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O pior de todos os pecados

Se você acha que adulterar no matrimônio é o pior dos pecados, enganou-se. Se você pensa que é roubar, está longe de acertar. Se considera que é viver embriagado, aí é que está errado!
Por surpreendente que pareçam, esses tipos de pecados mais "vistosos" aos olhos humanos não chegam nem perto do pior de todos os pecados: o orgulho!
Antes de provar por que o orgulho é o pior tipo de ofensa a Deus e ao próximo, quero deixar bem claro que os exemplos citados são pecados sim, só que não alcançam a perniciosidade do orgulho, considerando-se o cometimento de plena consciência, isto é, quando o agente atua sabendo o que está fazendo.
Vejamos logo, de cara, o que diz a Palavra de Deus:
"Exterminarei o que em segredo caluniar seu próximo. Não suportarei homem arrogante e de coração orgulhoso" (Salmo 101(100), versículo 5).
"Deus resiste aos soberbos [orgulhosos], mas dá sua graça aos humildes" (Tiago 4, 6).
É óbvio que alguém que intencionalmente rouba, que sabe que é errado e continua a roubar até o fim da vida, sem arrependimento nenhum, provavelmente não encontrará graça diante de Deus. Não que o Senhor não seja sempre misericordioso. Não! O que há não é um defeito na misericórdia divina, mas sim uma contumácia (teimosia), insistência do homem em permanecer sempre no erro, no pecado. Como Deus criou o homem com o livre-arbítrio, ele respeita a decisão de cada um, pois, se não a respeitasse, verdadeiramente não amaria o homem, pois faria dele uma marionete, conduzindo-o "à força" para o bem, o que é, em si, uma contradição, e contradição não há em Deus.
Ocorre que, se esse ladrão que, por exemplo, roubou fortunas, arrepender-se de verdade, no mesmo instante, Deus já o perdoou e lhe garantiu o Céu, pleno, cheio de graça, o mesmo estado de graça no qual se encontram todos os santos, como São Francisco de Assis, só para citar um.
"Ah, Álvaro, não é possível! Você quer dizer que alguém que fez o mal a vida toda e se arrependeu (vá lá que seja de verdade!) tem a possibilidade de usufruir o Céu como qualquer santo ?!"
A esta pergunta que poderia ser feita por alguém, deixo simplesmente Jesus responder:
"Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: 'Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!' Mas o outro o repreendeu: 'Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício ? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.' E acrescentou: 'Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!' Jesus respondeu-lhe: 'Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso'." (Lucas 23, 39-43).
Não seria necessário escrever mais nada, mas vamos lá, ver a maldição do orgulho!
Nesta minha caminhada, desde o meu primeiro encontro com Cristo, nos dias 19 e 20 de agosto de 2000, deparei-me com situações marcantes, relativas ao que escrevo agora:
Vi pessoas participantes de grupos de oração ou de comunidades sofrerem perseguições, injúrias, maledicências, desprezo, rejeição, desamor porque cometeram os ditos "pecados vistosos", aqueles citados no primeiro parágrafo deste texto, por exemplo. E toda essa repulsa anti-evangélica, na maioria das vezes, partiu de pessoas tidas como "santas, justas, consagradas!"
Fico imaginando se Jesus faria o mesmo.
Como foi que Jesus agiu com a mulher descoberta em adultério (João 8, 1-11) ? Ele jogou pedra ? Ele achou justo que os outros a apedrejassem ? Não! Sabiamente, ele a livrou da morte, da ira dos tidos como "justos"! Aliás, mandou que eles olhassem para si mesmos e vissem que também eram pecadores, já que o orgulho daqueles algozes os impedia de se considerarem como tais.
Aí está o orgulho: Não se vê o "tamanho" do próprio pecado, mas se considera "imenso" o do outro! Nada mais enganador! Nada mais diabólico!
Por isto é que "Deus resiste aos soberbos [orgulhosos], mas dá sua graça aos humildes" (Tiago 4, 6). O orgulhoso não permite que a graça de Deus o alcance, e Deus respeita essa decisão. O pecador humilde arrasta para si toda a misericórdia divina, que "alveja" sua alma, que o santifica.
Veja o exemplo que Jesus usou para mostrar como é a misericórdia divina: Lucas 15, 11-24 (A Parábola do Filho Pródigo).
Bastou o filho que havia abandonado a Casa do Pai arrepender-se e começar a voltar para o Pai, que este, "movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou" (Lucas 15, 20).
Pergunta: O Pai disse ao filho, ainda ao longe, alguma das frases abaixo ?
"Eh, rapaz, quero ver se você muda mesmo! Torrou parte da minha fortuna e agora vem de cara lisa ?" Ou então: "Eh, sujeito, vai pra roça, trabalhar com os servos, antes de eu pensar em deixar você entrar em casa de novo!" Ou ainda (pelo menos!): "Olha, tudo bem, mas vá tomar um bom banho porque esse fedor de porcos tá demais!" 
Foi assim que o Pai fez ? Foi esse tipo de condição que o Pai impôs para acolher o Filho ?
De jeito nenhum!
O filho estava "podre de fedor", não só porque estava trabalhando com porcos e disputando na lama as bolotas que jogavam a esses animais, mas sobretudo pelo seu pecado.
Mas o Pai não quis nem saber: "movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou" (Lucas 15, 20).
Na verdade, o Pai nem respondeu ao que o filho tinha decorado para dizer ("Meu Pai, pequei contra o céu e contra ti [...]"). Foi logo se voltando aos servos e mandando que eles vestissem o filho e preparassem um banquete. Sabe por quê ? Porque ao Pai, a Deus, que é a misericórdia em pessoa, não interessam as justificativas, as explicações. Ele quer seu filho: eu e você, pecadores que se reconhecem pecadores, que não barram a graça do perdão, da misericórdia, do amor, com o maldito orgulho!
Pecadores sim, mas que confiam na misericórdia de Deus porque já experimentaram de verdade este Amor, porque já viram bem fundo naqueles belos olhos de ternura o aconchego do perdão!
Que belos olhos de amor tem Jesus!
Como é triste ver irmãos em Cristo afastarem-se de outros que não participam mais do grupo de oração.
Lembro-me do que disse um padre de uma Nova Comunidade numa pregação: "No quadrante seguinte, nem aparecem mais os nomes daqueles que saíram do grupo, mas estes nomes deveriam estar no topo da primeira folha do quadrante, pois são os que deveriam ser mais lembrados".
Como não combina nem um pouco com o Evangelho achar orgulhosamente que estando no grupo ou na comunidade, garantida está a "santidade", e que aos "de fora" resta a impiedade!
Tenho visto tanta gente trilhando o caminho da santidade sem estar em grupo ou comunidade!
Por exemplo: Uma mãe de família que era bem farristazinha quando solteira e que hoje, casada, com filhos, suporta no Amor os desafios de ter um marido imaturo, que gosta de beber de vez em quando, o qual não partilha de modo justo o fardo do lar! Essa jovem mãe é paciente, não tem ataques histéricos, não vive murmurando, nem colocando o marido "na parede" para ele agir de outro modo. Sabe o que ela faz ? Vive o Evangelho: simplesmente ama! E muita gente não acreditava que ela seria assim quando casou grávida. Mas, como diz a Palavra: "O Espírito sopra onde quer" (João 3, 8), e não somente nos grupos de oração ou comunidades.
Que lição de amor para o orgulhoso!
Uma vez ouvi de um fundador de uma Nova Comunidade, numa pregação para seus membros: "Vocês não deveriam se escandalizar com os pecados que alguns membros da comunidade cometem. Deveriam se escandalizar é com a falta de misericórdia que vocês têm com esses irmãos!"
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parábola_do_Filho_Pródigo
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: 
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

