que ela seria assim quando casou grávida. Mas, como diz a Palavra: "O Espírito sopra onde quer" (João 3, 8), e não somente nos grupos de oração ou comunidades.
Que lição de amor para o orgulhoso!
Uma vez ouvi de um fundador de uma Nova Comunidade, numa pregação para seus membros: "Vocês não deveriam se escandalizar com os pecados que alguns membros da comunidade cometem. Deveriam se escandalizar é com a falta de misericórdia que vocês têm com esses irmãos!"
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parábola_do_Filho_Pródigo
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: 
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Nada de chilique, só amor!

As novas comunidades têm um grande desafio no tempo presente, de cuja solução depende a eficácia da evangelização no mundo hodierno: Permitir que o Espírito purifique o ser aliança/engajado/obra, isto é, o viver a consagração a Deus estando no mundo, trabalhando, vivendo na família natural, em meio aos amigos, na Universidade.
Digo isto porque conheço um pouco a amplitude deste desafio.
Pelo simples fato de terem surgido há menos de 50 anos, sendo, portanto, novíssimas na Igreja (o Franciscanismo tem mais de 800 anos e ainda se permite ser renovado pelo Espírito!), as novas comunidades encontram-se em processo de nascimento, são como que bebês recém-nascidos, que dependem em tudo dos pais. Logo, não podem prescindir do cuidado paterno e materno, sob pena de fazerem muitas "bobagens", pondo em risco sua própria existência.
Este cuidado deve ser acolhido como algo vital, vindo do próprio Deus, recebido por cada fundador, cofundador, conselho geral ou outro órgão deliberativo da comunidade. Há que se deixar de lado o orgulho de achar-se o único receptáculo da voz de Deus para ouvir os casais, os jovens, os estudantes que são membros da comunidade. Não se trata de uma escuta democrática, a qual resultaria no acolhimento da vontade da maioria, não! Sabemos que as coisas de Deus não são discernidas assim, pela maioria! Mas significa ouvir essas realidades contemplando seu mistério, respeitando sua natureza, colhendo delas a beleza que o Criador lhes atribuiu. Numa palavra: permitindo e incentivando que elas sejam aquilo que são: que a família seja família, que o estudante seja estudante, e assim por diante.
É preocupante ver nas novas comunidades uma tendência, muitas vezes vinda da direção das mesmas, a "celibatarizar" ou "clerificar" quase todos os jovens que participam da obra, ou, pior ainda, as famílias que fazem parte da comunidade.
Isto ocorre quando, por exemplo, no ano formativo da comunidade, há bastante tempo dedicado à apresentação das belíssimas vocações ao celibato e ao sacerdócio, mas quase não há nada referente à também belíssima vocação ao matrimônio, a começar por abordar temas como o namoro, a sexualidade, a formação/educação dos filhos.
Parece que, por considerarem a vocação ao matrimônio algo natural, esquecendo que também é sobrenatural, posto ser um chamado de Deus, deixam "para lá", a fim de que aqueles que são chamados ao matrimônio cuidem, por si só, de sua formação inicial.
Que triste e irresponsável omissão!
Certa vez, uma psicóloga amiga minha contou-me, sem citar nomes, é claro, que atendeu moças recém-casadas, consagradas de comunidades de renome, que estavam ainda durante a fase que deveria ser a "lua-de-mel", mas que simplesmente deram um tremendo "chilique" quando se viram diante de seu marido, nu, na noite de núpcias! Praticamente "piraram".
Umas relataram que, no fundo do coração, tinham a sensação de estarem cometendo um grave pecado, ao "terem" que viver o ato conjugal (relação sexual entre os cônjuges), mesmo tendo acabado de receber a bênção de Deus na celebração do matrimônio.
Outras desabafaram aos prantos dizendo que simplesmente "petrificaram-se", que preferiam não viver aquele momento, que rezar era muito melhor, que achavam que estavam traindo Jesus!
Meu Deus! Que absurdo!
Não precisa nem fazer uma defesa da belíssima vocação matrimonial, com tudo o que ela comporta, inclusive com o ato conjugal, abençoado e querido por Deus para a união do casal e para a procriação, para se perceber que houve graves falhas, lacunas na formação dessas moças consagradas!
Pior! Já ouvi fundador de comunidade dizendo que não era necessário falar/pregar/formar sobre o ato conjugal, pois todo homem e mulher sabem o que fazer na lua-de-mel, após a celebração do casamento na Igreja.
É! Parece que, para essas moças atendidas gratuitamente por essa minha amiga psicóloga, algo deveria ter sido falado/pregado/formado!
Aliás, não somente sobre a beleza do ato conjugal se deve falar, mas sobre o matrimônio como um todo, sobre como ele é caminho de santidade.
Basta relembrar que o Servo de Deus o Papa João Paulo II beatificou o casal Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, em 21 de outubro de 2001.
E atenção: Esse casal teve 4 filhos, logo tiveram atos conjugais, sim! Deram-se um ao outro, de corpo e alma, vivendo seu amor recíproco, para a geração dos 4 filhos, tudo muito normal!
Viveram sem alarde!
Ele não precisou deixar a família toda noite para pregar o evangelho aos outros, e ela não precisou deixar os filhos em casa com babás para evangelizar pelas ruas para serem santos! Não! Viveram primeiramente em família, para a família, e assim evangelizaram, deram testemunho a todos que eram por eles acolhidos em seu lar.
