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A perversão socialista (por Roger Scruton)


Partilho com você conteúdo do livro "Como ser um conservador", do inglês Roger Scruton, publicado pela Editora Record, que trata, entre outros temas, sobre a mentira socialista:

"A verdadeira perversão é uma falácia peculiar que vê a vida em sociedade como aquela em que todo sucesso de um é o resultado do fracasso de outrem. Segundo essa falácia, todos os ganhos são pagos pelos perdedores. A sociedade é um jogo de soma zero em que existe um equilíbrio entre os custos e os benefícios, e a razão da vitória do vencedor é a derrota dos perdedores.

Tal falácia do "jogo de soma zero" se tornou uma afirmação clássica na teoria da mais-valia de Marx, que pretendia mostrar que o lucro do capitalista é resultado do confisco da força de trabalho do proletário [...]

O que quer que pensemos acerca da economia de livre mercado, ao menos ela nos convenceu de que nem todas as transações são jogos de soma zero. Acordos consensuais beneficiam ambas as partes: Por que outra razão decidiriam firmá-los ? E isso é tão verdadeiro em relação ao contrato salarial como o é em qualquer contrato de venda. [...]

Para certo tipo de temperamento, a derrota nunca é uma derrota para a realidade, mas sempre uma derrota para outra pessoa, muitas vezes agindo em consonância como membro de uma classe, tribo, conspiração ou clã. [...]

Parece-me que essa falácia do jogo de soma zero está na base da crença generalizada de que igualdade e justiça são ideias equivalentes - crença que parece ser a posição padrão dos socialistas e programada como tal nos cursos universitários de Filosofia Política. Poucas pessoas acreditam que se Jack tem mais dinheiro do que Jill isto é por si só um sinal de injustiça. Mas, se Jack pertence a uma classe social com dinheiro e Jill a outra que não o tem, então a forma de pensar do jogo de soma zero entra imediatamente em ação para persuadir as pessoas de que a classe social de Jack se tornou rica à custa daquela a que Jill pertence. Esse é o ímpeto por trás da teoria marxista da mais-valia. [...]

Para certo tipo de mentalidade igualitária, não importa que Jack tenha trabalhado para construir a sua riqueza e que Jill apenas descansava em uma ociosidade voluntária; não importa que Jack tenha talento e energia, ao passo que Jill não tenha nem um nem outro; não importa que Jack mereça o que tem, enquanto Jill nada mereça: a única questão importante é a classe e as desigualdades "sociais" que dela se originam. Conceitos como direito e mérito estão fora de cogitação e a igualdade, sozinha, define o objetivo.

A consequência foi o surgimento na política moderna de uma ideia completamente nova de justiça - que tem pouco ou nada a ver com direito, mérito, recompensa ou retribuição, e que está efetivamente desvinculada das ações e das responsabilidades dos indivíduos. [...]

Se uma pessoa rica fica mais rica cada vez que o pobre fica mais pobre, isso não quer dizer que as perdas do pobre são transferidas como lucros para o rico. [...]

No entanto, como uma tentativa de modificar a natureza humana e nos recrutar na busca do milênio, [o socialismo] foi uma fantasia perigosa, uma tentativa de realizar o Céu na Terra que inevitavelmente levaria ao Inferno. Hoje podemos ver isso claramente, visto que o mundo ocidental emerge da Guerra Fria e do pesadelo comunista."

Para você, leitor(a), tomar conhecimento do pesadelo comunista, assista ao vídeo inserido neste post.

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
Vídeo: Youtube.com.br.
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Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

“Para ti, estudar é uma obrigação grave”

Bem atuais e verdadeiras estas palavras de São Josemaria Escrivá:
"Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de apostolado... mas não estudas. - Não serves, então, se não mudas. O estudo, a formação profissional, seja qual for, é obrigação grave entre nós. (Caminho, 334).
Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração. (Caminho, 335).
Se tens de servir a Deus com a tua inteligência, para ti estudar é uma obrigação grave. (Caminho, 336).
Frequentas os Sacramentos, fazes oração, és casto... e não estudas... - Não me digas que és bom; és apenas bonzinho. (Caminho, 337)".

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
Imagem: http://opusdei.org.br/pt-br/
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Servir o Senhor e os homens

Hoje publico belíssimo texto de São Josemaria Escrivá, que tocou profundamente em meu coração.
Aliás, escrevendo agora esta introdução ao texto, recordo-me de como tem sido a missão do Santo Padre o Papa Francisco: tudo a ver com o que você vai ler agora:

“Servir o Senhor e os homens”
"Qualquer atividade - seja ou não humanamente muito importante - tem de converter-se para ti num meio de servir o Senhor e os homens: aí está a verdadeira dimensão da sua importância. (Forja, 684)
Não me afasto da mais rigorosa verdade se digo que Jesus continua ainda hoje a buscar pousada no nosso coração. Temos que lhe pedir perdão pela nossa cegueira pessoal, pela nossa ingratidão. Temos que lhe pedir a graça de nunca mais lhe fecharmos a porta de nossas almas.

O Senhor não nos oculta que a obediência rendida à Vontade de Deus exige renúncia e entrega, porque o amor não reclama direitos; quer servir. Ele percorreu primeiro o caminho. Jesus: como foi que obedeceste? Usque ad mortem, mortem autem crucis, até à morte, e morte de Cruz. Temos que sair de nós mesmos, complicar a vida,perdê-la por amor de Deus e das almas... Tu querias viver, e que nada te acontecesse; mas Deus quis outra coisa... Existem duas vontades: a tua vontade deve ser corrigida para se identificar com a Vontade de Deus, e não a de Deus torcida para se acomodar à tua.

Tenho visto, com alegria, muitas almas jogarem a vida - como Tu, Senhor, usque ad mortem! - para cumprir o que a vontade de Deus lhes pedia, dedicando seus esforços e seu trabalho profissional ao serviço da Igreja, pelo bem de todos os homens.

Aprendamos a obedecer, aprendamos a servir. Não há maior fidalguia do que entregar-se voluntariamente a servir os outros. Quando sentimos o orgulho que referve dentro de nós, a soberba que nos leva a pensar que somos super-homens, é o momento de dizer não, de dizer que o nosso único triunfo há de ser o da humildade. Assim nos identificaremos com Cristo na Cruz, sem nos sentirmos aborrecidos ou inquietos, nem com mau humor, mas alegres, porque essa alegria, o esquecimento de nós mesmos, é a melhor prova de amor. (É Cristo que passa, 19)".
(Fonte: www.opusdei.org.br).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
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Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

"Doutor Advogado" e "Doutor Médico": até quando ?