O Caminho de Deus é o teu lugar

Uma das canções que mais tocam meu coração é aquela do Walmir Alencar, que diz: "O Caminho de Deus é o teu lugar". Noutra estrofe, a letra diz: "Não importa se tu és pecador", e repete a frase dita acima. Realmente, a misericórdia de Deus supera tudo: vai além dos nossos pecados, da nossa incapacidade de nos vermos como Deus nos vê e do cruel rigor com que não nos perdoamos, por vezes durante longo período, quando Deus já nos perdoou há muito tempo!
Creio que aquele que faz do Caminho de Deus o seu lugar consegue, inobstante as quedas, crescer, amadurecer, ver-se um pouco mais como Deus o vê: com Amor, só Amor, nada além do Amor!
Aliás, esta é a essência de Deus. Portanto, ele não poderia nos ver de modo diferente: "Deus é amor" (I Jo 4, 8).
Meu querido irmão, minha querida irmã, se você hoje não se perdoou, saiba: "Onde você vê uma falta a condenar e a punir, Deus vê uma miséria a socorrer"(1). Ainda que você mesmo(a) diga que não tem mais jeito, saiba: "o Caminho de Deus é o seu lugar".
E qual é o "Caminho de Deus" ? Quem é o "Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6) ?
Pois é: Seu lugar é no Caminho, em Jesus Cristo, no Sagrado Coração traspassado de amor por mim e por você! Entre agora, pela fé, nesse Coração Santo e repouse todo o seu ser no infinito Mar da Misericórdia!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

Imagem: www.everystockphoto.com.
(1) Autor desconhecido.

Lectio divina: Amamos, porque Deus nos amou primeiro!


     
     Graças a Deus, ele mesmo providenciou a nossa lectio divina matutina!
     Antes, porém, confira uma fundamental explicação sobre lectio divina no artigo "Ano novo, vida nova!" 

     1º degrau: Leitura.
     Abra a sua Bíblia na Primeira Carta de São João, capítulo 4, versículo 19. Nossa lectio divina irá até o capítulo 5, versículo 4.
     Vamos ler a leitura do dia de hoje: Primeira Carta de São João, capítulo 4, versículo 19, até o capítulo 5, versículo 4:

     “19.Amamos, porque Deus nos amou primeiro. 20.Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. 21.Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão. 1.Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado. 2.Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. 3.Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, 4.porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.”

     Agora leia novamente este texto bíblico por mais 4 vezes, procurando perceber o que a palavra diz.
     Esta é uma palavra de poder! Deus vai mudar sua vida hoje, por meio desta palavra!
     O centro desta palavra é o versículo 19, do capítulo 4: “Amamos, porque Deus nos amou primeiro”.
     Amar a Deus e ao próximo seria totalmente impossível se o amor de Deus não tivesse sido derramado em nossos corações, se Deus não nos tivesse amado primeiramente, antes de tudo!