Veja o que disse o Papa João Paulo II na homilia da missa de beatificação desse casal:
"Luigi e Maria viveram, à luz do Evangelho e com grande intensidade humana, o amor conjugal e o serviço à vida. Assumiram com responsabilidade total a tarefa de colaborar com Deus na procriação, dedicando-se generosamente aos filhos a fim de os educar, guiar e orientar na descoberta dos seus desígnios de amor. Deste terreno espiritual tão fértil surgiram vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada, que demonstram como o matrimônio e a virgindade, a partir do comum enraizamento no amor esponsal do Senhor, estão intimamente relacionados e se iluminam reciprocamente. Foram cristãos convictos, coerentes e fiéis ao seu próprio batismo; foram pessoas cheias de esperança, que souberam dar o justo significado às realidades terrenas, tendo os olhos e o coração postos sempre na eternidade. Fizeram da sua família uma autêntica igreja doméstica, aberta à vida, à oração, ao testemunho do Evangelho, ao apostolado social, à solidariedade com os pobres, à amizade" (Destacou-se).
Ora, se há formação para os rapazes que desejam ingressar no seminário, por que não se dá, com a mesma e justa intensidade, formação para os jovens que desejam "ingressar" no namoro ? Será que Deus faz distinção ? Será que a vocação ao sacerdócio é "superior" à do matrimônio ?
Primeiro: A Igreja, pelo Servo de Deus João Paulo II, não teria beatificado esse casal se o matrimônio não tivesse grande valor para Deus!
Segundo: O que é a Bíblia mesmo ? Se pudéssemos resumi-la numa breve explicação, poderíamos dizer: Do início ao fim, é Deus que desposa a humanidade, que quer que o homem e a mulher vivam nele para sempre!
Desposar, esposo, esposa! Não são palavras da mesma família, com a mesma raiz ?
Qual a "historinha" que inicia a Bíblia ? A história de um casal, do primeiro casal, Adão e Eva (Livro do Gênesis).
Como a Bíblia termina ? Com as núpcias do Cordeiro: Deus se valeu da imagem das núpcias, do matrimônio, para mostrar que na Eternidade viveremos unidos a ele (guardadas as devidas proporções) como um casal deve viver aqui na Terra (Livro do Apocalipse).
Ah, e no meio desse "livro", a Bíblia Sagrada, Deus colocou o Cântico dos Cânticos: mais uma imagem matrimonial que Deus quis usar para mostrar como ele nos ama. Vamos a este belo texto sagrado:
" - Tu és bela, minha querida, tu és formosa! Por detrás do teu véu os teus olhos são como pombas, teus cabelos são como um rebanho de cabras descendo impetuosas pela montanha de Galaad, teus dentes são como um rebanho de ovelhas tosquiadas que sobem do banho; cada uma leva dois (cordeirinhos) gêmeos, e nenhuma há estéril entre elas.Teus lábios são como um fio de púrpura, e graciosa é tua boca. Tua face é como um pedaço de romã debaixo do teu véu; teu pescoço é semelhante à torre de Davi, construída para depósito de armas. Aí estão pendentes mil escudos, todos os escudos dos valentes. Os teus dois seios são como dois filhotes gêmeos de uma gazela pastando entre os lírios. Antes que sopre a brisa do dia, e se estendam as sombras, irei ao monte da mirra, e à colina do incenso. És toda bela, ó minha amiga, e não há mancha em ti. Vem comigo do Líbano, ó esposa, vem comigo do Líbano! Olha dos cumes do Amaná, do cimo de Sanir e do Hermon, das cavernas dos leões, dos esconderijos das panteras. Tu me fazes delirar, minha irmã, minha esposa, tu me fazes delirar com um só dos teus olhares, com um só colar do teu pescoço. Como são deliciosas as tuas carícias, minha irmã, minha esposa! Mais deliciosos que o vinho são teus amores, e o odor dos teus perfumes excede o de todos os aromas! Teus lábios, ó esposa, destilam o mel; há mel e leite sob a tua língua. O perfume de tuas vestes é como o perfume do Líbano. És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa, uma nascente fechada, uma fonte selada. Teus rebentos são como um bosque de romãs com frutos deliciosos; com ligústica e nardo, nardo e açafrão, canela e cinamomo, com todas as árvores de incenso, mirra e aloés, com os balsámos mais preciosos. És a fonte de meu jardim, uma fonte de água viva, um riacho que corre do Líbano. - Levanta-te, vento do norte, vem tu, vento do sul. Sopra no meu jardim para que se espalhem os meus perfumes. Entre meu amado no seu jardim, prove-lhe os frutos deliciosos." (Ct 4, 1-16, páginas 829 e 830 na Bíblia da Ave-Maria).
Portanto, no começo, no meio e no final da Bíblia Sagrada, o que se encontra ? O matrimônio, obviamente utilizado por Deus para nos mostrar como ele nos ama, e é óbvio que Deus não usaria algo que não tivesse grande valor para mostrar aquilo que tem valor infinito!
Assim, por amor a Deus, fundadores, cofundadores, conselhos gerais, autoridades e órgãos de decisão e discernimento das novas comunidades, proclamem a beleza do matrimônio, formando os jovens para o namoro, falando de sexualidade, pregando sobre o casamento, sem ter medo, receio tolo, respondendo perguntas, tirando dúvidas mesmo!
E deixem que as famílias vivam primeiramente em família, ganhem tempo com os filhos! Como disse João Paulo II, "dedicando-se generosamente aos filhos", para, aí sim, darem testemunho de família cristã e acolherem os necessitados de amor, de misericórdia, como fizeram os beatos Luigi e Maria, um casal santo!
Desta forma, nada de chilique, só amor, só santidade por meio do matrimônio!