Sempre quis escrever sobre este tema, por isso reproduzo este excelente artigo, postado no site do SindJustiça Ceará, da jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, vencedora de mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem e autora do romance "Uma Dua".

Nota: Sou bacharel em Direito e advogado inscrito na OAB, e sempre concordei com o que está escrito a seguir. 

"Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Poucas expressões humanas são tão avessas a imposições por decreto como a língua. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no segundo seguinte. E talvez mais vezes ainda pretendêssemos usar determinado sujeito, verbo, substantivo ou adjetivo e usamos outro bem diferente, que revela muito mais de nossas intenções e sentimentos do que desejaríamos. Afinal, a psicanálise foi construída com os tijolos de nossos atos falhos. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado.

Travo minha pequena batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente. Se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao longo da História, alterando-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga persistente que fala muito sobre o Brasil. Como toda palavra, algumas mais do que outras, “doutor” desvela muito do que somos – e é preciso estranhá-lo para conseguirmos escutar o que diz.

Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”.

Em minhas aspirações, o sentido da palavra perderia sua força não por proibição, o que seria nada além de um ato tão inútil como arbitrário, na qual às vezes resvalam alguns legisladores, mas porque o Brasil mudou. A língua, obviamente, só muda quando muda a complexa realidade que ela expressa. Só muda quando mudamos nós.

Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tratarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma diferença vivida na concretude do cotidiano que deveria ter nos envergonhado desde sempre.

Lembro-me de, em 1999, entrevistar Adail José da Silva, um carregador de malas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para a coluna semanal de reportagem que eu mantinha aos sábados no jornal Zero Hora, intitulada “A Vida Que Ninguém Vê”. Um trecho de nosso diálogo foi este: 

- E como os fregueses o chamam?

- Os doutor me chamam assim, ó: “Ô, negão!” Eu acho até que é carinhoso.

- O senhor chama eles de doutor?

- Pra mim todo mundo é doutor. Pisou no aeroporto é doutor. É ó, doutor, como vai, doutor, é pra já, doutor....

- É esse o segredo do serviço?

- Tem que ter humildade. Não adianta ser arrogante. Porque, se eu fosse um cara importante, não ia tá carregando a mala dos outros, né? Sou pé de chinelo. Então, tenho que me botar no meu lugar.

A forma como Adail via o mundo e o seu lugar no mundo – a partir da forma como os outros viam tanto ele quanto seu lugar no mundo – contam-nos séculos de História do Brasil. Penso, porém, que temos avançado nas últimas décadas – e especialmente nessa última. O “doutor” usado pelo porteiro para tratar o condômino, pela empregada doméstica para tratar o patrão, pelo engraxate para tratar o cliente, pelo negro para tratar o branco não desapareceu – mas pelo menos está arrefecendo.

Se alguém, especialmente nas grandes cidades, chamar hoje o outro de “doutor”, é legítimo desconfiar de que o interlocutor está brincando ou ironizando, porque parte das pessoas já tem noção da camada de ridículo que a forma de tratamento adquiriu ao longo dos anos. Essa mudança, é importante assinalar, reflete também a mudança de um país no qual o presidente mais popular da história recente é chamado pelo nome/apelido. Essa contribuição – mais sutil, mais subjetiva, mais simbólica – que se dá explicitamente pelo nome, contida na eleição de Lula, ainda merece um olhar mais atento, independentemente das críticas que se possa fazer ao ex-presidente e seu legado.

Se o “doutor” genérico, usado para tratar os mais ricos, está perdendo seu prazo de validade, o “doutor” que anuncia médicos e advogados parece se manter tão vigoroso e atual quanto sempre. Por quê? Com tantas mudanças na sociedade brasileira, refletidas também no cinema e na literatura, não era de se esperar um declínio também deste doutor?

Ao pesquisar o uso do “doutor” para escrever esta coluna, deparei-me com artigos de advogados defendendo que, pelo menos com relação à sua própria categoria, o uso do “doutor” seguia legítimo e referendado na lei e na tradição. O principal argumento apresentado para defender essa tese estaria num alvará régio no qual D. Maria, de Portugal, mais conhecida como “a louca”, teria outorgado o título de “doutor” aos advogados. Mais tarde, em 1827, o título de “doutor” teria sido assegurado aos bacharéis de Direito por um decreto de Dom Pedro I, ao criar os primeiros cursos de Ciências Jurídicas e Sociais no Brasil. Como o decreto imperial jamais teria sido revogado, ser “doutor” seria parte do “direito” dos advogados. E o título teria sido “naturalmente” estendido para os médicos em décadas posteriores.

Há, porém, controvérsias. Em consulta à própria fonte, o artigo 9 do decreto de D. Pedro I diz o seguinte: “Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bacharéis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e só os que o obtiverem, poderão ser escolhidos para Lentes”. Tomei a liberdade de atualizar a ortografia, mas o texto original pode ser conferido aqui. “Lente” seria o equivalente hoje à livre-docente.

Mesmo que Dom Pedro I tivesse concedido a bacharéis de Direito o título de “doutor”, o que me causa espanto é o mesmo que, para alguns membros do Direito, garantiria a legitimidade do título: como é que um decreto do Império sobreviveria não só à própria queda do próprio, mas também a tudo o que veio depois?

O fato é que o título de “doutor”, com ou sem decreto imperial, permanece em vigor na vida do país. Existe não por decreto, mas enraizado na vida vivida, o que torna tudo mais sério. A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante, também mudou pouco. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana.

É no dia a dia das delegacias de polícia, dos corredores do Fórum, dos pequenos julgamentos que o “doutor” se impõe com todo o seu poder sobre o cidadão “comum”. Como repórter, assisti à humilhação e ao desamparo tanto das vítimas quanto dos suspeitos mais pobres à mercê desses doutores, no qual o título era uma expressão importante da desigualdade no acesso à lei. No início, ficava estarrecida com o tratamento usado por delegados, advogados, promotores e juízes, falando de si e entre si como “doutor fulano” e “doutor beltrano”. Será que não percebem o quanto se tornam patéticos ao fazer isso?, pensava. Aos poucos, percebi a minha ingenuidade. O “doutor”, nesses espaços, tinha uma função fundamental: a de garantir o reconhecimento entre os pares e assegurar a submissão daqueles que precisavam da Justiça e rapidamente compreendiam que a Justiça ali era encarnada e, mais do que isso, era pessoal, no amplo sentido do termo.

