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Servir o Senhor e os homens

Hoje publico belíssimo texto de São Josemaria Escrivá, que tocou profundamente em meu coração.
Aliás, escrevendo agora esta introdução ao texto, recordo-me de como tem sido a missão do Santo Padre o Papa Francisco: tudo a ver com o que você vai ler agora:

“Servir o Senhor e os homens”
"Qualquer atividade - seja ou não humanamente muito importante - tem de converter-se para ti num meio de servir o Senhor e os homens: aí está a verdadeira dimensão da sua importância. (Forja, 684)
Não me afasto da mais rigorosa verdade se digo que Jesus continua ainda hoje a buscar pousada no nosso coração. Temos que lhe pedir perdão pela nossa cegueira pessoal, pela nossa ingratidão. Temos que lhe pedir a graça de nunca mais lhe fecharmos a porta de nossas almas.

O Senhor não nos oculta que a obediência rendida à Vontade de Deus exige renúncia e entrega, porque o amor não reclama direitos; quer servir. Ele percorreu primeiro o caminho. Jesus: como foi que obedeceste? Usque ad mortem, mortem autem crucis, até à morte, e morte de Cruz. Temos que sair de nós mesmos, complicar a vida,perdê-la por amor de Deus e das almas... Tu querias viver, e que nada te acontecesse; mas Deus quis outra coisa... Existem duas vontades: a tua vontade deve ser corrigida para se identificar com a Vontade de Deus, e não a de Deus torcida para se acomodar à tua.

Tenho visto, com alegria, muitas almas jogarem a vida - como Tu, Senhor, usque ad mortem! - para cumprir o que a vontade de Deus lhes pedia, dedicando seus esforços e seu trabalho profissional ao serviço da Igreja, pelo bem de todos os homens.

Aprendamos a obedecer, aprendamos a servir. Não há maior fidalguia do que entregar-se voluntariamente a servir os outros. Quando sentimos o orgulho que referve dentro de nós, a soberba que nos leva a pensar que somos super-homens, é o momento de dizer não, de dizer que o nosso único triunfo há de ser o da humildade. Assim nos identificaremos com Cristo na Cruz, sem nos sentirmos aborrecidos ou inquietos, nem com mau humor, mas alegres, porque essa alegria, o esquecimento de nós mesmos, é a melhor prova de amor. (É Cristo que passa, 19)".
(Fonte: www.opusdei.org.br).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
Imagem: www.opusdei.org.br.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Papa Francisco à Cúria Romana (Governo da Igreja): A Cúria sofre de infidelidades ao Evangelho

Que coragem a do Papa Francisco! Dizer que o Governo da Igreja sofre de "Alzheimer espiritual"!
Se todo líder religioso tivesse essa coragem e humildade...
[Leia o texto da Rádio Vaticano: 
http://pt.radiovaticana.va/news/2014/12/22/papa_%C3%A0_c%C3%BAria_doen%C3%A7as_e_tenta%C3%A7%C3%B5es_para_exame_de_consci%C3%AAncia/1115679]

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
Imagem: Andreas Solaro/AFP. 
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Papa Francisco fala sobre temas polêmicos

Você quer saber o que pensa o Papa Francisco sobre temas polêmicos ?
Clique aqui e assista à entrevista que ele concedeu ao repórter Gerson Camarotti, da Globo News.
Deus abençoe você! Álvaro Amorim.
Imagem: http://www.blogdoconsa.com/2013/04/a-gargalhada-do-papa.html. 
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

Fernão Capelo Gaivota

Diante do novo de Deus em minha vida, diante do novo do Espírito na Igreja, com a eleição de Francisco, a quem dedico este post, reproduzo um trecho de um livro que ficou em minh´alma e que emerge forte agora: "Fernão Capelo Gaivota", do aviador Richard Bach.

