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Nada de chilique, só amor!

As novas comunidades têm um grande desafio no tempo presente, de cuja solução depende a eficácia da evangelização no mundo hodierno: Permitir que o Espírito purifique o ser aliança/engajado/obra, isto é, o viver a consagração a Deus estando no mundo, trabalhando, vivendo na família natural, em meio aos amigos, na Universidade.
Digo isto porque conheço um pouco a amplitude deste desafio.
Pelo simples fato de terem surgido há menos de 50 anos, sendo, portanto, novíssimas na Igreja (o Franciscanismo tem mais de 800 anos e ainda se permite ser renovado pelo Espírito!), as novas comunidades encontram-se em processo de nascimento, são como que bebês recém-nascidos, que dependem em tudo dos pais. Logo, não podem prescindir do cuidado paterno e materno, sob pena de fazerem muitas "bobagens", pondo em risco sua própria existência.
Este cuidado deve ser acolhido como algo vital, vindo do próprio Deus, recebido por cada fundador, cofundador, conselho geral ou outro órgão deliberativo da comunidade. Há que se deixar de lado o orgulho de achar-se o único receptáculo da voz de Deus para ouvir os casais, os jovens, os estudantes que são membros da comunidade. Não se trata de uma escuta democrática, a qual resultaria no acolhimento da vontade da maioria, não! Sabemos que as coisas de Deus não são discernidas assim, pela maioria! Mas significa ouvir essas realidades contemplando seu mistério, respeitando sua natureza, colhendo delas a beleza que o Criador lhes atribuiu. Numa palavra: permitindo e incentivando que elas sejam aquilo que são: que a família seja família, que o estudante seja estudante, e assim por diante.
É preocupante ver nas novas comunidades uma tendência, muitas vezes vinda da direção das mesmas, a "celibatarizar" ou "clerificar" quase todos os jovens que participam da obra, ou, pior ainda, as famílias que fazem parte da comunidade.
Isto ocorre quando, por exemplo, no ano formativo da comunidade, há bastante tempo dedicado à apresentação das belíssimas vocações ao celibato e ao sacerdócio, mas quase não há nada referente à também belíssima vocação ao matrimônio, a começar por abordar temas como o namoro, a sexualidade, a formação/educação dos filhos.
Parece que, por considerarem a vocação ao matrimônio algo natural, esquecendo que também é sobrenatural, posto ser um chamado de Deus, deixam "para lá", a fim de que aqueles que são chamados ao matrimônio cuidem, por si só, de sua formação inicial.
Que triste e irresponsável omissão!
Certa vez, uma psicóloga amiga minha contou-me, sem citar nomes, é claro, que atendeu moças recém-casadas, consagradas de comunidades de renome, que estavam ainda durante a fase que deveria ser a "lua-de-mel", mas que simplesmente deram um tremendo "chilique" quando se viram diante de seu marido, nu, na noite de núpcias! Praticamente "piraram".
Umas relataram que, no fundo do coração, tinham a sensação de estarem cometendo um grave pecado, ao "terem" que viver o ato conjugal (relação sexual entre os cônjuges), mesmo tendo acabado de receber a bênção de Deus na celebração do matrimônio.
Outras desabafaram aos prantos dizendo que simplesmente "petrificaram-se", que preferiam não viver aquele momento, que rezar era muito melhor, que achavam que estavam traindo Jesus!
Meu Deus! Que absurdo!
Não precisa nem fazer uma defesa da belíssima vocação matrimonial, com tudo o que ela comporta, inclusive com o ato conjugal, abençoado e querido por Deus para a união do casal e para a procriação, para se perceber que houve graves falhas, lacunas na formação dessas moças consagradas!
Pior! Já ouvi fundador de comunidade dizendo que não era necessário falar/pregar/formar sobre o ato conjugal, pois todo homem e mulher sabem o que fazer na lua-de-mel, após a celebração do casamento na Igreja.
É! Parece que, para essas moças atendidas gratuitamente por essa minha amiga psicóloga, algo deveria ter sido falado/pregado/formado!
Aliás, não somente sobre a beleza do ato conjugal se deve falar, mas sobre o matrimônio como um todo, sobre como ele é caminho de santidade.
Basta relembrar que o Servo de Deus o Papa João Paulo II beatificou o casal Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, em 21 de outubro de 2001.
E atenção: Esse casal teve 4 filhos, logo tiveram atos conjugais, sim! Deram-se um ao outro, de corpo e alma, vivendo seu amor recíproco, para a geração dos 4 filhos, tudo muito normal!
Viveram sem alarde!
Ele não precisou deixar a família toda noite para pregar o evangelho aos outros, e ela não precisou deixar os filhos em casa com babás para evangelizar pelas ruas para serem santos! Não! Viveram primeiramente em família, para a família, e assim evangelizaram, deram testemunho a todos que eram por eles acolhidos em seu lar.
Veja o que disse o Papa João Paulo II na homilia da missa de beatificação desse casal:
"Luigi e Maria viveram, à luz do Evangelho e com grande intensidade humana, o amor conjugal e o serviço à vida. Assumiram com responsabilidade total a tarefa de colaborar com Deus na procriação, dedicando-se generosamente aos filhos a fim de os educar, guiar e orientar na descoberta dos seus desígnios de amor. Deste terreno espiritual tão fértil surgiram vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada, que demonstram como o matrimônio e a virgindade, a partir do comum enraizamento no amor esponsal do Senhor, estão intimamente relacionados e se iluminam reciprocamente. Foram cristãos convictos, coerentes e fiéis ao seu próprio batismo; foram pessoas cheias de esperança, que souberam dar o justo significado às realidades terrenas, tendo os olhos e o coração postos sempre na eternidade. Fizeram da sua família uma autêntica igreja doméstica, aberta à vida, à oração, ao testemunho do Evangelho, ao apostolado social, à solidariedade com os pobres, à amizade" (Destacou-se).
Ora, se há formação para os rapazes que desejam ingressar no seminário, por que não se dá, com a mesma e justa intensidade, formação para os jovens que desejam "ingressar" no namoro ? Será que Deus faz distinção ? Será que a vocação ao sacerdócio é "superior" à do matrimônio ?
Primeiro: A Igreja, pelo Servo de Deus João Paulo II, não teria beatificado esse casal se o matrimônio não tivesse grande valor para Deus!
Segundo: O que é a Bíblia mesmo ? Se pudéssemos resumi-la numa breve explicação, poderíamos dizer: Do início ao fim, é Deus que desposa a humanidade, que quer que o homem e a mulher vivam nele para sempre!
Desposar, esposo, esposa! Não são palavras da mesma família, com a mesma raiz ?
Qual a "historinha" que inicia a Bíblia ? A história de um casal, do primeiro casal, Adão e Eva (Livro do Gênesis).
Como a Bíblia termina ? Com as núpcias do Cordeiro: Deus se valeu da imagem das núpcias, do matrimônio, para mostrar que na Eternidade viveremos unidos a ele (guardadas as devidas proporções) como um casal deve viver aqui na Terra (Livro do Apocalipse).
Ah, e no meio desse "livro", a Bíblia Sagrada, Deus colocou o Cântico dos Cânticos: mais uma imagem matrimonial que Deus quis usar para mostrar como ele nos ama. Vamos a este belo texto sagrado:
" - Tu és bela, minha querida, tu és formosa! Por detrás do teu véu os teus olhos são como pombas, teus cabelos são como um rebanho de cabras descendo impetuosas pela montanha de Galaad, teus dentes são como um rebanho de ovelhas tosquiadas que sobem do banho; cada uma leva dois (cordeirinhos) gêmeos, e nenhuma há estéril entre elas.Teus lábios são como um fio de púrpura, e graciosa é tua boca. Tua face é como um pedaço de romã debaixo do teu véu; teu pescoço é semelhante à torre de Davi, construída para depósito de armas. Aí estão pendentes mil escudos, todos os escudos dos valentes. Os teus dois seios são como dois filhotes gêmeos de uma gazela pastando entre os lírios. Antes que sopre a brisa do dia, e se estendam as sombras, irei ao monte da mirra, e à colina do incenso. És toda bela, ó minha amiga, e não há mancha em ti. Vem comigo do Líbano, ó esposa, vem comigo do Líbano! Olha dos cumes do Amaná, do cimo de Sanir e do Hermon, das cavernas dos leões, dos esconderijos das panteras. Tu me fazes delirar, minha irmã, minha esposa, tu me fazes delirar com um só dos teus olhares, com um só colar do teu pescoço. Como são deliciosas as tuas carícias, minha irmã, minha esposa! Mais deliciosos que o vinho são teus amores, e o odor dos teus perfumes excede o de todos os aromas! Teus lábios, ó esposa, destilam o mel; há mel e leite sob a tua língua. O perfume de tuas vestes é como o perfume do Líbano. És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa, uma nascente fechada, uma fonte selada. Teus rebentos são como um bosque de romãs com frutos deliciosos; com ligústica e nardo, nardo e açafrão, canela e cinamomo, com todas as árvores de incenso, mirra e aloés, com os balsámos mais preciosos. És a fonte de meu jardim, uma fonte de água viva, um riacho que corre do Líbano. - Levanta-te, vento do norte, vem tu, vento do sul. Sopra no meu jardim para que se espalhem os meus perfumes. Entre meu amado no seu jardim, prove-lhe os frutos deliciosos." (Ct 4, 1-16, páginas 829 e 830 na Bíblia da Ave-Maria).
Portanto, no começo, no meio e no final da Bíblia Sagrada, o que se encontra ? O matrimônio, obviamente utilizado por Deus para nos mostrar como ele nos ama, e é óbvio que Deus não usaria algo que não tivesse grande valor para mostrar aquilo que tem valor infinito!
Assim, por amor a Deus, fundadores, cofundadores, conselhos gerais, autoridades e órgãos de decisão e discernimento das novas comunidades, proclamem a beleza do matrimônio, formando os jovens para o namoro, falando de sexualidade, pregando sobre o casamento, sem ter medo, receio tolo, respondendo perguntas, tirando dúvidas mesmo!
E deixem que as famílias vivam primeiramente em família, ganhem tempo com os filhos! Como disse João Paulo II, "dedicando-se generosamente aos filhos", para, aí sim, darem testemunho de família cristã e acolherem os necessitados de amor, de misericórdia, como fizeram os beatos Luigi e Maria, um casal santo!
Desta forma, nada de chilique, só amor, só santidade por meio do matrimônio!