No caso dos médicos, a atualidade e a persistência do título de “doutor” precisam ser compreendidas no contexto de uma sociedade patologizada, na qual as pessoas se definem em grande parte por seu diagnóstico ou por suas patologias. Hoje, são os médicos que dizem o que cada um de nós é: depressivo, hiperativo, bipolar, obeso, anoréxico, bulímico, cardíaco, impotente, etc. Do mesmo modo, numa época histórica em que juventude e potência se tornaram valores – e é o corpo que expressa ambas – faz todo sentido que o poder médico seja enorme. É o médico, como manipulador das drogas legais e das intervenções cirúrgicas, que supostamente pode ampliar tanto potência quanto juventude. E, de novo supostamente, deter o controle sobre a longevidade e a morte. A ponto de alguns profissionais terem começado a defender que a velhice é uma “doença” que poderá ser eliminada com o avanço tecnológico.

O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas causas e particularidades na história das mentalidades e dos costumes. Em comum, o doutor médico e o doutor advogado, juiz, promotor, delegado têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como representantes de um poder que pertence à instituição e não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título.

Se olharmos a partir das relações de mercado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de submissão. Em ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do médico, como abordei na coluna anterior, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção.

Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de “doutor” permaneça atual e vigoroso quanto o que ele representa também como viés de classe. Apesar dos avanços e da própria Constituição, tanto o acesso à Justiça quanto o acesso à Saúde permanecem, na prática, como privilégios dos mais ricos. As fragilidades do SUS, de um lado, e o número insuficiente de defensores públicos de outro são expressões dessa desigualdade. Quando o direito de acesso tanto a um quanto a outro não é assegurado, a situação de desamparo se estabelece, assim como a subordinação do cidadão àquele que pode garantir – ou retirar – tanto um quanto outro no cotidiano. Sem contar que a cidadania ainda é um conceito mais teórico do que concreto na vida brasileira.

Infelizmente, a maioria dos “doutores” médicos e dos “doutores” advogados, juízes, promotores, delegados etc estimulam e até exigem o título no dia a dia. E talvez o exemplo público mais contundente seja o do juiz de Niterói (RJ) que, em 2004, entrou na Justiça para exigir que os empregados do condomínio onde vivia o chamassem de “doutor”. Como consta nos autos, diante da sua exigência, o zelador retrucava: “Fala sério....” Não conheço em profundidade os fatos que motivaram as desavenças no condomínio – mas é muito significativo que, como solução, o juiz tenha buscado a Justiça para exigir um tratamento que começava a lhe faltar no território da vida cotidiana.

É importante reconhecer que há uma pequena parcela de médicos e advogados, juízes, promotores, delegados etc que tem se esforçado para eliminar essa distorção. Estes tratam de avisar logo que devem ser chamados pelo nome. Ou por senhor ou senhora, caso o interlocutor prefira a formalidade – ou o contexto a exija. Sabem que essa mudança tem grande força simbólica na luta por um país mais igualitário e pela ampliação da cidadania e dos direitos. A estes, meu respeito.

Resta ainda o “doutor” como título acadêmico, conquistado por aqueles que fizeram doutorado nas mais diversas áreas. No Brasil, em geral isso significa, entre o mestrado e o doutorado, cerca de seis anos de estudo além da graduação. Para se doutorar, é preciso escrever uma tese e defendê-la diante de uma banca. Neste caso, o título é – ou deveria ser – resultado de muito estudo e da produção de conhecimento em sua área de atuação. É também requisito para uma carreira acadêmica bem sucedida – e, em muitas universidades, uma exigência para se candidatar ao cargo de professor.

Em geral, o título só é citado nas comunicações por escrito no âmbito acadêmico e nos órgãos de financiamento de pesquisas, no currículo e na publicação de artigos em revistas científicas e/ou especializadas. Em geral, nenhum destes doutores é assim chamado na vida cotidiana, seja na sala de aula ou na padaria. E, pelo menos os que eu conheço, caso o fossem, oscilariam entre o completo constrangimento e um riso descontrolado. Não são estes, com certeza, os doutores que alimentam também na expressão simbólica a abissal desigualdade da sociedade brasileira.

Estou bem longe de esgotar o assunto aqui nesta coluna. Faço apenas uma provocação para que, pelo menos, comecemos a estranhar o que parece soar tão natural, eterno e imutável – mas é resultado do processo histórico e de nossa atuação nele. Estranhar é o verbo que precede o gesto de mudança. Infelizmente, suspeito de que “doutor fulano” e “doutor beltrano” terão ainda uma longa vida entre nós. Quando partirem desta para o nunca mais, será demasiado tarde. Porque já é demasiado tarde – sempre foi."

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://www.freeimages.com/photo/875413.
Fonte do artigo: SindJustiça Ceará

Como passei no Concurso do TJ estudando após o edital (2ª parte)