     2º degrau: Meditação.
     O que o texto diz para mim ?
     Porque Deus nos amou, agora somos capazes de amá-lo e de amar o próximo. Por isto, podemos obedecer o mandamento de Deus, que nos orienta a amá-lo sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos! Deus jamais poderia nos mandar amar se ele não nos tivesse amado antecipadamente.
     Como Deus nos ama, somos capazes de amar, de perdoar nossos irmãos!
     Hoje, apoiado no amor de Deus, eu posso viver a Verdade, amar aquela pessoa que me feriu, que me ofendeu, que me agrediu, que me humilhou! Amando aquela pessoa, eu amo o próprio Deus, e permaneço na Verdade!

     3º degrau: Oração.
     Qual a minha resposta a Deus mediante esta palavra ?
     Senhor, hoje, com a tua graça, eu decido perdoar! Eu perdoo, Senhor, aquela pessoa que me feriu! Sim, Jesus, porque tu me amaste e me amas, eu posso amar! Só posso dar o que recebi! Como eu recebi agora o teu amor, posso dar este amor àquela pessoa que tanto necessita de ti, Jesus! Antes, eu não conseguia perdoá-la, mas agora, com o teu amor, eu a perdoo, em teu nome, Jesus!

     4º degrau: Contemplação.
     A contemplação não é fruto da nossa iniciativa. É graça de Deus. Por meio de Jesus Cristo, a Palavra, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, Deus realiza em nós maravilhas!
     Assim, oremos:
     Jesus Cristo, meu Senhor e meu Deus, eu te louvo porque o teu amor supera tudo, o teu amor vence o ódio, e eu acolho todo o teu amor agora, neste momento, Senhor! [Pausa]
     Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. Amém!
     Shalom!
     Álvaro Amorim.
     Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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Lectio divina: O perfeito amor lança fora o temor!


     
     Com a graça de Deus, realizemos a nossa lectio divina da manhã! 
     Mas antes, não deixe de ler o artigo "Ano novo, vida nova!", para você fazer bem esta lectio divina. 

     1º degrau: Leitura.
     Abra a sua Bíblia na Primeira Carta de São João, capítulo 4, versículo 11. Nossa lectio divina irá até o versículo 18.
     Vamos ler a leitura do dia de hoje: Primeira Carta de São João, capítulo 4, versículos 11 a 18:

     “11.Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos amar uns aos outros. 12.Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. 13.Nisto é que conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito. 14.E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo. 15.Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. 16.Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.  17.Nisto é perfeito em nós o amor: que tenhamos confiança no dia do julgamento, pois, como ele é, assim também nós o somos neste mundo. 18.No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor.”

     Agora leia novamente este texto bíblico por mais 4 vezes, procurando perceber o que a palavra diz.
     Esta é uma palavra de verdadeira libertação! Ela nos liberta de muitos mitos que tentam nos distanciar de Deus e dos irmãos!
     São João, o discípulo amado, inspirado pelo Espírito Santo, mostra que, como Deus nos amou, devemos amar nossos irmãos. E como foi que Deus nos amou ? Entregando seu próprio Filho, Jesus Cristo, para morrer em nosso lugar. Deus nos amou dando a vida por cada um de nós. Assim, devemos amar nosso irmão: dando a vida para que ele tenha vida, encontre-se com o amor de Deus, Jesus Cristo!
     Tudo o que é diferente desse amor não é amor! Se houver temor, medo de ser castigado, punido, sentimento de culpa, remorso, não é amor, não vem de Deus! “O perfeito amor lança fora o temor”.

     2º degrau: Meditação.
     O que o texto diz para mim ?
     O Senhor me diz que devo lançar fora tudo o que não é amor para amá-lo e amar meus irmãos com o amor de Deus!
     Assim, não devo ter medo de ir para o inferno, não devo ter remorso ou sentimento de culpa.
     Pequei ? Procuro um sacerdote e confesso meus pecados! Perdoado por Deus, sou uma nova criatura, que lançou fora tudo o que era ruim e permanece no amor, em Deus!
     Devo amar a Deus e aos meus irmãos como Deus me ama: sem medo, sem culpa, sem sentimentos ruins, mas dando a vida por eles!

     3º degrau: Oração.
     Qual a minha resposta a Deus mediante esta palavra ?
     Senhor, tu me amas demais!
     Eu quero acolher todo o teu amor agora, Jesus, e assim deixar que o teu Espírito lance fora tudo o que não for amor, quero amar, decido amar, escolho o amor! Eu te escolho, Jesus Cristo!
     Quero amar também os meus irmãos, quero lançar fora do meu coração todo sentimento ruim e permanecer somente no amor, em ti, Jesus!

     4º degrau: Contemplação.
     Contemplar é permanecer no Coração traspassado de Jesus, bebendo da fonte da Paz! Por isto, não é uma ação nossa, é comunhão com o próprio Deus, que faz milagres em nós por meio de sua Palavra viva, encarnada, seu Filho Jesus Cristo!
     Podemos orar:
     Jesus Cristo, meu Senhor e meu Deus, ama-me agora e conduze-me a amar a ti e aos meus irmãos! Com o teu amor, vence-me, Senhor! Eu me rendo ao teu amor! Estou cansado de lutar, de dar uma de durão, de ter um coração de pedra! Eu decido livremente amar, Jesus! Quero te amar assim e amar meus irmãos também! Vem, amor de Deus, sobre mim! [Pausa]
     Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. Amém!
     Shalom!
     Álvaro Amorim.
     Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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Lectio divina: Deus é amor!