"Era de manhã e o novo Sol cintilava nas rugas de um mar calmo.
A dois quilômetros da costa, um barco de pesca acariciava a água. Subitamente, os gritos do Bando da Alimentação relampejaram no ar e despertaram um bando de mil gaivotas, que se lançou precipitadamente na luta pelos pedacinhos de comida. Amanhecia um novo dia de trabalho.
Mas lá ao fundo, sozinho, longe do barco e da costa, Fernão Capelo Gaivota treinava. A trinta metros da superfície azul brilhante, baixou os seus pés com membranas, levantou o bico e tentou a todo custo manter suas asas numa dolorosa curva. A curva fazia com que voasse devagar, e então sua velocidade diminuiu até que o vento não fosse mais que um ligeiro sopro, e o oceano com que tivesse parado, abaixo dele. Cerrou os olhos para se concentrar melhor, susteve a respiração e forçou... só... mais... um... centímetro... de... curva... Mas as penas levantaram-se em turbilhão, atrapalhou-se e caiu.
Como se sabe, as gaivotas nunca se atrapalham, nunca caem. Atrapalhar-se no ar é para elas desgraça e desonra.
Mas Fernão Capelo Gaivota — sem se envergonhar, abrindo outra vez as asas naquela trêmula e difícil curva, parando, parando... e atrapalhando-se outra vez! — não era um pássaro vulgar.
A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples fatos do voo — como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar.
Esta maneira de pensar não o popularizava entre os outros pássaros, como veio a descobrir. Até os próprios pais se sentiam desanimados ao vê-lo passar dias inteiros fazendo centenas de voos rasantes, sozinho.
Ele não sabia por que, por exemplo, quando voava sobre a água a uma altitude menor que a metade do comprimento das suas asas aberta, podia manter-se no ar mais tempo, com menos esforço. Esses voos rasantes não terminavam com a habitual amaragem de pés hirtos que feriam a água. Ele amarava de mansinho, os pés apertados contra o corpo, deixando apenas um rasto borbulhante. Quando começou a treinar as aterragens deslizantes na praia, e a contar em passos o comprimento do rasto na areia, os pais começaram a ficar deveras desanimados.
— Por quê, Fernão, POR QUÊ? — perguntava-lhe a mãe. — Por que é que lhe custa tanto ser como o resto do bando? Por que você não deixa os voos baixos para os pelicanos, para o albatroz? Por que não come? Filho, você está que é só pena e osso!
— Não me importo de estar só pena e osso, mãe. Eu só quero saber o que posso fazer no ar e o que não posso, é tudo. Só quero saber isso.
— Escute, Fernão — disse-lhe o pai com bondade. — O inverno não está longe.
Haverá poucos barcos e o peixe da superfície irá para zonas mais profundas. Se você tem necessidade de estudar, então estude o alimento e como consegui-lo. Esta história dos voos está muito certa, mas você tem de pensar que não pode comer um voo rasante. Não esqueça que a razão por que você voa é comer.
Fernão baixou a cabeça, obediente. Nos dias seguintes tentou comportar-se como as outras gaivotas; tentou de fato, gritando e lutando como o resto do bando, em volta dos pontões e dos barcos de pesca, mergulhando sobre restos de peixe e de pão. Mas não conseguiu.
"Não faz sentido", pensava ele largando deliberadamente uma anchova suculenta, que lhe custara bastante a ganhar, aos pés de uma velha gaivota esfomeada que o acossava. "Não faz sentido... Eu podia ganhar todo este tempo aprendendo a voar. Há tanto que aprender!"
Não tardou muito que Fernão Gaivota voltasse a pairar no céu, sozinho, longínquo, esfomeado, feliz, aprendendo.
O tema era a velocidade. Ao cabo de uma semana de prática, conseguira aprender mais sobre velocidade do que a gaivota viva mais rápida.
A trezentos metros de altura, batendo as asas com toda a força de que era capaz, lançou-se numa vertiginosa picada direta às ondas e aprendeu por que razão as gaivotas não fazem vertiginosos mergulhos picados. Em escassos seis segundos passou a mover-se a cento e vinte quilômetros por hora, velocidade que desequilibra a asa no arranque para a subida.