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://www.sxc.hu/photo/1121900.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

O mundo precisa de Pai

Nunca foi tão necessária a presença do pai na família como hoje em dia.
Cheguei a esta conclusão após ver rapazes, meninos totalmente dependentes, sem autonomia, carentes, fracos de personalidade, incapazes de tomar decisões, de assumir responsabilidades, como, por exemplo, de abraçar a vocação ao matrimônio, de acolher e educar filhos, enfim, de serem aquilo para o qual Deus os criou: homens.
É bastante clássica aquela incompleta formação familiar: mãe, avó, duas tias e um menino. Pobre menino sem pai! A família está cheia de gente, mas incompleta, pois falta alguém essencial.
É óbvio que, em caso de morte do pai, não se pode exigir nada.
Todavia, refiro-me à tão comum situação de ausência voluntária do pai.
São realidades em que o homem separa-se da família, por exemplo. Sim, nunca um homem consegue separar-se somente da mulher. Quando a deixa, deixa também os filhos e os outros familiares. Mesmo tentando ser presente, indo buscar no colégio, saindo para almoçar, convivendo no fim-de-semana, não é a mesma coisa. É bem diferente de dormir sob o mesmo teto, de acordar juntos, de estar sempre por perto.
Rompem-se vínculos nunca restauráveis enquanto perdurar a separação. É inevitável.
Há também os casos de "presença ausente". São as situações em que o pai mora com a família, está ali todo dia, mas não participa, não interfere no processo formativo-educativo familiar. Prefere ocupar-se de atividades que não requerem tanto esforço, paciência, que necessitam de um desinstalar-se de si mesmo, de sair do seu comodismo, da sua preguiça.
Falo do pai que deixa tudo a cargo da mãe, das tias, dos outros. Não conversa com os filhos, não "se mete" em nada. Faz as compras, paga as contas, e só!
Não sabe o que os filhos fazem ou deixam de fazer, não para diante deles. Aliás, nem olha direito para eles e para a mulher.
Na maioria dos casos, passa a vida no "templo" do bar, cultuando o deus "alcoolismo", vivendo na "comunidade dos ociosos, dos irresponsáveis", daqueles que só sabem fugir. Diante de qualquer problema ou contrariedade, foge, foge, foge das responsabilidades.
É fraco, nada decide, passa o tempo sendo levado pelos instintos, "joguete das ondas" (cf. Ef 4, 14).
O que isto gera nos filhos ?
Não sou psicólogo (na minha família, quem é psicóloga é minha irmã Isabelle), mas nessas "andanças", antes de conhecer Jesus, vi muita menina que se jogou no sexo desenfreado, bem nova mesmo, para suprir a carência do pai. Procurou em outros homens a figura paterna. Algumas até me confidenciavam isto: "Fui pra farra depois que meu pai se separou da gente!"
No menino, a ausência paterna gera, desculpe a forte expressão: um inútil!
Sim, quantos meninos viram rapazes, homens incapazes de assumir grandes responsabilidades!
Então esse rapaz casa, e a mulher fica "louca", queixando-se para todo mundo: "Ah, meu Deus, se não for eu dentro daquela casa! O fulano não faz nada, tudo sou eu que tenho que tomar a iniciativa, que tenho que resolver as coisas, que tenho que empurrá-lo sempre. Até para chamar um garçom num restaurante, sou eu. Quando a gente vai fechar um negócio, se eu não perguntar nada para o vendedor, se eu não pechinchar (pedir desconto), a gente compra caro, mas ele não tem coragem de abrir a boca! Que homem passivo!"
É verdade! É a triste verdade!
A ausência do pai e a super-presença da mãe geraram esse pobre inútil. Ele foi acostumado a ver a mãe, que é mulher, resolvendo tudo, tomando a iniciativa, e onde estava o homem (pai) para resolver ? Não estava!
Não tem jeito ? Claro que tem jeito, sim!
Primeiramente, esse homem deve buscar o auto-conhecimento, e admitir quem ele é. Não adianta disfarçar, como, por exemplo, um homem que eu conheço que diz não ter participado do processo formativo-educativo dos filhos porque viajava muito a trabalho. Sim, mas quando retornava, mesmo que fosse só por um dia na semana, ficava com os filhos, educava-os, amava-os ? Não, ia para o bar! Passava o tempo livre embriagado. Será que foi ausente da vida familiar pelas viagens mesmo ?
A questão não é a quantidade, é a qualidade.
Tenho uma prima que casou com um oficial da Marinha que passava meses no mar. Quando ele voltava para casa, era todo das duas filhas e da mulher. Hoje as filhas desse casal são pessoas muito equilibradas, casadas, com filhos, profissionais, responsáveis, não foram sexualmente promíscuas, não têm vícios. Por quê ? O pai foi efetivamente presente, mesmo tendo o desafio das viagens a serviço. Viveu com qualidade os períodos em que estava com a família.
Em segundo lugar: o que fazer quando se percebe assim ? Basta se perceber e pronto ?
Eu pergunto: alguém consegue mudar-se sozinho ? Quantos bons propósitos eu e você fizemos na vida que não deram em nada ? Sabe por quê ? Para algo tão grande, tão forte, tão enraizado como essa "cultura da inutilidade", só algo maior, mais forte para vencê-la.
E quem é maior que o homem ? Deus, só Deus!
Portanto, contando com a graça de Deus, que sempre está disponível, pois Deus é sempre amor (cf. I Jo 4, 8), esse homem pode deixar transformar-se, passando a ser um homem de verdade, aquilo para o qual Deus o criou, deixando de ser ausente da vida dos seus, passando a ser um homem de Deus: "Se alguém não cuida dos seus, e sobretudo dos da própria casa, renegou a fé e é pior do que um incrédulo (I Tm 5, 8).
E no que a mulher pode ajudar nesse processo ?
Minha irmã, deixe que ele faça, que ele tome a iniciativa, que ele aja como homem, mesmo que, no início, seja um fiasco, um "desastre"!
Certa vez, uma mulher, chorando, me disse que seu marido não trocava nem o botijão de gás da cozinha. Era ela quem fazia.
Eu disse para ela: "Minha irmã, da próxima vez que o gás acabar, você não vai trocá-lo", ao que ela retrucou: "Mas, Álvaro, nós vamos ficar sem almoço!"
Eu, então, lhe disse: "Não tem problema! Você aproveita e perde aqueles 2 quilinhos que você quer perder!" (Toda mulher acha que precisa perder esses 2 benditos quilinhos, meu Deus!).
Ela sorriu e foi para casa.
Algum tempo depois, quando eu estava dando uma formação, vi aquela mulher lá atrás, sentada.
No final, ela me procurou e disse: "Álvaro, o fulano, está mudando! Eu não só deixei de trocar o gás, mas de colocar combustível no carro, de escolher a roupa que ele veste, de chamar o garçom no restaurante... No início, ele estranhou, perguntou se eu não ia fazer isso ou aquilo, eu disse que não, e ele começou a tomar a iniciativa. Hoje já faz um bocado de coisa sem esperar por mim! Parece que um peso saiu das minhas costas!"
Viu, minha irmã, que o seu excessivo voluntarismo faz mal não somente ao seu marido, porque o impede de viver o plano de Deus para ele, mas porque também é um peso que você não é chamada a carregar ? Não é sua missão! Não que você vá ser uma pessoa passiva, não! Você é chamada a participar de tudo, não a assumir tudo sozinha! É bem diferente!
Por fim, tenho visto casais sendo transformados, e Deus ordenando, colocando cada coisa em seu devido lugar, cada um na sua bela e insubstituível missão, complementando-se, sendo verdadeiramente cônjuges ("con" + "jugo"): dividindo o mesmo jugo, que se torna, assim, com a graça de Deus, suave para ambos!
Sabe como isto tem acontecido ? Nas maravilhosas experiências dos encontros com Jesus Cristo pela efusão do Espírito Santo, os chamados Seminários de Vida no Espírito Santo para Casais.
Se você sente no coração que é hora de ter a sua vida e a de seu cônjuge transformada pelo Amor de Deus, procure, na sua cidade, uma comunidade da Renovação Carismática Católica e faça esse encontro transformador para as famílias.
O Amor de Deus esteja com você!
Álvaro Amorim.
Imagem: http://www.sxc.hu/photo/915224.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
 Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Como ser santo hoje ?

