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A perversão socialista (por Roger Scruton)


Partilho com você conteúdo do livro "Como ser um conservador", do inglês Roger Scruton, publicado pela Editora Record, que trata, entre outros temas, sobre a mentira socialista:

"A verdadeira perversão é uma falácia peculiar que vê a vida em sociedade como aquela em que todo sucesso de um é o resultado do fracasso de outrem. Segundo essa falácia, todos os ganhos são pagos pelos perdedores. A sociedade é um jogo de soma zero em que existe um equilíbrio entre os custos e os benefícios, e a razão da vitória do vencedor é a derrota dos perdedores.

Tal falácia do "jogo de soma zero" se tornou uma afirmação clássica na teoria da mais-valia de Marx, que pretendia mostrar que o lucro do capitalista é resultado do confisco da força de trabalho do proletário [...]

O que quer que pensemos acerca da economia de livre mercado, ao menos ela nos convenceu de que nem todas as transações são jogos de soma zero. Acordos consensuais beneficiam ambas as partes: Por que outra razão decidiriam firmá-los ? E isso é tão verdadeiro em relação ao contrato salarial como o é em qualquer contrato de venda. [...]

Para certo tipo de temperamento, a derrota nunca é uma derrota para a realidade, mas sempre uma derrota para outra pessoa, muitas vezes agindo em consonância como membro de uma classe, tribo, conspiração ou clã. [...]

Parece-me que essa falácia do jogo de soma zero está na base da crença generalizada de que igualdade e justiça são ideias equivalentes - crença que parece ser a posição padrão dos socialistas e programada como tal nos cursos universitários de Filosofia Política. Poucas pessoas acreditam que se Jack tem mais dinheiro do que Jill isto é por si só um sinal de injustiça. Mas, se Jack pertence a uma classe social com dinheiro e Jill a outra que não o tem, então a forma de pensar do jogo de soma zero entra imediatamente em ação para persuadir as pessoas de que a classe social de Jack se tornou rica à custa daquela a que Jill pertence. Esse é o ímpeto por trás da teoria marxista da mais-valia. [...]

Para certo tipo de mentalidade igualitária, não importa que Jack tenha trabalhado para construir a sua riqueza e que Jill apenas descansava em uma ociosidade voluntária; não importa que Jack tenha talento e energia, ao passo que Jill não tenha nem um nem outro; não importa que Jack mereça o que tem, enquanto Jill nada mereça: a única questão importante é a classe e as desigualdades "sociais" que dela se originam. Conceitos como direito e mérito estão fora de cogitação e a igualdade, sozinha, define o objetivo.

A consequência foi o surgimento na política moderna de uma ideia completamente nova de justiça - que tem pouco ou nada a ver com direito, mérito, recompensa ou retribuição, e que está efetivamente desvinculada das ações e das responsabilidades dos indivíduos. [...]

Se uma pessoa rica fica mais rica cada vez que o pobre fica mais pobre, isso não quer dizer que as perdas do pobre são transferidas como lucros para o rico. [...]

No entanto, como uma tentativa de modificar a natureza humana e nos recrutar na busca do milênio, [o socialismo] foi uma fantasia perigosa, uma tentativa de realizar o Céu na Terra que inevitavelmente levaria ao Inferno. Hoje podemos ver isso claramente, visto que o mundo ocidental emerge da Guerra Fria e do pesadelo comunista."

Para você, leitor(a), tomar conhecimento do pesadelo comunista, assista ao vídeo inserido neste post.

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
Vídeo: Youtube.com.br.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

"Doutor Advogado" e "Doutor Médico": até quando ?

Sempre quis escrever sobre este tema, por isso reproduzo este excelente artigo, postado no site do SindJustiça Ceará, da jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, vencedora de mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem e autora do romance "Uma Dua".

Nota: Sou bacharel em Direito e advogado inscrito na OAB, e sempre concordei com o que está escrito a seguir. 

"Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Poucas expressões humanas são tão avessas a imposições por decreto como a língua. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no segundo seguinte. E talvez mais vezes ainda pretendêssemos usar determinado sujeito, verbo, substantivo ou adjetivo e usamos outro bem diferente, que revela muito mais de nossas intenções e sentimentos do que desejaríamos. Afinal, a psicanálise foi construída com os tijolos de nossos atos falhos. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado.