      

     
     Façamos a nossa lectio divina matutina!
    Para se aprofundar no milenar método da lectio divina, leia antecipadamente o artigo "Ano novo, vida nova!"

     1º degrau: Leitura.
     Abra a sua Bíblia na Primeira Carta de São João, capítulo 4, versículo 7. Nossa lectio divina irá até o versículo 10.
     Vamos ler a leitura do dia de hoje: Primeira Carta de São João, capítulo 4, versículos 7 a 10:

     “7.Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 8.Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9.Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. 10.Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados.”

     Agora leia novamente este texto bíblico por mais 4 vezes, procurando perceber o que diz a palavra.
     A palavra fala da própria essência de Deus: amor. “Deus é amor”, diz-nos São João, o discípulo que foi muito amado por Jesus Cristo.
     Exatamente porque João foi muito amado por Jesus Cristo, porque ele reclinou sua cabeça no peito do Senhor, ele pode, inspirado pelo Espírito Santo, declarar a grande verdade sobre Deus: em Jesus Cristo, Deus é amor!

     2º degrau: Meditação.
     O que o texto diz para mim ?
     A Palavra me fala que Deus é amor, e, por isto devo amar os meus irmãos com o amor de Deus.
     São Paulo pode nos ajudar a entender como Deus nos ama. Será que Deus é castigador ? Será que Deus fica chateado conosco quando pecamos ?
     Muitas vezes, projetamos em Deus realidades que não lhe pertencem. Às vezes, porque nosso pai da Terra foi muito duro conosco, nos castigava, ficava muito chateado quando não tínhamos determinado comportamento, achamos que Deus-Pai é também assim.
     É a própria palavra de Deus que vai nos mostrar como Deus é verdadeiramente amor! Deus é amor, e ele ama assim:
     "“4.O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. 5.Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. 6.Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. 7.Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8.O amor jamais acabará.” (Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, versículos 4 a 8a).
     Meu irmão, minha irmã, é assim que é Deus, é deste modo que ele ama você: pacientemente, mesmo diante de sua lentidão em responder a esse amor; sem guardar nada de mal, pois ele é o próprio Bem; tudo desculpando, tudo esperando, tudo suportando! O amor de Deus por você é eterno, jamais acabará!

     3º degrau: Oração.
     Qual a minha resposta a Deus mediante esta palavra ?
     Senhor, tu me amas mesmo! Toda a ideia errada que eu tinha sobre o teu amor passou! Vejo, Jesus, que tu me amas infinitamente, que não é o meu comportamento que dita o amor que tu tens para comigo! Tu és amor, Senhor, tu só sabes me amar!
     Por isto, Jesus, eu decido te amar também! Eu decido amar os meus irmãos, os meus familiares, aquelas pessoas mais difíceis! Eu quero amá-las como tu me amas: sendo paciente, bondoso, não tendo inveja, não sendo orgulhoso, não sendo arrogante, nem escandaloso. Não quero mais buscar os meus próprios interesses, mas os teus, Senhor, para aquela pessoa. Não quero mais me irritar, nem tampouco guardar rancor! Com a tua graça, Jesus Cristo, quero desculpar, perdoar tudo o que aquela pessoa me fez, pois eu creio em ti! Assim, eu espero em ti, Jesus, e com o teu amor, decido suportar tudo, pois sei que a cruz leva à ressurreição!

     4º degrau: Contemplação.
     Pela Palavra encarnada, Jesus Cristo, Deus derrama em nossa vida a sua graça, nesta contemplação, que é ação do próprio Deus, não nossa!
     Por isto, oremos:
     Jesus Cristo, meu Senhor e meu Deus, amor de Deus derramado em mim, envia o teu Espírito de Amor e opera agora a salvação na minha vida! [Pausa]
     Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. Amém!
     Shalom!
     Álvaro Amorim.
     Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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A maior graça de perdão da minha vida!