Como é bom acolher a Palavra de Deus que vem por meio daqueles que viveram o amor ao Senhor e ao próximo de forma plena, perfeita, por isto foram e são considerados Amigos de Deus, já usufruindo, na eternidade, de sua presença: Santos!
Eis o que diz São Josemaria Escrivá, santo destes tempos, canonizado pelo Beato Papa João Paulo II:

"Deus não te arranca do teu ambiente, não te retira do mundo, nem do teu estado de vida, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, te quer santo! (Forja, 362)

Convencei-vos de que a vocação profissional é parte essencial, inseparável, da nossa condição de cristãos. O Senhor vos quer santos no lugar em que vos encontrais, no ofício que escolhestes, seja qual for o motivo: todos me parecem bons e nobres - enquanto não se opuserem à lei divina - e capazes de ser elevados ao plano sobrenatural, isto é, enxertados nessa corrente de Amor que define a vida de um filho de Deus.
Temos que evitar o erro de pensar que o apostolado se reduz ao simples testemunho de umas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos, mas ao mesmo tempo, e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com umas obrigações claras que temos de cumprir de um modo exemplar, se nos queremos santificar de verdade. É Jesus Cristo quem nos incita: Vós sois a luz do mundo (Mt 5, 14). (Amigos de Deus, 60-61)". (Grifou-se).
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom. 
 