Travo minha pequena batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente. Se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao longo da História, alterando-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga persistente que fala muito sobre o Brasil. Como toda palavra, algumas mais do que outras, “doutor” desvela muito do que somos – e é preciso estranhá-lo para conseguirmos escutar o que diz.

Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”.

Em minhas aspirações, o sentido da palavra perderia sua força não por proibição, o que seria nada além de um ato tão inútil como arbitrário, na qual às vezes resvalam alguns legisladores, mas porque o Brasil mudou. A língua, obviamente, só muda quando muda a complexa realidade que ela expressa. Só muda quando mudamos nós.

Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tratarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma diferença vivida na concretude do cotidiano que deveria ter nos envergonhado desde sempre.

Lembro-me de, em 1999, entrevistar Adail José da Silva, um carregador de malas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para a coluna semanal de reportagem que eu mantinha aos sábados no jornal Zero Hora, intitulada “A Vida Que Ninguém Vê”. Um trecho de nosso diálogo foi este: 

- E como os fregueses o chamam?

- Os doutor me chamam assim, ó: “Ô, negão!” Eu acho até que é carinhoso.

- O senhor chama eles de doutor?

- Pra mim todo mundo é doutor. Pisou no aeroporto é doutor. É ó, doutor, como vai, doutor, é pra já, doutor....

- É esse o segredo do serviço?

- Tem que ter humildade. Não adianta ser arrogante. Porque, se eu fosse um cara importante, não ia tá carregando a mala dos outros, né? Sou pé de chinelo. Então, tenho que me botar no meu lugar.

A forma como Adail via o mundo e o seu lugar no mundo – a partir da forma como os outros viam tanto ele quanto seu lugar no mundo – contam-nos séculos de História do Brasil. Penso, porém, que temos avançado nas últimas décadas – e especialmente nessa última. O “doutor” usado pelo porteiro para tratar o condômino, pela empregada doméstica para tratar o patrão, pelo engraxate para tratar o cliente, pelo negro para tratar o branco não desapareceu – mas pelo menos está arrefecendo.

Se alguém, especialmente nas grandes cidades, chamar hoje o outro de “doutor”, é legítimo desconfiar de que o interlocutor está brincando ou ironizando, porque parte das pessoas já tem noção da camada de ridículo que a forma de tratamento adquiriu ao longo dos anos. Essa mudança, é importante assinalar, reflete também a mudança de um país no qual o presidente mais popular da história recente é chamado pelo nome/apelido. Essa contribuição – mais sutil, mais subjetiva, mais simbólica – que se dá explicitamente pelo nome, contida na eleição de Lula, ainda merece um olhar mais atento, independentemente das críticas que se possa fazer ao ex-presidente e seu legado.

Se o “doutor” genérico, usado para tratar os mais ricos, está perdendo seu prazo de validade, o “doutor” que anuncia médicos e advogados parece se manter tão vigoroso e atual quanto sempre. Por quê? Com tantas mudanças na sociedade brasileira, refletidas também no cinema e na literatura, não era de se esperar um declínio também deste doutor?

Ao pesquisar o uso do “doutor” para escrever esta coluna, deparei-me com artigos de advogados defendendo que, pelo menos com relação à sua própria categoria, o uso do “doutor” seguia legítimo e referendado na lei e na tradição. O principal argumento apresentado para defender essa tese estaria num alvará régio no qual D. Maria, de Portugal, mais conhecida como “a louca”, teria outorgado o título de “doutor” aos advogados. Mais tarde, em 1827, o título de “doutor” teria sido assegurado aos bacharéis de Direito por um decreto de Dom Pedro I, ao criar os primeiros cursos de Ciências Jurídicas e Sociais no Brasil. Como o decreto imperial jamais teria sido revogado, ser “doutor” seria parte do “direito” dos advogados. E o título teria sido “naturalmente” estendido para os médicos em décadas posteriores.

Há, porém, controvérsias. Em consulta à própria fonte, o artigo 9 do decreto de D. Pedro I diz o seguinte: “Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bacharéis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e só os que o obtiverem, poderão ser escolhidos para Lentes”. Tomei a liberdade de atualizar a ortografia, mas o texto original pode ser conferido aqui. “Lente” seria o equivalente hoje à livre-docente.

Mesmo que Dom Pedro I tivesse concedido a bacharéis de Direito o título de “doutor”, o que me causa espanto é o mesmo que, para alguns membros do Direito, garantiria a legitimidade do título: como é que um decreto do Império sobreviveria não só à própria queda do próprio, mas também a tudo o que veio depois?