     “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8, 28).
     Este versículo bíblico, na minha vida, tem sido uma realidade tão forte, tão real, tão concreta, que é impossível não recordá-lo a cada acontecimento marcante da minha história.
     Foi assim também na maior obra de perdão vivida por mim.
     A minha família era composta por quatro pessoas: papai, mamãe, eu e minha irmã Isabelle.
    Nós nos amávamos muito! Minha família era católica, mas aquele tipo de católico que vive uma religiosidade deturpada, que pratica ritos e mais ritos, mas que nem entende o que está fazendo e que se permite viver segundo sua própria vontade e não exclusivamente segundo a vontade de Deus. Hoje vejo que nos faltava um encontro pessoal com Jesus Cristo, mas um encontro mesmo, real, que transforma a vida!
     Com o tempo, meu pai e minha mãe começaram a buscar o poder, o possuir e o prazer, cada um de seu modo, o que não demorou por arruinar o casamento deles e, consequentemente, nossa família. Vieram as brigas constantes. Lembro-me de que eles discutiam na nossa frente, até na mesa das refeições. Isto nos marcou muito!
     Essa discórdia prolongou-se até que um dia meu pai saiu de casa. Ele passou sete meses longe de nós. Depois deste tempo, reconciliou-se com a mamãe, e os dois se dispuseram a dar mais uma chance para o seu casamento.
     Infelizmente, não deu certo, pois não apoiaram essa reconciliação em Cristo, na rocha que sustenta todo matrimônio. Então, no início da década de 1990, separaram-se definitivamente.
     Eu e minha irmã, com a graça de Deus, mesmo em meio a sofrimentos dilacerantes, conseguimos entrar na Universidade: eu, no Direito, ela, na Psicologia. Mamãe tentou manter nosso padrão financeiro, o que efetivamente conseguiu, com a graça de Deus. Mas isso não basta para uma família. Não tínhamos aquilo de que toda família necessita: Deus, união, perdão, reconciliação.
     Entretanto, a pessoa que mais sofreu com essa separação foi meu pai. Ele enveredou por farras, desequilíbrio financeiro, promiscuidade, o que o transformou de um modo que era impossível reconhecer nele aquele pai maravilhoso que viajava conosco para o Rio Grande do Sul, para a Argentina; que passava os fins-de-semana em nosso sítio em Mulungu, na Serra de Guaramiranga, ou em nosso apartamento na praia do Icaraí, ensinando-nos a descer as dunas, vendo-nos andar de caiaque, fazendo churrasco e tomando banho de piscina conosco.
     Pensando estar “livre”, meu pai deixou-se escravizar por uma vida sem Deus. Lembro-me de que tudo para ele era relativo, não havia mais, para ele, o Absoluto, o próprio Deus! Assim, meu pai caiu ainda mais, até se envolver com práticas ilegais. Ele cometeu crimes, como estelionato, e acabou sendo preso em flagrante delito. Foi uma das maiores dores da minha vida! Quando eu e minha irmã fomos visitá-lo na Delegacia, choramos muito! Ele estava muito abatido, psicologicamente arrasado, espiritualmente morto! Após esse dia, ele foi solto e preso mais duas vezes, até que conseguiu permanecer solto para responder os processos criminais em liberdade. Contudo, suas escolhas de vida levaram-no à morte! 12 anos após sua separação da mamãe, com 62 anos de idade, ele faleceu num hospital em Fortaleza, vítima de parada cardíaca ocasionada por septicemia. Na verdade, hoje vejo claramente que a causa primeira de sua morte foi a separação, foram as escolhas erradas, foi a recusa a Deus.
     Eu também não passei ileso este tempo todo. A psicologia fala que o filho homem tem o pai como heroi, busca imitá-lo desde pequeno, e, muitas vezes, para “pedir amor”, quando o pai se ausenta, imita-o até nos comportamentos destrutivos. Foi assim comigo. Também enveredei pela farra, pelas orgias, querendo ser aceito por meu pai, ter seu “amor” de volta. Inconscientemente, fazia tudo isso para ser aceito, acolhido por ele. Lembro-me de uma das cenas mais tristes que vivi. Triste hoje, porque na época achei “o máximo!” Como eu estava cego! Certa vez, fui para um quarto de motel com uma mulher, e meu pai ficou no quarto ao lado com outra mulher. No momento, muita bebida, muita “festa”! Saímos do motel rindo, mas eu não tinha noção do tamanho da ferida que isso abriu em meu coração!
     Na verdade, dentro de mim, coexistia um misto de “amor” e ódio pelo meu pai. Acho que eu não o amava mesmo, porque o amor quer o bem do outro, mas o bem mesmo! Como eu não conhecia o Bem, Deus, logo não amava meu pai. Aliás, nem me amava, por isso “me matava” nessa vida louca!
     E assim vivi até o Senhor me encontrar. E graças ao próprio Jesus, ele me encontrou antes de levar meu pai, 1 ano e meio antes de sua partida para a casa do Pai.
    O encontro que me tirou da lama, dessa “vida de morte”, aconteceu nos dias 18, 19 e 20 de agosto de 2000. Foi um maravilhoso seminário de vida no Espírito Santo, promovido pelo Projeto Mundo Novo, da Comunidade Católica Shalom. Ali, naquele seminário de vida, o encontro com Jesus, que está vivo, que ressuscitou, que vence todo pecado, toda morte, fez-me perdoar meu pai.
     Era domingo, dia da Ressurreição do Senhor, por volta das 11h da manhã, na sala de cima da casa de retiro da Porciúncula, onde ocorreu o seminário de vida no Espírito Santo. Um dos servos de seminário orou por mim, durante o momento da efusão, e proclamou, da parte de Deus, que o Senhor me convidava a perdoar meu pai, que o próprio Jesus me concedia a graça de perdoá-lo, e que, para vencer minhas resistências, chamava-me para seus braços, acolhia-me como filho seu. Imediatamente, repousei no Espírito Santo! Caíram por terra não somente meu corpo, mas também o ódio, a ira que me consumiam! Jesus Cristo me libertou! Na fé, eu vi o Senhor! Corri para seus braços, chorei muito, beijei-o, abracei-o! Então, amado por Jesus Cristo, voltei a amar meu pai, a querer abraçá-lo, a dizer para ele que eu o amava, que o tinha perdoado!