Imagem: http://www.opusdei.org.br/. Nas citações desta obra ou de parte dela, 
inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Quem não cuida da própria família renega a fé!

Antigo e sempre atual dilema: cuido das coisas de Deus ou da minha família ?
Quem já não se deparou com esta pergunta ?
Inicialmente, não vejo como a própria família não seja uma "coisa de Deus". Aliás, é uma essencial "coisa de Deus" para quem vive o estado de vida do matrimônio, pois o casamento é uma vocação, um chamado de Deus.
Portanto, não há oposição entre "as coisas de Deus" e o cuidado da família. Na verdade, este cuidado faz parte daquelas "coisas", do chamado de Deus para cada um de nós leigos que abraçamos a vocação ao matrimônio.
É triste, muito triste, ouvir pessoas que dizem frases do tipo: "Olha, deixe um pouco sua família e dedique-se mais à evangelização", ou: "Você precisa estar mais na obra, mais presente aqui, mesmo que isto lhe custe tempo com a família".
Sou bem sincero, meu irmão, minha irmã: Não consigo imaginar Deus, que é amor (cf. I Jo 4, 8), que une um homem e uma mulher no Amor, chamando-os à bela vocação do matrimônio, que cria filhos com a colaboração desse homem e dessa mulher e que, de repente, diz: "Não, você não deve ter muito tempo com os seus, com sua família!"
Seria uma tremenda incoerência!
Deus não é assim. Seus dons e o chamado que ele nos faz, inclusive ao matrimônio, são irrevogáveis (cf. Rm 11, 29).
Também não vejo que possa haver maior evangelização do que amar a própria família, dedicando tempo a ela.
O povo dos grandes eventos, onde casais evangelizam, não acreditará num pai de família que não convive com seus filhos, que não os ama passando tempo com eles e a esposa, mesmo que esse pai fale bem bonito do amor de Deus! O testemunho arrasta ou escandaliza!
Se você ainda tem dúvidas do que escrevi, deixo que o próprio São Paulo, um celibatário (alguém que não casou, que não constituiu família de sangue), fale, inspirado pelo Espírito Santo, ao seu coração:
"Se alguém não cuida dos seus, e sobretudo dos da própria casa, renegou a fé e é pior do que um incrédulo" (I Tm 5, 8).
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Imagem: Eu e a Clara, no meu primeiro Dia dos Pais
(numa maravilhosa troca de fraldas!). 
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: 
Autor: Álvaro Amorim, em anunciodaverdade.blogspot.com

A urgente necessidade de formação das famílias e da realidade do trabalho

As Novas Comunidades, "nova primavera para a Igreja", segundo disse o Beato Papa João Paulo II, surgiram como uma resposta de Deus ao clamor da Igreja por um novo Pentecostes, súplica feita pelo Beato Papa João XXIII no século passado.
De lá para cá, houve uma verdadeira revolução renovadora nos fieis, com acertos e erros, é claro.
Hoje, faz-se necessária uma nova revolução, um revolver-se para dentro, um voltar-se para as realidades que formam a sociedade: a família e o trabalho.
Com certeza, por terem surgido tão logo após o Concílio Vaticano II, as Novas Comunidades apresentaram, em seus primórdios, tendências clericais, isto é, uma tentativa de formarem-se seguindo o modelo da hierarquia da Igreja. A própria nomenclatura adotada revelava isto.
Vou ser mais claro: Não era difícil (e ainda hoje se vê!) o uso de palavras próprias às realidades do clero ou da vida religiosa, como: "profissão dos votos", "regras", "noviciado".
Para aquelas Novas Comunidades que foram reconhecidas pela Santa Sé, a Igreja pediu que fosse adotada nova nomenclatura, para que não fosse mantida essa "clericalização", pois, como se sabe, as palavras devem revelar a essência das realidades.
Assim, algumas Novas Comunidades deixaram aquele processo de "clericalização" para viverem a bela vocação laical, haja vista serem formadas, em sua imensa maioria, por leigos. Veja-se o que afirmou o Beato Papa João Paulo II na Carta às Famílias:
"Casar-se permanece a vocação ordinária [comum, normal, habitual] do homem, que é abraçada pela maior porção do Povo de Deus." (Carta às Famílias, 18).
Portanto, acolhendo essa direção da Santa Sé, é vital que as Novas Comunidades, segundo o carisma de cada uma, formem, no Espírito, as realidades que identificam essa imensa maioria de seus membros: a família e o trabalho.
Infelizmente, a maior parte das Novas Comunidades tem, em sua estrutura, no máximo, projetos para essas dimensões da vocação laical. Não há uma densa formação intracomunitária voltada para essas realidades, inobstante, como já fora dito, as Novas Comunidades serem formadas, como a sociedade, sobretudo por leigos.
Aliás, a maioria deve ser de leigos mesmo. Isto porque, desde o princípio, a vocação que o próprio Deus quis como "maioria" é a de leigos, que formam família de sangue, que trabalham no mundo: 
"Deus os abençoou [a Adão e Eva] e lhes disse: 'Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a'." (Gn 1, 28);
"Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, une-se à sua mulher, e eles se tornam uma só carne." (Gn 2, 24);
"Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo [...] Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus." (Mt 5, 13-16).
Obviamente, não se critica a vontade que as Novas Comunidades têm de ofertar sacerdotes para a Igreja e celibatários para o Reino dos Céus. De modo algum! Todavia, é triste ver como as realidades da família e do trabalho são pouco tratadas na formação intracomunitária de várias Novas Comunidades. É, no mínimo, uma desproporção, um desequilíbrio em relação ao número de famílias, de leigos, de profissionais, de trabalhadores que as compõem.
Muito belo é acolher o que o Papa Bento XVI escreveu em sua primeira encíclica:
"O dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fieis leigos, os quais, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública." (Deus Caritas Est, 29).
E como os fieis leigos vão desempenhar bem sua vocação na sociedade, vão "trabalhar por uma ordem justa na sociedade", se a dimensão do trabalho, inerente à sua vocação, não é formada ?
Por fim, na Carta às Famílias, afirmou o inesquecível Beato Papa João Paulo II:
"Seguindo a Cristo que 'veio' ao mundo 'para servir' (Mt 20, 28), a Igreja considera o serviço à família uma das suas obrigações essenciais." (Carta às Famílias, 2).
Que as Novas Comunidades, surgidas no seio da Santa Mãe Igreja, desejosas de viverem em plena unidade com a Santa Sé, prestem também este fundamental serviço às famílias, dedicando densa formação àquelas que são "Igrejas domésticas"!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Imagem: Eu e a Sabryna em nossa lua-de-mel em Guaramiranga.
Nas citações desta obra ou de parte dela,
necessariamente deve ser incluído:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Ser santo na família