Como eu disse na primeira parte deste artigo, eu precisava “operar” para Deus “cooperar”.
Sim, isto é muito importante: “A fé sem obras é morta” (Tiago 2, 26). Não adiantaria nada eu ter muita fé e ficar inerte, parado, sem estudar. A pedagogia de Deus é muito clara: ele age a partir da nossa ação. Ele quer assim. Deus detesta a preguiça. Por isto, no estudo para o Tribunal de Justiça do Ceará, pautei-me por uma sábia frase de Santo Inácio de Loyola, santo jesuíta como o nosso Papa Francisco: “Temos que fazer tudo como se tudo dependesse de nós, sabendo que tudo depende de Deus”.
Por isto, é essencial ter um método de estudo, um caminho para chegar de modo seguro ao objetivo.
Sei que todos temos características distintas, maneiras diferentes de aprender, mas gostaria de desmitificar algumas “tolices” (tirar o mito) que vi em fóruns de bate-papo sobre concursos ou mesmo em opiniões de alguns “cientistas” dos estudos.
Digo isso muito tranquilamente, pois o meu método serviu muito bem para mim. Não posso me esquecer de que, com a graça de Deus, fui aprovado dentro das 72 vagas, tendo estudado somente após o edital (81 dias de estudo), num concurso cujo número de inscritos foi de 27.005. Portanto, o método que Deus me inspirou foi bastante eficaz, o qual exponho agora, mediante a indicação de 7 coisas que fiz e 7 coisas que não se deve fazer, segundo o que penso:
O QUE FIZ
O QUE NÃO SE DEVE FAZER
Estudar doutrina: É um mito, uma mentira dizer que não se deve estudar doutrina. Fui educado lendo livros, fazendo resumos e explicando para mim mesmo o que estudei. Isto foi essencial para Direito Administrativo, pavor de muita gente em concurso. O livro do Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo foi fundamental para a minha aprovação. Mas não só: Nas outras matérias específicas, a doutrina me deu a “lógica” para acertar questões difíceis.
Assistir às aulas de Informática, do João Antônio (EVP): Para mim, foi perda de tempo. Ele “enrola” muito: dos 30 minutos de aula, passa os últimos 5 pedindo para todo mundo apoiar o “site” dele, não é objetivo e ainda explicou errado uma questão sobre vírus (keyloggers), induzindo-me ao erro. Muito melhor é só resolver questões, não adianta estudar de outra forma, pois não dá para adivinhar o que vai ser cobrado em Informática.
Resolver questões: Realmente, além da doutrina, a resolução de questões é vital! Isto deixa o candidato familiarizado até com a linguagem das questões da prova. Mas, no meu caso, sempre procurava ler a doutrina sobre os temas que mais errava na resolução de questões, para entender mesmo.
Estudar quando se está com sono: Não adianta forçar o corpo, ele tem um limite físico, natural. Quando tinha sono, dormia mesmo. Não forçava. Repelia a ideia de que estava perdendo tempo e, quando acordava, rendia muito mais. Por isso, à noite, estudava das 18h30 às 23h30. Não estudava de madrugada, jamais! Contudo, nos fins-de-semana e feriados, estudava cerca de 12 horas por dia.
Estudar nos fins-de-semana e feriados: Como tive 81 dias de estudo para o concurso, não pude reservar um dia sequer de folga, pois precisava cumprir pelo menos 80% do programa para passar, o que realmente fiz. Dos 20% que não estudei, caiu muito pouco na prova, como Processo de Execução (só 1 questão em Processual Civil).   
Aulas em cursinho: Aqui é muito pessoal. Penso que se perde muito fazendo cursinho: No mínimo 1 hora de deslocamento (ida e volta), além das “piadinhas” tolas de muitos professores, dos comentários sobre o jogo do domingo etc. Respeito quem goste, mas, para mim, é mito! Tendo um bom material de estudo e sendo disciplinado, rende-se muito mais em casa, trancado no quarto de estudo.
Estudar de acordo com o peso das matérias: Nas duas últimas semanas, só estudei as matérias de peso 3 e abandonei as de peso 1. Foi a melhor coisa que eu fiz! Assim, fechei Constitucional e Processual Penal, metade dos pontos das matérias de peso 3.
Pensar muito na concorrência: Isto foi decisivo para mim! Concorrência é mito! Além de ter tido muita fé em Deus, que prometera a minha vaga e cumpriu mesmo, procurei repelir o pensamento no número de inscritos (27.005). Quando vinha a tentação, falava para mim mesmo: “Seremos eu, Deus e a prova, ninguém mais!”
Conversar com a família e explicar a necessidade da ausência durante a preparação para o concurso: Fundamental! Eu, minha esposa e minha filha (na época com 2 anos) conversamos e decidimos juntos que eu me ausentaria da convivência familiar temporariamente em vistas de um bem maior. Isto evitou discussões e incompreensões. Ao contrário, tive todo o apoio das duas, que hoje louvam a Deus comigo pela minha aprovação. É claro que a “Pequenininha” às vezes não compreendia muito, mas minha esposa sempre contornava a situação.
Estudar por resumos: Outro mito! Mais uma vez: respeito opiniões diversas, mas sinceramente, se vou ler doutrina, prefiro uma doutrina boa de verdade, com qualidade, densa, profunda! Acho perda de tempo ler resumos. É preferível escolher um capítulo importante de uma matéria peso 3 e estudá-lo. Fiz assim com “Princípios da Administração Pública” e acertei todas as questões sobre esta matéria na prova.
Estudar a todo tempo: Até no banheiro, lia as leis no celular. Não se pode perder tempo quando se estuda só depois do edital.
Estudar em grupo: Para mim, não dá mesmo! Respeito quem pensa diferente, mas vejo que o estudo deve ser individual e que, diante de dúvidas, o candidato tem todos os meios, sobretudo a Internet, para compreender a matéria.
Estudar no dia da prova: Outro mito que derrubei com a minha experiência pessoal. Como minha prova foi à tarde, estudei a manhã inteira, até a hora do almoço. Acertei 2 questões na prova com este estudo. Existem “cientistas” dos estudos que não recomendam, pois o candidato pode ficar tenso, nervoso! Olha, se a pessoa está tensa, não é por causa do estudo, é por outro fator, o qual deve ser identificado e posto sob a luz de Deus, que dissipa todas as trevas. Pode ser por baixa autoestima, por achar que não tem condições pessoais para passar. O que isto tem a ver com o estudo ? Nada! Neste caso, é orar, ver-se como filho de Deus e entregar esse medo ao Coração de Jesus, lugar da misericórdia, e estudar mesmo! Deus quer que tenhamos coragem, que enfrentemos nossos medos!
Ler livros de autoajuda: Muita gente tem ganhado muito dinheiro com isto! Para mim, esses livros são mitos! O autoconhecimento é muito melhor! A partir de uma experiência verdadeira com Deus, o candidato deve se observar, procurando identificar suas características fortes e as fracas para o estudo. Com coragem, deve perguntar a Deus: “Senhor, como posso melhorar neste aspecto ?” Tenha certeza de que Deus falará à sua consciência, e você corrigirá a tempo alguma fraqueza, transformando-a em força para o concurso. Procedi assim com Direito Processual Penal, que odiava. Deus retirou do meu coração a rejeição à matéria, mostrando-me que há uma certa “lógica” no tema: Acertei todas as questões de Processual Penal da prova.
  
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
P.S.: No dia 9 de janeiro de 2015, uma sexta-feira, dia sempre votivo ao Sagrado Coração de Jesus, portanto 10 meses e 21 dias após o início do meu estudo para este concurso (19/2/2014), tomei posse e comecei a exercer o cargo.