Vez após vez sucedeu o mesmo. Por mais cuidadoso que fosse, trabalhando até o limite da sua capacidade, perdia o controle em alta velocidade.
Subir a trezentos metros, dando primeiro tudo em frente; depois, dobrar o corpo e cair em mergulho vertical. Mas, sempre que tentava subir outra vez, a asa esquerda atrapalhava-se e fazia-o rolar violentamente para a esquerda. Ao tentar recuperar, era a asa direita que se atrapalhava, e então tremeleava como as chamas, num selvático movimento desordenado de parafuso, girando para a direita.
Não conseguiu ser suficientemente cuidadoso naquele arranque. Dez vezes tentou e dez vezes alcançou os cento e vinte quilômetros por hora, acabando sempre numa agitada massa de penas descontroladas que ia esmagar-se na água.
"A chave", pensou por fim, "deve estar em manter as asas paradas nas grandes velocidades — batê-las até chegar aos cento e vinte e depois pará-las."
Tentou outra vez a seiscentos metros, lançando-se no mergulho com o bico espetado, as asas bem abertas e firmes a partir do momento em que ultrapassou os cento e vinte quilômetros por hora. Precisou de uma força tremenda, mas deu resultado. Em dez segundos transformou-se numa mancha no céu, a cento e trinta quilômetros por hora.
Fernão acabava de estabelecer um recorde mundial de velocidade para gaivota!
Mas a vitória durou pouco. No instante em que tentou a horizontal, no instante em que modificou o ângulo das asas, projetou-se outra vez naquele terrível desastre descontrolado, e, a cento e trinta quilômetros, foi como se tivesse sido atingido por dinamite. Fernão Gaivota explodiu a meia altura e esmagou-se num mar duro como tijolo.
Quando voltou a si, a noite já era velha. Flutuava à superfície negra do oceano, encharcado em luar. As asas eram enormes e esfarrapadas barras de chumbo, mas o fracasso pesava-lhe ainda mais nas costas. Desfalecido, desejou que o peso fosse bastante para o arrastar docemente até o fundo, e acabar com tudo.
Ao afundar-se na água, uma estranha voz cavernosa soou dentro dele. "Não há nada a fazer. Sou uma gaivota. A minha natureza limita-me. Se estivesse destinado a aprender tanto acerca do voo, teria mapas em vez de miolos. Se estivesse destinado a voar a altas velocidades, teria asas curtas como o falcão e viveria de ratos em vez de peixes. O meu pai tem razão. Devo esquecer esta loucura. Devo regressar ao seio do bando e contentar-me com o que sou, uma pobre e limitada gaivota."
A noite sumiu-se, e Fernão acordou. Uma gaivota passa a noite em terra... A partir desse momento, jurou tornar-se uma gaivota normal. Seriam todos felizes.
Morto de cansaço, arrancou-se da água densa e voou para terra, grato pelo que aprendera: a forma de poupar trabalho voando a baixa altitude.
"Mas não!", pensou. "O que eu era acabou-se; acabou-se tudo o que aprendi. Sou uma gaivota como outra qualquer e voarei como uma delas." Assim, subiu dolorosamente a trinta metros e bateu as asas com mais força, apressando-se a chegar a terra. Sentiu-se melhor depois da decisão de ser apenas mais um do bando. Daí em diante não haveria mais laços a prendê-lo à força que o levara a aprender, não haveria mais desafios nem mais fracassos. E era bom deixar de pensar, e voar no escuro em direção às luzes da praia.
"ESCURO!" A voz irreal estalou em alarme. "AS GAIVOTAS NUNCA VOAM NO ESCURO!"
Mas Fernão não prestava atenção e não a ouvia. "É bom", pensava. "A Lua e as luzes brincando na água, atirando a pequenos lampejos, e tudo tão calmo, tão parado..."
"Desça! As gaivotas nunca voam no escuro! Se estivesse destinado a voar no escuro teria olhos de coruja! Teria mapas em vez de miolos! Teria as asas curtas do falcão!"
Envolto na noite, a trinta metros no ar, Fernão Capelo Gaivota... pestanejou. A dor e as resoluções desvaneceram-se.
Asas curtas. AS ASAS CURTAS DO FALCÃO!
"É isso! Como fui louco! Tudo o que preciso é de uma asinha curta, tudo o que preciso é fechar as asas o mais que puder e voar só com as pontas! ASAS CURTAS!"