O fato é que o título de “doutor”, com ou sem decreto imperial, permanece em vigor na vida do país. Existe não por decreto, mas enraizado na vida vivida, o que torna tudo mais sério. A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante, também mudou pouco. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana.

É no dia a dia das delegacias de polícia, dos corredores do Fórum, dos pequenos julgamentos que o “doutor” se impõe com todo o seu poder sobre o cidadão “comum”. Como repórter, assisti à humilhação e ao desamparo tanto das vítimas quanto dos suspeitos mais pobres à mercê desses doutores, no qual o título era uma expressão importante da desigualdade no acesso à lei. No início, ficava estarrecida com o tratamento usado por delegados, advogados, promotores e juízes, falando de si e entre si como “doutor fulano” e “doutor beltrano”. Será que não percebem o quanto se tornam patéticos ao fazer isso?, pensava. Aos poucos, percebi a minha ingenuidade. O “doutor”, nesses espaços, tinha uma função fundamental: a de garantir o reconhecimento entre os pares e assegurar a submissão daqueles que precisavam da Justiça e rapidamente compreendiam que a Justiça ali era encarnada e, mais do que isso, era pessoal, no amplo sentido do termo.

No caso dos médicos, a atualidade e a persistência do título de “doutor” precisam ser compreendidas no contexto de uma sociedade patologizada, na qual as pessoas se definem em grande parte por seu diagnóstico ou por suas patologias. Hoje, são os médicos que dizem o que cada um de nós é: depressivo, hiperativo, bipolar, obeso, anoréxico, bulímico, cardíaco, impotente, etc. Do mesmo modo, numa época histórica em que juventude e potência se tornaram valores – e é o corpo que expressa ambas – faz todo sentido que o poder médico seja enorme. É o médico, como manipulador das drogas legais e das intervenções cirúrgicas, que supostamente pode ampliar tanto potência quanto juventude. E, de novo supostamente, deter o controle sobre a longevidade e a morte. A ponto de alguns profissionais terem começado a defender que a velhice é uma “doença” que poderá ser eliminada com o avanço tecnológico.

O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas causas e particularidades na história das mentalidades e dos costumes. Em comum, o doutor médico e o doutor advogado, juiz, promotor, delegado têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como representantes de um poder que pertence à instituição e não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título.

Se olharmos a partir das relações de mercado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de submissão. Em ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do médico, como abordei na coluna anterior, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção.

Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de “doutor” permaneça atual e vigoroso quanto o que ele representa também como viés de classe. Apesar dos avanços e da própria Constituição, tanto o acesso à Justiça quanto o acesso à Saúde permanecem, na prática, como privilégios dos mais ricos. As fragilidades do SUS, de um lado, e o número insuficiente de defensores públicos de outro são expressões dessa desigualdade. Quando o direito de acesso tanto a um quanto a outro não é assegurado, a situação de desamparo se estabelece, assim como a subordinação do cidadão àquele que pode garantir – ou retirar – tanto um quanto outro no cotidiano. Sem contar que a cidadania ainda é um conceito mais teórico do que concreto na vida brasileira.

Infelizmente, a maioria dos “doutores” médicos e dos “doutores” advogados, juízes, promotores, delegados etc estimulam e até exigem o título no dia a dia. E talvez o exemplo público mais contundente seja o do juiz de Niterói (RJ) que, em 2004, entrou na Justiça para exigir que os empregados do condomínio onde vivia o chamassem de “doutor”. Como consta nos autos, diante da sua exigência, o zelador retrucava: “Fala sério....” Não conheço em profundidade os fatos que motivaram as desavenças no condomínio – mas é muito significativo que, como solução, o juiz tenha buscado a Justiça para exigir um tratamento que começava a lhe faltar no território da vida cotidiana.

É importante reconhecer que há uma pequena parcela de médicos e advogados, juízes, promotores, delegados etc que tem se esforçado para eliminar essa distorção. Estes tratam de avisar logo que devem ser chamados pelo nome. Ou por senhor ou senhora, caso o interlocutor prefira a formalidade – ou o contexto a exija. Sabem que essa mudança tem grande força simbólica na luta por um país mais igualitário e pela ampliação da cidadania e dos direitos. A estes, meu respeito.