Imagem: http://www.freeimages.com/photo/1275249.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Como passei no Concurso do TJ estudando após o edital (1ª parte)

"Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio" (Rm 8, 28).
Cada vez mais constato que esta palavra tem sido o lema da minha vida.
Assim foi também no Concurso do Tribunal de Justiça.
Na verdade, posso tranquilamente afirmar que a cooperação de Deus neste caso foi algo bastante extraordinário, o que eu tenho chamado de “milagre”.
Isto porque havia aproximadamente 7 (sete) anos que eu não estudava para concurso. Estava parado mesmo, só trabalhando e me dedicando à família, realidade de muitos que agora leem este artigo. Mas nunca deixei morrer o desejo de ingressar no serviço público, minha vocação profissional. Só não dava passos nesta direção, isto é, não “operava”, para Deus “cooperar”.
Até que veio um “empurrãozinho” divino.
Era o dia 17 de fevereiro deste ano de 2014, uma segunda-feira. Navegando em um “site” de um jornal, vi a notícia de que o Tribunal de Justiça do Ceará lançara o edital para a realização de concurso público para cargos de servidor. Imediatamente, senti um impulso na minha alma, no meu coração, e disse a mim mesmo: Vou fazer este concurso, agora é a minha vez. Eu vou passar!
Nesse dia 17 e no dia 18, li o edital, delimitei as matérias, organizei o material e elaborei o meu horário de estudo (noutro post, falarei mais sobre meu método de estudo), e no dia 19 de fevereiro de 2014, uma quarta-feira, iniciei a minha preparação para o Concurso do Tribunal de Justiça. Deste dia até a data da prova (11 de maio de 2014), foram precisamente 81 dias.
Como, a meu ver, o normal era que eu não passasse (pouquíssimo tempo de estudo, 7 anos sem estudar para concurso, a concorrência com certeza seria grande etc.), decidi não viver esse momento apenas naturalmente, mas sobrenaturalmente.
Fiz alguns valorosos amigos evangélicos e ateus no meu último trabalho, pessoas de boa vontade, que amam a Deus amando o próximo, por isto respeito sua opinião acerca do que vou falar agora, mas eu mesmo sou testemunha disto: Supliquei, em vistas da realidade da minha família naquele momento, que Nossa Senhora de Fátima intercedesse junto ao Coração de Jesus para que eu passasse, e atribuo minha aprovação a uma intervenção divina, a pedido de Nossa Senhora.
Orava também pedindo que caísse na prova o que eu tinha estudado e que, diante de questões cuja matéria não estudei, eu conseguisse, pela lógica, acertar.
Tudo isso foi necessário e decisivo, haja vista a concorrência para o meu cargo: 27.005 candidatos para 80 vagas (sendo 8 vagas para pessoas com deficiência). Isto mesmo: 337,56 candidatos por vaga! E não se pode esquecer: apenas 81 dias de estudo!
Percebi muitos sinais de que Deus tinha guardado a minha vaga no decorrer desse tempo.
Ao estudar, não tinha praticamente dúvidas, assimilava tudo, parecia que eu vinha estudando há muito tempo, inclusive matérias que só estudei na faculdade (há bastante tempo atrás), como Direito Processual Penal.
Outra coisa: em nenhum momento eu admitia a possibilidade de não passar, nem falava nisso. A fé tomou todo o meu coração.
Deus também se valeu de algumas pessoas nessa empreitada, sobretudo da família.
Era “visível” a presença dele em cada momento.
Até nos momentos mais desafiantes, mais dolorosos, o Senhor estava comigo. Lembro-me de como eu sofria quando, trancado no quarto de estudo, à noite, minha filha de 2 anos “escrevia” (fazia aqueles belos risquinhos) num pedaço de papel e colocava por debaixo da porta, dizendo: “Um cartão pra você, papai!” Aquilo dilacerava minha alma: não poder brincar com minha filha, não conviver com ela por várias noites e fins-de-semana e vê-la, dessa maneira, pedir a minha presença! Só o Coração de Jesus, com a intercessão da Mãe Santíssima, me fazia suportar esse desafio imenso!
E foi precisamente este “serzinho” puro, inocente, cheio do amor de Deus que o Senhor utilizou para consolidar a minha fé na reta final dos estudos e assim partir para a vitória! Isto ocorreu durante a oração semanal da minha família (eu, minha esposa e minha filha), na semana da prova.
Em determinado momento da oração, minha esposa pediu que nossa filha lhe entregasse a Bíblia. Quando minha filha pegou a Palavra de Deus, abriu-se na passagem que diz: “Quando saíres para guerrear contra teus inimigos, se vires cavalos e um povo mais numeroso do que tu, não fiques com medo, pois contigo está o Senhor teu Deus, que te fez subir da terra do Egito” (Dt 20, 1).
Não deu para aguentar: Chorei como um menino! Era a confirmação de que o Senhor estava sim comigo, para que eu enfrentasse um “povo mais numeroso” (27.004 candidatos), com muitos cavalos (maior e melhor preparação).
Oramos muito naquela noite, e parti para a prova como um guerreiro ungido pelo Senhor!
No dia da prova, um domingo da vitória de Cristo sobre a morte, entreguei ao Senhor, pelas mãos de minha mãe Nossa Senhora de Fátima, a resolução de cada questão. E lá na prova, sentado, antes de o fiscal autorizar o início, conversava com Deus, sem saber que o maior presente ainda me seria dado pelo Senhor: Quando o fiscal autorizou, e eu abri a prova, fui logo ver o tema da prova discursiva (redação), que valia 40 dos 220 pontos da prova, decisiva para a aprovação de qualquer candidato.
Lembra-se do lema da minha vida ?
"Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio" (Rm 8, 28). E o Senhor mais uma vez cooperou para o meu bem!
O tema da redação foi “tipos de licitação”, meu trabalho todo santo dia! Nem estudei esse tema, pois sei essa matéria por trabalhar com ela diariamente. Contive o choro e disse: Foi você, Nossa Senhora, que pediu ao Coração de Jesus! Obrigado, Mãezinha!
Quando saiu o resultado, me tranquei no quarto de estudo e coloquei, numa tabela que tinha feito antes, as notas de todos os candidatos, para calcular as médias e classificar da maior para a menor. Feito isto, lá estava meu nome dentro das vagas! Meu Deus, 27.005 candidatos para somente 80 vagas! Que milagre, Senhor! Corri para debaixo do quadro do Coração de Jesus, que está há várias gerações na minha família, e chorei muito! Minha esposa e minha filha, ao ouvirem meu choro, juntaram-se a mim num louvor, num agradecimento a Deus que brotou do mais profundo do nosso coração! Naquela noite, fomos dormir 1h da madrugada.
É, meu irmão, minha irmã, viver com Deus é a melhor coisa da vida! Tudo ganha sentido!
Mais uma vez, agradeço a você, Nossa Senhora de Fátima, e a você, Sagrado Coração de Jesus, por amor tão grande a mim e à minha família! E afirmo, porque sou testemunha viva:
"Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio" (Rm 8, 28).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
P.S.: No dia 9 de janeiro de 2015, uma sexta-feira, dia sempre votivo ao Sagrado Coração de Jesus, portanto 10 meses e 21 dias após o início do meu estudo para este concurso (19/2/2014), tomei posse e comecei a exercer o cargo.