     Encontrei-me com meu pai, perdoei-o, abracei-o, beijei-o e, a partir daquele dia, minha convivência com ele mudou.
     Hoje, louvo Jesus Cristo porque ele me preparou para a partida do meu pai. Diante do corpo do meu pai, no velório, eu chorava, meu coração doía muito, mas eu estava na Paz, em Cristo, não me desesperei, porque, inclusive, Deus foi tão bom que pude ver meu pai, antes de sua morte, arrependido de tudo o que tinha feito: deu tempo para ele voltar para Deus aqui na Terra, antes de se encontrar com o Pai do Céu! Com isto, Jesus pacificou meu coração.
      A prova maior de que sou plenamente reconciliado com meu pai é que posso falar abertamente disto tudo, sem nenhuma dor em meu coração. Ao contrário, recordando todos esses acontecimentos, posso dizer com tranquilidade que Deus sempre esteve conosco, mesmo quando não queríamos estar com ele. É um mistério, mas percebo que, de cada mal que vivíamos, Deus retirava um bem para cada um de nós. Numa palavra: “Deus é amor” (I Jo 4, 8).
     Para a alegria ser plena, completa, faltava ainda um perdão. E confesso que este foi mais difícil. Aliás, era “impossível”, porque eu sabia que deveria perdoar, inclusive por hoje ser consagrado na Comunidade Católica Shalom, mas eu não queria!
     Após a separação entre meu pai e minha mãe, o papai teve uma união de fato com outra mulher. Desse relacionamento, no ano de 1997, nasceu uma menina.
     Era exatamente aí que residia a maior obra de perdão que Deus faria na minha vida!
     Após a morte do meu pai, a mulher que teve esse relacionamento com ele ingressou com uma ação judicial para declarar a existência dessa união de fato (chamada “união estável” no ordenamento jurídico brasileiro). Os promovidos nessa ação éramos eu e minha irmã Isabelle.
     Esta minha irmã Isabelle, logo após a separação dos meus pais, foi estudar e morar fora. Hoje ela é professora da Universidade de Bangkok, na Tailândia. Por não morar no Brasil, minha irmã nunca fora citada nesse processo.
     Eu também nunca fui citado, mas por não querer mesmo, porque tinha ódio no meu coração. É verdade: consagrado não está isento disso! É separado por Deus, mas precisa, a cada dia, de conversão, necessita encontrar-se com o Senhor todo dia, porque a obra de conversão é até a morte, e, graças ao Senhor, esta obra de perdão aconteceu!
     Como advogado que sou, costumo acompanhar os processos dos meus clientes frequentemente e, em uma dessas idas ao Fórum, resolvi “olhar” esse processo de declaração de união de fato (chamada “união estável” no ordenamento jurídico brasileiro).
     Jesus Cristo tinha uma surpresa para mim!
     Folheando os autos do processo muito rapidamente, parei numa folha que continha a fotocópia da carteira de identidade de uma criança. Vi então a fotografia da minha irmã, a Vitória, filha do meu pai com a mulher com quem ele viveu uma união de fato, após sua separação da mamãe.
     Ao olhar para aquela foto, senti algo forte no meu coração! Fechei os autos e os entreguei ao servidor da Secretaria da Vara. Não consegui fazer mais nada do trabalho após isto! Sofri um verdadeiro “bombardeio” em meu coração! Comecei a ouvir em meu coração: “Essa criança é minha irmã!”, “Que menina linda!”, “Quanto tempo fugi dela!” E assim, Jesus arrancou meu coração de pedra e colocou no lugar um coração novo, um coração de carne, que pulsa, que ama!
     Do ódio, passei a ter saudade! É mesmo: como é possível ter saudade se não se conviveu ?! Pergunte a Jesus! Fiquei com uma vontade louca de ver minha irmã, de abraçá-la, de beijá-la, de pedir-lhe perdão por ter fugido, por ter me escondido dela durante toda a sua infância!
     Do Fórum, o Senhor me conduziu a uma praça de alimentação num “shopping”, onde eu só conseguia enxergar diante de mim, nas outras mesas, jovens mulheres com suas filhas. Parece que o Senhor me mostrava, em cada mesa da praça de alimentação, minha irmã com sua mãe, que é uma jovem mulher também. Era como se ele estivesse me dizendo: “Olha, meu filho, tua irmã é assim, bela como essas crianças!”
    Desabei num choro sem me conter! A graça veio com toda a sua força, e eu disse “SIM!”: “Sim, Jesus, eu quero minha irmã, eu a amo, quero vê-la, pedir-lhe perdão. Quero perdoar a mãe da minha irmã e também pedir-lhe perdão por não ter reconhecido um direito seu, previsto no ordenamento jurídico do meu País!”
     Minha esposa, a Sabryna, estava na Reciclagem Shalom (retiro de 10 dias para os membros da Comunidade), por isto eu não podia me comunicar com ela (somente em casos gravíssimos eu poderia ligar para a secretaria da Reciclagem e pedir para avisarem-na). Mas, foi ótimo: ficamos sós, eu e Deus, para que a decisão fosse toda minha, exclusivamente minha, apoiada na graça de Deus!
     Eu sabia o número do telefone celular da mãe da minha irmã, mas nunca tinha ligado para ela. Então, nesse mesmo dia, liguei para ela, disse que eu queria reconhecer a união que ela tivera com meu pai, porque era direito seu, e marquei um encontro com ela na manhã seguinte no meu escritório. Nesse encontro, eu iria pedir a ela que eu pudesse ver sua filha, minha irmã.
     Passei o resto do dia sozinho em casa, em profunda oração.
     Não foi fácil, é claro! O perdão é sempre uma decisão nossa, apoiada na graça de Deus. A graça já tinha vindo, mas a minha decisão foi tentada pelo Diabo. Fiquei o resto da noite como Jesus no deserto: sozinho, sob forte tentação.
     Parênteses: Para você que duvida da existência do Diabo, saiba que a maior artimanha que ele usa é fazer a pessoa achar que ele não existe! Assim, fica mais fácil para ele “trabalhar”! Mas ele existe e nos tenta, e não foi diferente comigo. Veja como o Diabo é ardiloso!