Resta ainda o “doutor” como título acadêmico, conquistado por aqueles que fizeram doutorado nas mais diversas áreas. No Brasil, em geral isso significa, entre o mestrado e o doutorado, cerca de seis anos de estudo além da graduação. Para se doutorar, é preciso escrever uma tese e defendê-la diante de uma banca. Neste caso, o título é – ou deveria ser – resultado de muito estudo e da produção de conhecimento em sua área de atuação. É também requisito para uma carreira acadêmica bem sucedida – e, em muitas universidades, uma exigência para se candidatar ao cargo de professor.

Em geral, o título só é citado nas comunicações por escrito no âmbito acadêmico e nos órgãos de financiamento de pesquisas, no currículo e na publicação de artigos em revistas científicas e/ou especializadas. Em geral, nenhum destes doutores é assim chamado na vida cotidiana, seja na sala de aula ou na padaria. E, pelo menos os que eu conheço, caso o fossem, oscilariam entre o completo constrangimento e um riso descontrolado. Não são estes, com certeza, os doutores que alimentam também na expressão simbólica a abissal desigualdade da sociedade brasileira.

Estou bem longe de esgotar o assunto aqui nesta coluna. Faço apenas uma provocação para que, pelo menos, comecemos a estranhar o que parece soar tão natural, eterno e imutável – mas é resultado do processo histórico e de nossa atuação nele. Estranhar é o verbo que precede o gesto de mudança. Infelizmente, suspeito de que “doutor fulano” e “doutor beltrano” terão ainda uma longa vida entre nós. Quando partirem desta para o nunca mais, será demasiado tarde. Porque já é demasiado tarde – sempre foi."

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://www.freeimages.com/photo/875413.
Fonte do artigo: SindJustiça Ceará

Papa Francisco fala sobre temas polêmicos

Você quer saber o que pensa o Papa Francisco sobre temas polêmicos ?
Clique aqui e assista à entrevista que ele concedeu ao repórter Gerson Camarotti, da Globo News.
Deus abençoe você! Álvaro Amorim.
Imagem: http://www.blogdoconsa.com/2013/04/a-gargalhada-do-papa.html. 
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Cristão deve ser protagonista na sociedade

Nós cristãos somos protagonistas na sociedade em que vivemos ? Ou será que ficamos com aquele complexozinho de inferioridade que nos impede de vivermos segundo o nosso chamado, de assumirmos nossas responsabilidades políticas e administrativas na sociedade ?
O Santo Padre o Papa Bento XVI, no dia 26 de maio de 2011, perante os bispos italianos, na Basílica de Santa Maria Maior, durante a celebração pelos 150 anos da unidade da Itália, disse:
A fé, de fato, não é alienação. Os fieis leigos devem vencer todo espírito de fechamento, distração e indiferença, e participar em primeira pessoa da vida pública, para construir uma sociedade que respeite plenamente a dignidade humana."
E qual deve ser a fonte da formação do cristão para que participe bem da vida pública ? Respondendo a esta pergunta, disse Bento XVI:
"Formação inspirada na doutrina social da Igreja, para que não seja vítima da tentação de explorar sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder".
Disse ainda o Papa que essa missão de participar ativamente da vida pública cabe a nós leigos, não aos clérigos (padres, bispos), pois "a Igreja não pretende substituir as responsabilidades das instituições políticas. Respeitosa da legítima laicidade do Estado, está atenta em apoiar os direitos fundamentais do homem".
Por fim, o Santo Padre reforçou a missão da família como primeira formadora de cristãos conscientes de suas responsabilidades, afirmando que "a família continua sendo, de fato, a primeira realidade onde podem crescer pessoas livres e responsáveis, formadas nesses valores profundos que abrem à fraternidade e que permitem enfrentar também as adversidades da vida.”
Como é bom, meu irmão, minha irmã, ver como a Igreja, na pessoa do Papa Bento XVI, valoriza muito a família e a missão de nós leigos, chamados a sermos "sal da terra e luz do mundo"!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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Imagem: www.everystockphoto.com. Fonte: Zenit. 