Imagem: http://www.tjce.jus.br/principal/default.asp
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Papa Francisco fala sobre temas polêmicos

Você quer saber o que pensa o Papa Francisco sobre temas polêmicos ?
Clique aqui e assista à entrevista que ele concedeu ao repórter Gerson Camarotti, da Globo News.
Deus abençoe você! Álvaro Amorim.
Imagem: http://www.blogdoconsa.com/2013/04/a-gargalhada-do-papa.html. 
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Papa Francisco: uma resposta do Espírito Santo

Uma fantástica surpresa!
Com este sentimento no coração, vi, junto com minha esposa e nossa filha Clara (de 1 ano e 9 meses de idade), o anúncio da eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio como Papa de nossa amada Igreja, como Bispo de Roma, como ele insistiu em afirmar em seu primeiro pronunciamento, antes da bênção urbi et orbi, à Cidade (de Roma) e ao mundo.
Contudo, decidi esperar estes 15 dias após sua eleição para redigir este artigo, a fim de ter mais subsídios para tentar ler os sinais que vêm a nós por meio desta dádiva do Espírito Santo.
Primeiramente, o nome escolhido pelo novo Papa aponta para a missão que ele intuiu ser o desígnio de Deus para seu ministério. Francisco: o apaixonado por Jesus, por isto amante dos irmãos, da criação, todo doado a Deus, todo pobre para amar os pobres, e assim reconstrutor da Igreja, que ruía em meio a escândalos e riquezas no seu tempo.
Porém, vejo mais: Percebo uma guinada na condução da Igreja para a vivência do amor ao próximo como condição essencial e única para o amor a Deus. Aliás, já escrevi sobre isto, que não é assunto novo, está na Palavra de Deus:
"Se alguém disser: 'Amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar" (I Jo, 4, 20).
Quando penso nisto, dá vontade de cantar aquele verso da canção do Martín Valverde: "Tenho esperado este momento..."
Ah, Jesus, como esperei este momento, e ele chegou, e o teu Espírito ouviu minhas súplicas e a de muitos!
Meu querido irmão, minha querida irmã, como falei a membros de Novas Comunidades que estava tudo errado, que se vivia uma espiritualidade "esquizofrênica", apartada da realidade, não só da realidade do meio em que Deus nos colocou, mas também da realidade da Palavra de Deus, como citei.
Como via claramente o desamor aos irmãos, dentro da própria célula comunitária, dentro das estruturas de governo, e ainda se tinha a presunção de dizer: "Somos uma família!"
Ficava claro que jamais se poderia ouvir dos outros a seguinte expressão que se dizia acerca dos primeiros cristãos, segundo conta Tertuliano (Apolog. 39): "Vede como eles se amam!"
Seria mais fácil ouvir: "Vede como eles se odeiam!"
Infelizmente, não somente as feridas pessoais contribuíam para essa triste realidade. O erro vinha de dentro, da direção, do governo, da formação "esquizofrênica" como já disse, isto é, totalmente apartada da realidade.
Se não, vejamos.
Uma formação que retira uma pessoa casada todas as noites da semana de seu lar, em vistas da "evangelização", implicando em ausência, desse pai ou dessa mãe, da sua família, do convívio com os filhos após o dia de trabalho, não pode ser uma formação saudável, verdadeira, autêntica, à luz da vontade de Deus para a família; apartada, pois, do que Deus deseja para a família.
Os pais, caro irmão, cara irmã, devem evangelizar primeiramente seus filhos, permanecendo com eles, amando-os, convivendo muito mesmo! E como se pode amar o filho sem conviver com ele ? O que passa na cabecinha de uma criança que não vê seu pai ou sua mãe quase todas as noites da semana ?
E não me venha com aquele tipo de disparate, totalmente mentiroso: "Deus cuida. Eu faço a minha parte, Deus faz a dele. Eu estou escolhendo a melhor parte, meus filhos beberão um dia dessa 'graça'!"
Pelo Amor de Deus! Este tipo de frase só me leva a dizer: É de sentar e chorar!
Eu ouvi da boca de uma cofundadora de Comunidade (ninguém me disse não, eu ouvi, e está gravado num DVD), durante uma formação dada por ela: 
"Por favor, não façam o que eu fiz! Não abandonem os filhos de vocês em nome da evangelização! Eu tenho hoje um filho ateu por causa disto, porque até em dia de aniversário dele, eu me ausentava para pregar. Por amor, não façam isto!"
Vejamos o que disse o hoje Papa emérito Bento XVI, no 5º Encontro Mundial das Famílias, em 17 de maio de 2005:
"Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos, dom precioso do Criador, começando pelo ensino das primeiras orações. Assim se vai construindo um universo moral enraizado na vontade de Deus, no qual o filho cresce nos valores humanos e cristãos que dão pleno sentido à vida. Ao tornarem-se pais, os esposos recebem de Deus o dom de uma nova responsabilidade. Seu amor paterno está chamado a ser para os filhos o sinal visível do mesmo amor de Deus, do qual procede toda paternidade no céu e na terra".
É hora de amar o próximo, como dizem São João, na sua primeira Carta, e o Papa Francisco. E saiba, meu irmão, minha irmã: O próximo mais próximo é o seu filho, a sua filha, não é aquela pessoa por quem você orará naquele imenso evento de evangelização.