     Como minha amada e querida mamãe já tinha falecido em 2007, vítima de câncer no fígado, o Diabo começou a “soprar” no meu ouvido, tentando-me para que eu não cooperasse com a graça de Deus e assim não me reconciliasse com minha irmã e com sua mãe.
     Na noite da tentação, ele me dizia: “Rapaz, você vai perdoar essa mulher ?! Olha, sua mãe sofreu muito quando soube que seu pai estava com ela! É, sua mãe! Aquela que sempre cuidou de você, que esteve sempre presente quando seu pai se separou de vocês, que chorou muito pelo que seu pai fez! Sua mãe não ia querer ver você abraçado com essa mulher e com a filha que nasceu dela com seu pai! Deixa isso pra lá! E seus familiares, e os irmãos da sua mãe ?! O que vão dizer ? Você sabe que eles são conservadores! Eles viram o que sua mãezinha sofreu!”
     Você viu como o Diabo age ? Tem alguma dúvida ainda ? Ele é tão esperto que usa até a verdade para tentar incutir em nós a sua mentira! É verdade que a mamãe sofreu, claro! Ninguém que ama, mesmo separada, gosta de ver seu marido numa união com outra mulher! Mas o cristão verdadeiro, que não vive uma religiosidade deturpada, só de ritos exteriores, aquele que teve um encontro pessoal com o Senhor, segue Jesus Cristo agindo como ele, nessas horas mais difíceis, mais desafiantes, perdoando “até setenta e sete vezes” (Mt 18, 22), porque “se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar” (I Jo 4, 20).
     Porém, o golpe mortal na tentação do Diabo foi dado por Jesus, o Cordeiro imolado que venceu!
     Após toda essa tentação, Jesus me disse, em oração: “Meu filho, onde está tua mãe ? Com quem está tua mãe ?” Eu respondi: “Senhor, ela está em ti, ela está no Céu!” Então, Jesus falou para mim, no mais profundo do meu coração: “Meu filho, quem está comigo vive a plena felicidade, todo mal passou, toda lágrima foi enxugada, não há um espaço sequer para o menor dos ressentimentos! Tua mãe, que está em mim, é toda amor! Perdoa, vai em frente, meu filho, tua mãe intercede por ti junto a mim, para que tu dês esse perdão, para que tu te reconcilies com tua irmã, para que tu ames!”
     Eu chorei muito! O Diabo foi calado por Jesus e retirou-se! Cheio do Espírito Santo, juntamente com Nossa Senhora, eu fiz um grande louvor a Jesus Cristo e fui dormir na Paz!
     No dia seguinte, fui cedo ao escritório. Cheguei uma hora antes do horário marcado e, como estava ansioso, ia de vez em quando para a porta de fora olhar se alguém vinha. Numa dessas idas, vi a mãe da minha irmã e, porque Deus me ama demais, vi também minha irmã vindo com ela. Comecei a chorar, corri para abraçá-la, ela me abraçou fortemente, choramos juntos, eu disse que a amava, pedi-lhe perdão por tudo o que eu fizera. A mãe dela estava aos prantos, e nós nos abraçamos também. Ela me pediu perdão, eu pedi perdão a ela. Entramos no escritório e pude contemplar mais uma maravilhosa obra de Deus: minha irmã nem precisou me perdoar! Deus a tinha preservado de todo ressentimento contra mim e contra minha outra irmã. Na verdade, a Vitória, nossa bela irmã, sempre nos amou, a mim e à Isabelle. Depois, sua mãe me disse que falava assim para ela, desde quando ela era bem pequena: “Vitória, ame seus irmãos. Eles são seus irmãos! Um dia, Deus tocará o coração deles, e eles virão até você”. E esta palavra cumpriu-se, graças a Jesus Cristo, nosso Senhor e Deus!
     Isto aconteceu em julho deste ano de 2009. Em novembro, minha outra irmã, a Isabelle, chegaria da Ásia para passar férias aqui em Fortaleza.
     Então, preparei-me em oração, na Eucaristia e no terço diários para contar-lhe tudo o que acontecera. Como procurador da minha irmã Isabelle no Brasil, também tinha a obrigação de dizer-lhe que eu reconhecera a união de fato entre o nosso pai e a mãe de nossa irmã. Mas, muito mais do que uma obrigação jurídica, eu queria partilhar o amor que estava em meu coração. Como eu a amo, queria que ela também amasse a Vitória e a acolhesse como irmã!
     Quando a Isabelle chegou, convivemos bastante e, no início do mês de dezembro deste ano de 2009, fomos à praia, somente eu e ela.
     Contei-lhe tudo. Como Deus é fiel, e sua graça toca todos os corações, minha irmã Isabelle acolheu de todo coração a obra de reconciliação que o Senhor realizara na minha vida e disse que queria encontrar-se com nossa irmã Vitória também.
     Então, no dia 18 de dezembro deste ano de 2009, numa sexta-feira, dia da semana sempre consagrado ao Coração de Jesus, coração traspassado de amor por cada um de nós, coração misericordioso, vencedor!, eu, minha irmã Isabelle e minha irmã Vitória nos encontramos naquele dia que ficará marcado por toda a minha vida como “O Encontro dos Irmãos”!
     Nós nos amamos muito, nos abraçamos, nos beijamos, tiramos muitas fotos. Minha irmã Isabelle, que mora na Ásia, trocou e-mails com minha irmã Vitória, e combinaram em se falar pelo Skype também.
     Quando fui deixar minha irmã Vitória na casa de sua mãe, nós três nos despedimos com um forte abraço e um beijão, e, no carro, após toda essa “explosão”, efusão do Amor de Deus, em silêncio eu orava: “Senhor, eu te amo! Jesus, eu te adoro! Jesus, muito obrigado por essa vitória tua em nossas vidas! Obrigado pela Vitória, pela Isabelle, minhas irmãs! Obrigado, Jesus, porque sei que Nossa Senhora, nossa Mãezinha querida, intercedeu para que seus filhos se reencontrassem, se reconciliassem, se amassem! Obrigado, Jesus, pela maior graça de perdão da minha vida!”
     Shalom!
     Álvaro Amorim.
     Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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A justiça misericordiosa de Deus