Eleições 2010 — o cristão e a política

Estamos a pouco tempo das eleições do dia 3 de outubro.
Você que está lendo este artigo pode ter uma ideia já formada, um conceito já preconcebido — um preconceito — sobre o tema da política.
Talvez você já tenha dito alguma das frases abaixo:
  • “Eu não me interesso por política porque só vejo corrupção e escândalos no meio político”.
  • “Político é tudo igual — todos são desonestos!”
  • “Eu só me interesso um pouco por política na época das eleições”.
  • “Depois que elegemos um candidato, não sabemos o que ele faz, como ele está trabalhando, que projetos ele apoia”.
  • “Cristão tem que cuidar da sua fé e não se meter em política”.
Gostaria, entretanto, de expor alguns aspectos que considero interessantes para meditarmos.
Vivemos num tempo de crise das instituições políticas: falta ética a muitas pessoas que deveriam representar bem o povo, que deveriam servir bem à Nação; a corrupção espalha-se como um câncer; desrespeita-se a vida humana de forma banal; a violência compõe o cotidiano de qualquer cidade brasileira, como se fosse uma paisagem característica; há um desvio da finalidade política; existe o descaso aos mais necessitados, aos miseráveis.
Creio que você concorda com todas as afirmações acima. Mas também é interessante perceber a ética individual, os nossos valores pessoais, pois sabemos que o coletivo é formado por vários indivíduos, e se quisermos transformar o coletivo, temos que mudar o indivíduo.
Muitas vezes, o cidadão que cobra posturas éticas de seus representantes é o mesmo que dirige numa contramão quando é tarde da noite e a rua está deserta; ou é aquele que vê um saco de batata frita aberto no supermercado e mete a mão no que não é seu e come; ou ainda é aquele que, ao ser multado por um guarda de trânsito, pede-lhe que retire a multa, que dê um “jeitinho”, ou até tenta suborná-lo.
Isto tudo me lembra uma frase lapidar: “O verdadeiro progresso é interior. O exterior é consequência” (Escrito A Profissionalização, 4, Moysés Azevedo). Ou seja: A ética deve nascer no indivíduo, na pessoa — o coletivo é consequência.
Como cristãos, não apenas somos chamados a viver com ética, mas, seguidores do “amemo-nos uns aos outros” (I Jo 4, 7a), somos chamados a sairmos de nós mesmos, a voltarmo-nos para o outro, para o coletivo, para o bem público. E isto se concretiza também no votar muito bem, no informar-se, no conversar com os amigos sobre política, no saber o que a Igreja, perita em humanidade, pensa sobre política, no analisar os candidatos e os partidos, no saber quais as funções dos cargos eletivos.
Para quem pensa que Jesus em sua terra não foi um homem político, basta ver as diversas vezes em que ele combateu fortemente a hipocrisia de membros do Partido dos Fariseus:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas” (Mt 23, 23). (Grifos nossos).
O fundamento para a vida política do cristão é Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida.
A Igreja, mestra que nos ensina o Caminho para a Verdade, a fim de termos a plena Vida, é fonte para nossa formação política também:
“O dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fieis leigos, os quais, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública.” (Papa Bento XVI, Deus caritas est, n. 29). (Grifos nossos).
Esta participação deve seguir critérios coerentes com a opção por Jesus Cristo. E aqui a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) adverte os cristãos e os poderes públicos:
“Os poderes constituídos eleitos, em todos os níveis, recusem quaisquer projetos que atentem contra a família ou contra a dignidade da vida humana, particularmente no que diz respeito à legalização do aborto e da eutanásia.” (ORIENTAÇÕES DA CNBB PARA O ANO ELEITORAL, 3/4/2006, V, n. 4). (Grifos nossos).
  • “O primeiro critério para votar em um candidato é sua posição em relação à defesa da dignidade da pessoa humana e da vida, em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com a morte.” (idem, VI). (Grifos nossos).
O que a Igreja nos orienta é simplesmente votar segundo o critério do próprio Jesus Cristo: “Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40).
E como saber se um candidato ou partido político não defende a vida, é a favor do assassinato de crianças no ventre da mãe (aborto)? Muito simples: visite os “sites” dos partidos políticos. Todos eles têm o mesmo formato: www.(sigla do partido).org.br, vá a seções como Programa ou Mulheres (direito ao aborto). Você perceberá que não será difícil discernir quem é a favor da Vida e quem é a favor da morte.
Lembre-se de que, no dia 3 de outubro, você, ao votar, estará dizendo para o seu candidato: “Eu apoio o que você pensa, concordo com a sua defesa à vida (ou à morte), quero para mim, para meus filhos, para meu Estado, para meu País o que você quer. Pode ir, que eu assino embaixo!”

Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.