Não sei se você ainda tem aquela mentalidade super-errada de achar que a santidade (ou seja, a plena felicidade em Deus, aqui e também, um dia, por toda a eternidade) é só para pessoas que têm o chamado ao sacerdócio ou à vida religiosa (freis, monges, irmãos de ordem), ou ainda para outras pessoas que não constituíram família de sangue.
Se este é o seu caso, é bom saber que a Igreja diz o contrário. Na verdade, afirma o oposto ao canonizar e beatificar pais e mães, casais e jovens, mostrando que é bastante possível, com a graça de Deus e nosso "sim", sermos santos trocando fraldas, cozinhando o almoço, passando a noite acordados ao lado do berço, indo buscar na escola, tendo paciência com os erros, sendo pais firmes, formando os filhos em Deus, orando por eles, participando da Eucaristia em família, trabalhando com dedicação para sermos canais da Providência para os nossos filhos, enfim, sendo família, família de Deus.
Aliás, a nenhuma outra instituição ou realidade, a Igreja "emprestou" o seu próprio nome, a não ser para a família, a qual a Santa Mãe Igreja chama, nada mais, nada menos, de "Igreja doméstica"!
Perceba-se, assim, você que é casado(a), totalmente em Deus quando você passa muito tempo na sua família, com seus filhos e cônjuge, tempo de amor, de convivência com qualidade e intensidade. Assim, você acolhe seu chamado à santidade.
E para aqueles que disserem o contrário, lembre-lhes os pais e mães, casais e jovens que a Igreja canonizou ou beatificou, isto é, declarou santos, virtuosos, bem-aventurados: Santa Gianna Beretta Molla (mãe-de-família, médica); os Beatos Luís e Zélia, pais de Santa Teresinha (beatificados não por terem sido os pais de Santa Teresinha, mas, como disse o Cardeal José Saraiva Martins, na missa de beatificação dos dois, "eles são duas testemunhas do amor conjugal"); o Beato Pier Giorgio Frassati, que faleceu bem jovem, sobre o qual disse o Servo de Deus o Papa João Paulo II: "Ele foi ativo e operoso no ambiente em que viveu, na família e na escola, na universidade e na sociedade".
Seja família de Deus, Igreja doméstica! Seja santo(a)!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Share/Bookmark Creative Commons License
Imagem: Eu e a Sabryna, com a Clara, após esta ter mamado bastante!

A Clara nasceu!

Queridos e queridas! Aleluia!
Nossa filha Clara Pinheiro Amorim nasceu nesta segunda-feira, dia 6 de junho de 2011, às 20:37h, com 51cm e 3,555kg. Ela é linda, bela!
Para mim e para a Sabryna, mais uma promessa de Deus cumpriu-se, porque Deus é fiel!

Louvamos ao Senhor Jesus pelo dom da vida da Clara, por ela ser saudável, linda, fofa, toda nossa, toda de Deus!
Durante o parto, ao qual assisti, fiz como fizeram minha mãe, Elanir Amorim, comigo, e meu avô Claudino Amorim com a mamãe: eu consagrei a Clara ao Sagrado Coração de Jesus, pela intercessão de Maria Santíssima.
Louvamos a Deus também pela oração e torcida de vocês!
Foi uma verdadeira epifania (manifestação de Deus) nas nossas vidas!
Por isto, digo com toda a certeza do meu coração: Vale a pena viver o matrimônio em Deus, vivendo cada desafio, cada renúncia, cada alegria, cada vitória, esperando no Senhor, sempre! Vale a pena abrir-se à Vida, sem medo de gerar filhos. Eis aqui a prova de que "Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam" (Rm 8, 28).
Deus, que nos faz plenamente felizes, faça-os felizes também!
Shalom! Álvaro, Sabryna e Clara Amorim.
Share/Bookmark Creative Commons License
Imagem: Eu, a Sabryna e a Clara no Centro Cirúrgico.