É tempo de as Novas Comunidades reverem seriamente sua formação "esquizofrênica" e formarem seus membros para se amarem, para viverem como os primeiros cristãos. E não me venham dizer que isto é vivido através da partilha da comunhão de bens, do dízimo. Por favor! Falo de amor mesmo! Falo de gente que perdoa, que sabe que cada pessoa é única, que não tem medo de gente!
É "esquizofrênico" também apartar as pessoas do trabalho, da profissionalização, do estudo, do aperfeiçoamento profissional.
Os jovens devem ser direcionados pelas autoridades das Novas Comunidades para o estudo, para a profissionalização. Nestes ambientes, eles serão maravilhosos evangelizadores, primeiramente com seu testemunho de gente que estuda, que não falta, que se aperfeiçoa profissionalmente. Em seguida, poderão partilhar sua experiência com Deus, seu Encontro.
De novo: Já escrevi sobre isto, e vejo que o Papa Francisco é bem "pé no chão", o que o faz manter sempre o "coração ao Alto"!
Ao se despedir daqueles que o saudaram na Praça de São Pedro e dos milhões que o viam pelos meios de comunicação, ele disse: "Boa noite e bom repouso!"
Que belo ver o Papa nos mandando repousar depois de um dia de trabalho, de fadiga. Parecia um pai para seus filhos: "Vocês já estudaram, trabalharam, cumpriram com suas obrigações, agora é hora de dormir. Durmam bem! Bom repouso!"
Tão humano, por isto tão Santo Padre!
É, meu irmão, minha irmã, vem mais formação verdadeira do Santo Padre para nós.
Sabe o que ele disse na homilia da Missa do Crisma, hoje, nesta Quinta-feira Santa ?
"Não é nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor, nem mesmo nos cursos de autoajuda. O poder da graça cresce na medida em que, com fé, saímos (...) para dar a pouca unção que temos àqueles que nada têm".
E o Papa estava pregando na Missa do Crisma, em que se celebra o dom do sacerdócio, especificamente para os padres. Ora, se o padre não encontra o Senhor "nas reiteradas introspecções", isto é, nos constantes fechamentos em si mesmo, por exemplo, em horas de recolhimento, de retiro, mas o encontra quando sai de si para o seu rebanho, quando, como disse o Papa Francisco, "sente o cheiro das ovelhas", muito mais um pai-de-família não encontrará o Senhor isolando-se de sua família, mas indo ao seu encontro, sentindo o cheiro dos filhos, beijando-os, convivendo muito com eles, que são o rebanho confiado pelo próprio Senhor ao pai e à mãe.
Que Papa, hein !?
Por fim, às estruturas de governo das Novas Comunidades.
Vi sala de fundador, na "casa do governo", que é uma riqueza só! Suntuosa, majestosa, com tapetes enormes, um mapa do mundo imenso na frente de uma grande mesa oval, de madeira maciça, com uma cadeira estilo presidente super-confortável, bem alta, para o fundador, tudo projetado, caríssimo, parecido com a riqueza da Casa Branca!
E o Papa Francisco, quando foi visitar o apartamento papal, que havia sido fechado após a renúncia de Bento XVI, espantou-se com o tamanho do lugar e afirmou: "Mas aqui cabem 300 pessoas!"
Vi "prefeito" da "casa do governo" de Nova Comunidade tomando suco na hora do almoço, servido exclusivamente para si, e de graça, enquanto os empregados tinham a única opção básica: água, ou comprassem refrigerante com o seu parco salário!
Vi "autoridade" pedindo a devolução da "comunhão de bens", o dízimo, dizendo, em pregação, que a Comunidade não tinha dinheiro para manter suas obras sociais, seu trabalho com os drogaditos. Porém, para o filho desse membro do governo comunitário não faltavam as aulas de natação e para sua filha, as de balé!
Então nessas horas, quando descobertos, vinham com aquela frase maldita: "Não somos chamados à pobreza franciscana!"
Realmente, a pobreza de Francisco, o Santo de Assis, aquela que o Papa de mesmo nome quer para sua Igreja, anda a léguas dessa "casa de governo"!
Se eu fosse relatar aqui o que vi, mas vi mesmo!, 10 artigos não seriam suficientes.
Tenho certeza, meu irmão, minha irmã, de que sua fé não foi abalada com este relato, se sua fé é verdadeira, se você não vê Deus como um superprotetor e a Comunidade como uma redoma, dentro da qual você está protegido(a), mas se você vê Deus apaixonado por você, que não muda um "milímetro" o seu amor, mesmo quando você comete aquele pecado horrível!
Se você crê neste amor sem hesitar e se vê que sua Comunidade, como a nossa amada Igreja, pode mudar (e o Espírito escolheu o Papa Francisco para isto), então este artigo o(a) fortalecerá ainda mais, levando-o(a) a "acordar" para a sua missão de pai ou de mãe, de profissional, de leigo, que é chamado a viver neste mundo e não fugindo dele, "protegendo-se" na Comunidade!
Termino mostrando como o nosso Papa Francisco é simples e assim deseja que a Igreja seja.
A foto que usei na abertura deste artigo mostra o Papa sentado bem atrás na capela, em meio aos jardineiros do Vaticano, após uma missa celebrada por ele.
O Papa está em oração, no meio dos mais simples empregados do Vaticano, em um lugar sem destaque, sem pompa, sem "cadeira-presidente".
Recordou-me o ensinamento de Jesus quando seus discípulos discutiam por poder, tendo dois deles usado até a própria mãe para pedir "cargos" de "autoridade":
"Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo" (Mt 20, 25-27).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: https://twitter.com/gnntridente.
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Vá trabalhar, rapaz!