Subiu a seiscentos metros acima do negro mar e, sem pensar um momento no fracasso ou na morte, apertou as asas de encontro ao corpo, deixou que apenas as pontas das asas cortassem o vento como lâminas de punhal e mergulhou na vertical.
O vento era rugido de um monstro na sua cabeça. Cem quilômetros por hora, cento e trinta, cento e oitenta, e ainda mais depressa. A tensão nas asas, agora que se deslocava à velocidade de duzentos quilômetros por hora, não chegava a ser tão forte como antes, a cento e trinta, e bastou-lhe mover só um bocadinho a ponta das asas para sair da queda sem dificuldade e disparar por cima das ondas como uma bala cinzenta de canhão apontada à Lua.
Semicerrou os olhos para se proteger do vento e regozijou-se. Duzentos quilômetros por hora! E controlados! Se mergulhasse de mil e quinhentos metros, em vez de seiscentos, que velocidade...
As promessas de momentos antes estavam esquecidas, varridas por aquele enorme vento rápido. E, contudo, não sentia remorso por não cumprir as promessas que fizera a si próprio. "Essas promessas são só para as gaivotas que aceitam o vulgar. Quem conseguiu chegar à excelência da sua aprendizagem não tem necessidade desse tipo de promessa."
Quando o sol começou a romper, Fernão Gaivota treinava outra vez. Vistos de mil e quinhentos metros, os barcos de pesca eram pontinhos escuros no azul liso da água, e o Bando da Alimentação, uma apagada nuvem de átomos de poeira, movendo-se em círculo.
Ele estava vivo, ligeiramente trêmulo de prazer, orgulhoso de que o seu medo estivesse dominado. Então, sem cerimônias, cingiu-se com as asas anteriores, estendeu as curtas, colocando as pontas em ângulo, e mergulhou diretamente em direção ao mar.
Quando passou os mil e duzentos metros, deslocava-se à velocidade máxima e o vento era um sólido muro de som contra o qual não podia mover-se mais depressa. Voava agora em pleno mergulho, à velocidade de trezentos e vinte quilômetros por hora. Engolia em seco, sabendo que se as asas se abrissem àquela velocidade ficaria reduzido a um milhão de pequenos fragmentos de gaivota. Mas a velocidade era poder, e era alegria e beleza pura. Começou o desvio a trezentos metros. As pontas das asas vibravam e ressoavam contra o vento gigante. O barco e a multidão de gaivotas cresciam à velocidade de um meteoro e lançavam-se diretamente no seu caminho.
Não podia parar; e ainda nem sabia como iria virar àquela velocidade.
A colisão seria morte instantânea.
Era melhor fechar os olhos.
Aconteceu então nessa manhã, logo a seguir ao nascer do sol, que Fernão Gaivota atravessou o Bando da Alimentação como uma bala, riscando o céu a trezentos quilômetros por hora, de olhos fechados, num tremendo rugido de vento e penas. A Gaivota da Fortuna sorriu-lhe desta vez e ninguém foi ferido.
Na altura em que espetou o bico para o céu, ainda flechava o ar a duzentos e quarenta quilômetros por hora. Quando por fim diminuiu para trinta e voltou a abrir as asas, o barco era apenas uma migalha no mar, mil e duzentos metros abaixo.
Na sua mente latejava o triunfo. Velocidade máxima! Uma gaivota a TREZENTOS E VINTE QUILÔMETROS POR HORA! Era uma vitória, o maior momento da historia do bando; e, nesse mesmo momento, nasceu uma nova era na vida de Fernão Gaivota. Voando para a sua solitária zona de treino, encolhendo as asas para um mergulho de dois mil e quatrocentos metros, dispôs-se imediatamente a descobrir como virar.
O movimento de um centímetro numa única pena da ponta da asa produzira uma curva larga e suave, a tremenda velocidade, descobriu ele. Contudo, antes de descobrir isto, verificou que, se movesse mais de uma pena àquela velocidade, era disparado em movimento giratório como uma bala de espingarda... E Fernão fez as primeiras acrobacias aéreas de uma gaivota viva.
Nesse dia não perdeu tempo conversando com as outras gaivotas e voou até depois do pôr-do-sol. Descobriu o "loop" (Este termo e os que o seguem designam movimentos de acrobacia aerodinâmica — N. do T.), o "slow roll", o "point roll", o "inverted spin", o "gull bunt", o "pinwheel".