Como viver bem o matrimônio (parte III)

Este post é o terceiro e último de uma série de três que contém pregações minhas sobre o matrimônio.
Para você que não ouviu a primeira e a segunda parte,
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Share/Bookmark Creative Commons License
Imagem: Meu beijo na Clara, pelo ventre da minha esposa.

Como viver bem o matrimônio (parte II)

Este post é o segundo de uma série de três que contém pregações minhas sobre o matrimônio.
Se você não ouviu a primeira parte,
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Share/Bookmark Creative Commons License
Imagem: Da esquerda para a direita: casal Breno e Daniela Sindeaux,
celibatário Cassiano Azevedo e casal Sabryna e Álvaro Amorim.

Como viver bem o matrimônio (parte I)

Este post é o primeiro de uma série de três que contém pregações minhas sobre o matrimônio.
Quem é casado(a) sabe o quão belo e desafiante é viver, a cada dia, o matrimônio.
Que Jesus Cristo, o ressuscitado que passou pela cruz, salve o seu matrimônio, meu querido irmão, minha querida irmã!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
  Share/Bookmark Creative Commons License
Imagem: A mais bela foto da celebração do meu matrimônio com a Sabryna.

Nova missão!

Meu querido irmão, minha querida irmã,
É uma grande alegria escrever para você novamente, agora num tempo todo especial da minha vida!
Deus me fez pai, uma graça imensurável, transformadora, vivificante! Vivendo esta graça, acolhi o chamado do Senhor para continuar a escrever artigos de formação cristã.
Contudo, Deus, que me fala muito através do meu viver diário, quer que eu escreva sobre a família e o trabalho, realidades mediante as quais o Espírito Santo nos santifica a cada dia, pois são vivências tão belas que podem e devem tornar-se maravilhosas oportunidades de encontro com Jesus diariamente.
Serão artigos com poucos parágrafos, mas, com a graça de Deus, intensos, verdadeiros, que falam da vida, que tocam os belos mistérios da família e do trabalho.
Conto com suas orações e com a intercessão de São Josemaria Escrivá para levar adiante esta nova missão, para, junto com você, vivê-la!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Imagem: Eu e a Sabryna depois de um dia de trabalho.

A violência verbal no relacionamento


Os desafios num relacionamento são comuns, fazem parte do relacionar-se mesmo, enriquecem o casal.
Todavia, é importante perceber que determinados comportamentos devem ser trabalhados, com vistas a preservar a própria relação, sob pena de comprometerem algo tão sério e fundamental: a estima do outro.
Alguns desses comportamentos que desrespeitam o outro e ferem o relacionamento são:

Codependência afetiva: uma ameaça à amizade do casal


Um dos fenômenos que mais afligem os relacionamentos é a codependência afetiva. Muitas pessoas são afetivamente codependentes e desconhecem isto. Vivem seus relacionamentos em meio a brigas, sentimentos de culpa, chantagens sentimentais, mas não conseguem enxergar a raiz desse problema, a fim de buscar uma solução.


Hoje veremos um pouco as características da codependência afetiva, sobretudo no âmbito do relacionamento afetivo homem-mulher, seja no namoro, noivado ou matrimônio, mas com ênfase maior a este último.


É próprio do relacionamento afetivo entre um homem e uma mulher o fato de ambos se quererem, desejarem-se, terem a vontade de estar próximos, mas, quando se vive uma codependência afetiva, esta vontade passa a construir para o outro e para si uma verdadeira prisão, da qual não se quer nem se deixa escapar. Esta é uma das principais consequências da codependência afetiva, a qual é na verdade uma desordem compulsiva que deforma o relacionamento, fazendo dele um "lugar" de controle e dominação. Ao invés do casal crescer na amizade, tão necessária a um relacionamento maduro e equilibrado, ambos definham pela concupiscência do poder, que escraviza, que anula o outro. Dentro da relação, há força e fraqueza, agressividade e dependência.


Todavia, não podemos dizer que, em uma relação onde há codependência afetiva, uma pessoa seja exclusivamente "o fraco" (dependente) e o outro, "o forte" (agressivo), mas há sem dúvida aquela pessoa que tende mais a dominar e aquela que tende mais a se deixar dominar.


Vários são os motivos da codependência afetiva, como predisposições genéticas, fatores familiares e realidades espirituais. Todos eles geram carências e inseguranças, campo fértil para a codependência afetiva.


Eis dez características das personalidades dependente ("a fraca") e agressiva ("a forte") na codependência afetiva:


A personalidade dependente




  • Não assume as responsabilidades próprias do relacionamento (seja no namoro, no noivado ou no matrimônio), esperando sempre do outro a resolução de quaisquer problemas, a tomada de iniciativas e decisões.