No post anterior, escrevi sobre a beleza do matrimônio e como as novas comunidades devem formar os jovens para esta magnífica vocação.
Neste artigo, tecerei comentários sobre a beleza do trabalho no mundo.
Eu não poderia iniciar este tema sem uma citação daquele que melhor falou e escreveu sobre a beleza do trabalho no mundo, sobre como a vivência desta realidade pelo cristão é meio de santificação sua e das outras pessoas.
Vamos lá, querido São Josemaria Escrivá!
"O trabalho é a vocação inicial do homem, é uma bênção de Deus, e enganam-se lamentavelmente os que o consideram um castigo. O Senhor, o melhor dos pais, colocou o primeiro homem no paraíso para que trabalhasse. (Sulco, 482).
O trabalho acompanha inevitavelmente a vida do homem sobre a terra. Com ele aparecem o esforço, a fadiga, o cansaço, manifestações da dor e da luta que fazem parte da nossa existência humana atual, e que são sinais da realidade do pecado e da necessidade da redenção. Mas o trabalho em si não é uma pena, nem uma maldição ou um castigo: aqueles que falam assim não leram bem a Sagrada Escritura.
É hora de que todos nós, cristãos, anunciemos bem alto que o trabalho é um dom de Deus, e que não faz nenhum sentido dividir os homens em diferentes categorias, conforme os tipos de trabalho, considerando umas ocupações mais nobres do que as outras. O trabalho, todo o trabalho, é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio sobre a criação; é meio de desenvolvimento da personalidade; é vínculo de união com os outros seres; fonte de recursos para o sustento da família; meio de contribuir para o progresso da sociedade em que se vive e para o progresso de toda a humanidade.
Para um cristão, essas perspectivas alargam-se e ampliam-se, porque o trabalho se apresenta como participação na obra criadora de Deus que, ao criar o homem, o abençoou dizendo: Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra e submetei-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a terra. (É Cristo que passa, 47)".
Algumas palavras deste Santo, canonizado pelo Servo de Deus o Papa João Paulo II, chamam a atenção:
1) "O trabalho é a vocação inicial do homem".
Realmente, depois que Deus criou o homem (a humanidade), ele o chamou ao trabalho, vocacionou-o a cooperar com sua obra, como podemos ler em Gênesis 1, 27-31.
2) "O trabalho é meio de desenvolvimento da personalidade".
Fico triste por às vezes ver jovens passarem a tarde e a noite toda em um centro de evangelização, batendo papo, ou até realizando atividades comunitárias mesmo. Se não são chamados à comunidade de vida, deveriam estar estudando, profissionalizando-se ou até mesmo já trabalhando, permitindo assim que o Senhor, como diz São Josemaria Escrivá, desenvolva sua personalidade por meio das atividades próprias do trabalho, do contato com os colegas de emprego, através dos desafios de realizar as tarefas determinadas por seu chefe, ganhando seu justo salário, aprendendo a partilhar com os pais algumas despesas domésticas, a economizar, a evitar o consumismo, a lidar com clientes, com pessoas diferentes. Numa palavra: amadurecendo!
Conheço "jovens" de mais de 30 anos de idade que continuam nessa "vidinha" sob a sombra protetora de comunidades! Dá vontade de dizer bem alto: "Vá trabalhar, rapaz! Não fuja dos problemas de sua casa escondendo-se sob a máscara de um jovem "devotado" à comunidade, que "reza" tanto, tão "piedoso" (às vezes até anda com a cabeça torta, de lado, com um ar "angelical")". 
Que fuga, que desvio da vontade de Deus, o qual quer desenvolver a personalidade do jovem para que ele seja transformado em um homem (uma mulher) que possa assumir o matrimônio, os filhos, o trabalho diário, as responsabilidades de quem está à frente de uma casa, de um lar!
Como as novas comunidades têm responsabilidade por esses jovens! Como se omitem quando veem jovens nessa situação e não os direcionam para os estudos, para o trabalho!
3) "O trabalho se apresenta como participação na obra criadora de Deus".
Há pessoas que pensam que o trabalho serve somente para si, que não tem valor para Deus. É mais ou menos assim: Se estou rezando por alguém lá no pátio do centro de evangelização, então estou fazendo algo para Deus. Se estou elaborando um relatório que meu chefe mandou, então isto não é para Deus, é para meu chefe, para o meu trabalho!
Meu Deus! Que absurdo!
Acabamos de ver que o trabalho, nas palavras de São Josemaria Escrivá, é uma vocação, é uma bênção de Deus! Como pode, então, ter valor inferior a qualquer outra atividade, a rezar por alguém, por exemplo ?
Só pensa o contrário quem vive uma espiritualidade desencarnada, apartada da realidade, esquizofrênica!
Mas vá perguntar isto numa comunidade: O que tem mais valor: pôr a mão sobre a cabeça de alguém e rezar por ele ou fazer um relatório mandado pelo chefe no trabalho ? A imensa maioria, por má formação comunitária, responderá que é a primeira opção.
Esqueceu-se essa maioria das palavras do Senhor, por meio do apóstolo São Paulo:
"Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido. Sabeis perfeitamente o que deveis fazer para nos imitar. Não temos vivido entre vós desregradamente, nem temos comido de graça o pão de ninguém. Mas, com trabalho e fadiga, labutamos noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos direito para isso, mas foi para vos oferecer em nós mesmos um exemplo a imitar. Aliás, quando estávamos convosco, nós vos dizíamos formalmente: Quem não quiser trabalhar, não tem o direito de comer. Entretanto, soubemos que entre vós há alguns desordeiros, vadios, que só se preocupam em intrometer-se em assuntos alheios. A esses indivíduos ordenamos e exortamos a que se dediquem tranquilamente ao trabalho para merecerem ganhar o que comer" (II Tessalonicenses 3, 6-12) (Grifei).
É interessante até perceber a grande contradição nas formações de algumas novas comunidades: Super-incentivam a vocação à comunidade de vida, mas na hora de exortarem pela devolução da comunhão de bens (dízimo, partilha ou outro termo que se use), são implacáveis com aqueles que não recebem formação nenhuma sobre o trabalho: a obra e a comunidade de aliança!
Ora, a comunidade de vida não recebe salário para poder retirar um percentual para o dízimo, mas quem recebe salário, por meio do justo trabalho (vocação e bênção de Deus), são a obra e a comunidade de aliança. Como então não incentivar os jovens à vivência do trabalho, até para poderem ser canais de manutenção econômica das comunidades ? Parece ilógico não formar os jovens para o trabalho no mundo, até sob este ponto de vista econômico, já que Deus quis contar com percentuais dos salários de membros da obra e da comunidade de aliança para a manutenção das novas comunidades!
Mas o mais importante: A formação dos jovens para o trabalho é uma resposta à vontade de Deus, que quer que todos evangelizem estando no mundo, nos escritórios, nas fábricas, nas empresas, nos hospitais, nas escolas, nas universidades, sendo, como diz Jesus, sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-16).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim. 
Imagem: http://www.sxc.hu/photo/686444. 
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