         Deus é justo!
Esta frase muitas vezes traz à mente alguns aspectos que não condizem com a verdadeira justiça divina.
Mas como averiguar se o que vem à mente é verdadeiro em relação a Deus ou não passa de uma imagem deturpada da justiça divina ?
É simples (nem tanto, mas consideremos que Deus é o Simples por excelência e procuremos imitá-lo). Se vem à mente algum dos aspectos abaixo, podemos ter certeza: ainda temos uma imagem distorcida da justiça divina:
1) Deus é justo! Aquela pessoa realmente extrapolou! Agora, Deus fez justiça!
Errado! A justiça divina não é uma sanção ao criminoso, como a justiça humana, que lhe devolve em punição o que ele cometera.
2) Deus é justo! Ainda há de me fazer justiça com meu patrão que me persegue! Aliás, sou filho(a) de Deus, sou um(a) eleito(a) dele!
Errado: Deus ama todos igualmente, infinitamente, bondosamente. Nenhuma atitude, seja de quem for, pode pelo menos "arranhar" o amor de Deus, que é sempre total, pleno, seja para o empregado oprimido, seja para o patrão opressor.
3) Deus é justo! Ele é misericordioso, é verdade, mas ele também é justo  (como se a justiça e a misericórdia fossem atributos divinos opostos ou que não estivessem "visceralmente" ligadas).
Errado! Sobre este último aspecto, gostaria de tecer um comentário maior.
Quem é o homem ? O que é o homem (homem e mulher) ? Quem é Deus ? Postos lado a lado, num exercício imaginativo de proporções, como ficaria o homem diante de Deus ?
Realmente a disparidade é infinita! Basta vermos nosso pecado e a santidade de Deus, nosso ódio e seu amor, nossa dura e real limitação e sua infinita grandeza, ilimitada, sem fim.
Que tal então, só para imaginarmos melhor, compararmos o homem a um grão de areia, e Deus a um deserto, onde está esse grão de areia ?
Pronto, agora vamos falar de justiça divina.
Será que se Deus não for sempre, mas sempre mesmo, misericordioso, diante de qualquer situação, atitude, ação ou reação do homem, ele será justo ? Será que, sendo Deus todo santo, todo amor, todo bondade, e o homem sendo limitado, fraco, pecador, poderia Deus não ser misericordioso sempre ?
Portanto, só há, em relação à justiça divina, uma conclusão "lógica":
SE DEUS NÃO FOR MISERICORDIOSO, ELE NÃO É JUSTO, POIS, PARA SER REALMENTE JUSTO, ELE TEM QUE TRATAR O HOMEM COM MISERICÓRDIA, AFINAL SABEMOS O QUE É O HOMEM E O QUE É DEUS!
Então você me pergunta: "Mas, Álvaro, para que este "tratado" sobre a justiça divina ?" De novo, é simples! Para eu e para você, formador(a), pastor(a), pregador(a), evangelizador(a), que formamos pessoas ao convivermos com elas, ou mesmo para quem não influencia tanto a vida dos outros, sabermos de uma vez por todas que, se desejamos ser como o nosso Deus é, devemos SEMPRE ser misericordiosos e não separarmos a justiça da misericórdia. SEMPRE! Isto vale para quem é autoridade, para quem prega, para quem atende o telefone. Quer ser justo, mas justo mesmo com o seu irmão ? Seja MISERICORDIOSO. Assim você seguirá uma pessoa chamada Jesus Cristo, pois assim ele é comigo, assim ele é com você: Justo, porque é misericordioso.
Shalom!
         Álvaro Amorim.
         Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
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