Quando Fernão Gaivota se juntou ao bando na praia era já noite cerrada. Estava tonto e tremendamente cansado. Apesar disso, não resistiu ao prazer de voar num "loop" para terra e de fazer um "snap roll" antes de aterrar. "Quando souberem do triunfo", pensava, "ficarão loucos de alegria. Como vale a pena agora viver! Em vez da monótona labuta de procurar peixe junto dos barcos de pesca, temos uma razão para estar vivos! Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos encontrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres! PODEMOS APRENDER A VOAR!"
Os anos vindouros brilhavam e trauteavam promessas.
As gaivotas estavam reunidas em conselho quando ele aterrou, e, segundo parecia, já estavam em reunião havia algum tempo. Na realidade, estavam à espera dele.
— Fernão Capelo Gaivota! É chamado ao centro! — As palavras do Mais Velho foram pronunciadas no tom mais solene. Ser chamado ao centro só podia significar grande vergonha ou grande honra. Ser chamado ao centro por honra era a maneira como eram designados os principais chefes das gaivotas. "Claro", pensou, "o Bando da Alimentação esta manhã viu o triunfo! Mas eu não quero honras. Não me interessa ser chefe. Só quero partilhar o que descobri, mostrar a todos esses horizontes que estão à nossa frente." Avançou um passo.
— Fernão Gaivota — disse o Mais Velho — é chamado ao centro por vergonha aos olhos das gaivotas suas semelhantes!
Foi como se lhe batessem com uma tábua. Os joelhos enfraqueceram-lhe, um enorme rugido ensurdeceu-o. "Ser chamado ao centro por vergonha? Impossível! O triunfo! Eles não podem compreender! Estão errados, estão errados!"
— ... pela sua desastrada irresponsabilidade — entoava a voz solene —, por violar a dignidade e a tradição da família das gaivotas...
Ser chamado ao centro por vergonha significava que seria banido da sociedade das gaivotas, desterrado para uma vida solitária nos Penhascos Longínquos.
— ... um dia Fernão Capelo Gaivota aprenderá que a irresponsabilidade não compensa. A vida é o desconhecido e o desconhecível, mas não podemos esquecer que estamos neste mundo para comer e para nos mantermos vivos tanto quanto pudermos.
Uma gaivota nunca contesta o conselho do bando, mas a voz de Fernão ergueu-se gritando:
— Irresponsabilidade? Meus irmãos! Quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre e desenvolve um significado, um propósito mais elevado na vida?
Passamos mil anos lutando por cabeças de peixe, mas agora temos uma razão para viver, para aprender, para descobrir, para sermos livres! Deem-se uma oportunidade, deixem-me mostrar-lhes o que descobri...
O bando mostrou-se impenetrável como a pedra.
— Quebrou-se a irmandade — entoaram em conjunto todas as gaivotas, e, em perfeito acordo, taparam solenemente os ouvidos e viraram-lhe as costas.
Fernão Gaivota passou o resto dos seus dias sozinho, mas voou muito além dos Penhascos Longínquos. A solidão não o entristecia. Entristecia-o que as outras gaivotas se tivessem recusado a acreditar na gloria do voo que as esperava. Recusaram-se a abrir os olhos e ver.
Aprendia cada vez mais. Aprendeu que um eficiente mergulho a grande velocidade lhe dava o peixe raro e saboroso que vivia três metros abaixo da superfície do mar. Já não precisava de barcos de pesca nem de pão duro para viver. Aprendeu a dormir no ar, estabelecendo um percurso noturno pelo vento do largo, cobrindo cento e cinquenta quilômetros desde o ocaso até a aurora. Utilizando o mesmo controle interior, voou através de nevoeiros cerrados e subiu acima deles para céus estonteantes de claridade... enquanto qualquer outra gaivota ficava em terra, conhecendo apenas neblina e chuva.
Aprendeu a dominar os altos ventos do continente e a jantar ali os delicados insetos.
O que outrora desejara para o bando tinha-o agora só para si. Aprendera a voar e não lamentava o preço que pagara por isso. Fernão Gaivota descobriu que o tédio, o medo e a ira são as razões por que a vida de uma gaivota é tão curta, e, sem isso a perturbar-lhe o pensamento, viveu de fato uma vida longa e feliz."

Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

Imagem: http://www.sxc.hu/photo/476177.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com 

Papa Francisco: uma resposta do Espírito Santo

Uma fantástica surpresa!
Com este sentimento no coração, vi, junto com minha esposa e nossa filha Clara (de 1 ano e 9 meses de idade), o anúncio da eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio como Papa de nossa amada Igreja, como Bispo de Roma, como ele insistiu em afirmar em seu primeiro pronunciamento, antes da bênção urbi et orbi, à Cidade (de Roma) e ao mundo.
Contudo, decidi esperar estes 15 dias após sua eleição para redigir este artigo, a fim de ter mais subsídios para tentar ler os sinais que vêm a nós por meio desta dádiva do Espírito Santo.
Primeiramente, o nome escolhido pelo novo Papa aponta para a missão que ele intuiu ser o desígnio de Deus para seu ministério. Francisco: o apaixonado por Jesus, por isto amante dos irmãos, da criação, todo doado a Deus, todo pobre para amar os pobres, e assim reconstrutor da Igreja, que ruía em meio a escândalos e riquezas no seu tempo.
Porém, vejo mais: Percebo uma guinada na condução da Igreja para a vivência do amor ao próximo como condição essencial e única para o amor a Deus. Aliás, já escrevi sobre isto, que não é assunto novo, está na Palavra de Deus:
"Se alguém disser: 'Amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar" (I Jo, 4, 20).
Quando penso nisto, dá vontade de cantar aquele verso da canção do Martín Valverde: "Tenho esperado este momento..."
Ah, Jesus, como esperei este momento, e ele chegou, e o teu Espírito ouviu minhas súplicas e a de muitos!
Meu querido irmão, minha querida irmã, como falei a membros de Novas Comunidades que estava tudo errado, que se vivia uma espiritualidade "esquizofrênica", apartada da realidade, não só da realidade do meio em que Deus nos colocou, mas também da realidade da Palavra de Deus, como citei.
Como via claramente o desamor aos irmãos, dentro da própria célula comunitária, dentro das estruturas de governo, e ainda se tinha a presunção de dizer: "Somos uma família!"
Ficava claro que jamais se poderia ouvir dos outros a seguinte expressão que se dizia acerca dos primeiros cristãos, segundo conta Tertuliano (Apolog. 39): "Vede como eles se amam!"
Seria mais fácil ouvir: "Vede como eles se odeiam!"
Infelizmente, não somente as feridas pessoais contribuíam para essa triste realidade. O erro vinha de dentro, da direção, do governo, da formação "esquizofrênica" como já disse, isto é, totalmente apartada da realidade.
Se não, vejamos.
Uma formação que retira uma pessoa casada todas as noites da semana de seu lar, em vistas da "evangelização", implicando em ausência, desse pai ou dessa mãe, da sua família, do convívio com os filhos após o dia de trabalho, não pode ser uma formação saudável, verdadeira, autêntica, à luz da vontade de Deus para a família; apartada, pois, do que Deus deseja para a família.