  • Apresenta uma enorme necessidade de aprovação e afeição por parte dos outros, o que faz o dependente buscar sempre agradá-los, não discordar de seus pontos-de-vista, sobretudo se estes são postos de maneira forte pela parte agressiva da relação.

  • Não consegue enfrentar crises sem requerer extremo cuidado por parte da pessoa de personalidade agressiva ("o forte"), atribuindo ao outro a culpa e a responsabilidade pela solução da crise.

  • Requer sempre da outra pessoa elogios, "aplausos", concordância, porque não consegue "andar" sem essas "bengalas".

  • Pauta o vestir, o falar, o comportar-se pela opinião do outro. Às vezes requer a opinião da outra parte inclusive em temas banais, como a escolha de roupas para usar em determinadas ocasiões.

  • Muda de humor se a outra parte também alterou seu humor. Pensa logo que a outra pessoa tem algo contrário a si, que não gostou de algo que ele(ela) fez ou disse. Não admite que a outra pessoa possa estar num dia ruim, cansativo.

  • Tem dificuldades para dizer não a pedidos da parte agressiva, para jamais contrariá-lo(a), mesmo que isto interfira na sua vida profissional, espiritual.

  • Permite que seu valor seja dado pelo que a outra pessoa pensa. Não consegue ver seu valor por si mesmo(a).

  • Sufoca afetivamente a outra pessoa com uma presença constante em sua vida, acompanhando todos os seus passos, vivendo em função dele(a).

  • Quando percebe que a outra pessoa, de alguma maneira, quer "respirar", inicia uma verdadeira "campanha" de chantagens sentimentais para que o(a) outro(a) jamais se afaste, para que ele(a) continue dando-lhe excessivo cuidado e extrema atenção.


A personalidade agressiva

  • Centraliza-se em si mesmo(a), possuindo uma vontade própria exacerbada, não cedendo em nada na relação.

  • Assume todas as responsabilidades do relacionamento (seja no namoro, no noivado ou no matrimônio), resolvendo quaisquer problemas, tomando iniciativas e decisões.

  • Dificilmente, na relação, a vontade da outra parte prevalece, pois sua vontade (a da pessoa agressiva), mesmo quando não é imposta, é sutilmente apresentada como a melhor, sempre!

  • Não respeita os próprios limites, praticamente nunca dizendo não a pedidos dos outros, pois considera-se "o(a) forte", mesmo que chegue a se esgotar física, psíquica e espiritualmente.

  • Dita o vestir e o comportar-se do outro, sempre convencendo-o(a) de que assim é melhor para ele(a).

  • Como se coloca numa posição de ser responsável por tudo e por todos, sente-se extremamente culpado(a) por qualquer problema que ocorra, mesmo sabendo que não foi sua ação que causou isso.

  • É extremamente desconfiado(a) em relação aos outros, porque não admite erros, e acha que os outros erram demais, mas ele(a) nunca erra!

  • Quando chega ao ápice do estresse, "explode", permite-se distribuir farpas para todos, porque se acha sempre "o(a) correto(a) e justo(a)".

  • Quando começa, por algum motivo, a querer "respirar" na relação, sente-se culpado(a) por achar que está abandonando a pessoa dependente ("a fraca"), o que, mais uma vez, escraviza-o(a) no relacionamento.

  • Reclama sempre que a outra pessoa não tem iniciativa em nada, mas nunca deixa o menor espaço sequer para que o outro faça alguma coisa. Sempre toma a frente, nunca sabe esperar, nunca confia no potencial do(a) outro(a). Aliás, justifica o estar sempre à frente por causa da "fraqueza" do(a) outro(a).


Obviamente, podemos perceber algumas características diferentes, de acordo com cada casal, mas, em geral, as acima listadas aparecem, em sua grande maioria, naqueles que vivem uma codependência afetiva.

Outro aspecto importante: De início, o relacionamento entre uma pessoa dependente e uma agressiva parece constituir o "par perfeito", pois um tem o que o outro "precisa", mas, com o tempo, surgem sentimentos de raiva e frustração, o que pode arruinar a relação, se a codependência não for tratada psíquica e espiritualmente. Quando se começa a perceber tais sentimentos, é sinal também que se quer libertar-se, ótima oportunidade para tornar a relação verdadeiramente sadia.

Como os codependentes afetivos encontram-se numa "prisão" psíquica e espiritual, necessitam buscar ajuda, de preferência através da Logoterapia*, e de acompanhamentos espirituais por sacerdotes que compreendam o tema ou por leigos de Novas Comunidades acostumados a acompanhar estes casos.

Por fim, quem vive no matrimônio a realidade da codependência afetiva pode encontrar nesta situação uma ótima oportunidade para amar o outro e buscar, juntos, a libertação, que só Cristo opera, sem desistir da pessoa a quem prometeu amar na saúde e na doença. Pode também fazer da I Cor 13, 4-8a seu texto de cabeceira, meditando sobre aquilo em que consiste o único e verdadeiro amor.

Shalom!

Álvaro Amorim.

Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

*"única teoria psicológica compatível com a doutrina católica" (cf. As Bênçãos Papais para Viktor Frankl, in Cultura e Fé. Porto Alegre. Ano 30, n. 117, abr/jun 2007, pp. 49-56)


Imagem: http://www.sxc.hu/photo/1202718