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://www.sxc.hu/photo/1121900.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Como viver bem o matrimônio (parte III)

Este post é o terceiro e último de uma série de três que contém pregações minhas sobre o matrimônio.
Para você que não ouviu a primeira e a segunda parte,
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
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Imagem: Meu beijo na Clara, pelo ventre da minha esposa.

Como viver bem o matrimônio (parte II)

Este post é o segundo de uma série de três que contém pregações minhas sobre o matrimônio.
Se você não ouviu a primeira parte,
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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Imagem: Da esquerda para a direita: casal Breno e Daniela Sindeaux,
celibatário Cassiano Azevedo e casal Sabryna e Álvaro Amorim.

Como viver bem o matrimônio (parte I)

Este post é o primeiro de uma série de três que contém pregações minhas sobre o matrimônio.
Quem é casado(a) sabe o quão belo e desafiante é viver, a cada dia, o matrimônio.
Que Jesus Cristo, o ressuscitado que passou pela cruz, salve o seu matrimônio, meu querido irmão, minha querida irmã!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
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Imagem: A mais bela foto da celebração do meu matrimônio com a Sabryna.

Ouvinte pergunta sobre carícias orais no ato conjugal


“Eu admiro muito seu trabalho e a sua pessoa pela unção que você tem. Álvaro, em tudo e com todos que já pesquisei sobre sexo oral me dizem que é pecado, mas eu entendi que o sexo oral não é pecado se usado apenas como carícia, e sim somente se for usado unicamente como o sexo propriamente dito, até a ejaculação ou até o orgasmo. Seria possível você me esclarecer isso, pois sou casada há pouco tempo e eu e meu marido estamos tentando caminhar num casamento santo. Para mim, é mais fácil entender, mas para ele eu ainda preciso explicar tudo detalhadamente e amorosamente.
Obrigada pela atenção!
Que Deus abençoe sua vida e seu ministério!”

Respondo a você, minha querida irmã, e a todos que têm dúvidas sobre o ato conjugal no matrimônio:

Primeiramente, louvo a Deus pelo seu desejo de viver a castidade matrimonial! Isto é uma graça de Deus acolhida por você!

Você e seu marido podem ler o Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2360-2363, texto com o qual o casal deve orar, porque é de uma riqueza fantástica!

Sobre seu questionamento, eis alguns pontos importantes:

1) Como você sabe, o ato conjugal (próprio e exclusivo dos esposos na constância do matrimônio) tem duas dimensões: a unitiva e a procriativa. A primeira dimensão visa ao bem do casal, à vivência do amor dos cônjuges, bela forma de expressão do amor de Deus. Por isto, nada que fira a dignidade da pessoa humana deve ser perpetrado, sob pena de se macular algo tão belo. Sendo assim, obviamente, de plano, o casal deve renunciar qualquer relação sexual anal, porque contrária à natureza e à dignidade humana.

2) É importante também que o ato conjugal, em toda a sua expressão, seja de comum acordo, respeitando-se a natureza humana e a dignidade da pessoa humana, na liberdade de filhos de Deus. Assim, as carícias (inclusive as orais), os toques, os beijos que sirvam de preparação, de prelúdio, são legítimos, repito, se não ferirem a natureza e a dignidade humana.

3) Como é um ato a dois, é importante também que, além do exposto acima, ambos sintam-se à vontade e não constrangidos com essas carícias.

4) Todo ato conjugal deve levar o casal à abertura à vida. Por isto, a ejaculação deve ocorrer somente na vagina da mulher. Qualquer outro modo fere o plano de Deus para o matrimônio, porque se fecha à vida e é contra a dignidade da pessoa humana.

5) Tudo isto é muito belo, mas somente vivendo uma experiência em Deus, o casal pode fazer a vontade do Senhor, plena felicidade para a família. Se seu marido não teve ainda um encontro com Jesus, recomendo que vocês façam juntos o seminário de vida no Espírito Santo, para casais. Então, você verá seu marido renovado em Cristo!

Oro por vocês, para que o Senhor, que os uniu em matrimônio, faça-os santos!

Shalom!

Álvaro Amorim.

Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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