Os pais, caro irmão, cara irmã, devem evangelizar primeiramente seus filhos, permanecendo com eles, amando-os, convivendo muito mesmo! E como se pode amar o filho sem conviver com ele ? O que passa na cabecinha de uma criança que não vê seu pai ou sua mãe quase todas as noites da semana ?
E não me venha com aquele tipo de disparate, totalmente mentiroso: "Deus cuida. Eu faço a minha parte, Deus faz a dele. Eu estou escolhendo a melhor parte, meus filhos beberão um dia dessa 'graça'!"
Pelo Amor de Deus! Este tipo de frase só me leva a dizer: É de sentar e chorar!
Eu ouvi da boca de uma cofundadora de Comunidade (ninguém me disse não, eu ouvi, e está gravado num DVD), durante uma formação dada por ela: 
"Por favor, não façam o que eu fiz! Não abandonem os filhos de vocês em nome da evangelização! Eu tenho hoje um filho ateu por causa disto, porque até em dia de aniversário dele, eu me ausentava para pregar. Por amor, não façam isto!"
Vejamos o que disse o hoje Papa emérito Bento XVI, no 5º Encontro Mundial das Famílias, em 17 de maio de 2005:
"Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos, dom precioso do Criador, começando pelo ensino das primeiras orações. Assim se vai construindo um universo moral enraizado na vontade de Deus, no qual o filho cresce nos valores humanos e cristãos que dão pleno sentido à vida. Ao tornarem-se pais, os esposos recebem de Deus o dom de uma nova responsabilidade. Seu amor paterno está chamado a ser para os filhos o sinal visível do mesmo amor de Deus, do qual procede toda paternidade no céu e na terra".
É hora de amar o próximo, como dizem São João, na sua primeira Carta, e o Papa Francisco. E saiba, meu irmão, minha irmã: O próximo mais próximo é o seu filho, a sua filha, não é aquela pessoa por quem você orará naquele imenso evento de evangelização.
É tempo de as Novas Comunidades reverem seriamente sua formação "esquizofrênica" e formarem seus membros para se amarem, para viverem como os primeiros cristãos. E não me venham dizer que isto é vivido através da partilha da comunhão de bens, do dízimo. Por favor! Falo de amor mesmo! Falo de gente que perdoa, que sabe que cada pessoa é única, que não tem medo de gente!
É "esquizofrênico" também apartar as pessoas do trabalho, da profissionalização, do estudo, do aperfeiçoamento profissional.
Os jovens devem ser direcionados pelas autoridades das Novas Comunidades para o estudo, para a profissionalização. Nestes ambientes, eles serão maravilhosos evangelizadores, primeiramente com seu testemunho de gente que estuda, que não falta, que se aperfeiçoa profissionalmente. Em seguida, poderão partilhar sua experiência com Deus, seu Encontro.
De novo: Já escrevi sobre isto, e vejo que o Papa Francisco é bem "pé no chão", o que o faz manter sempre o "coração ao Alto"!
Ao se despedir daqueles que o saudaram na Praça de São Pedro e dos milhões que o viam pelos meios de comunicação, ele disse: "Boa noite e bom repouso!"
Que belo ver o Papa nos mandando repousar depois de um dia de trabalho, de fadiga. Parecia um pai para seus filhos: "Vocês já estudaram, trabalharam, cumpriram com suas obrigações, agora é hora de dormir. Durmam bem! Bom repouso!"
Tão humano, por isto tão Santo Padre!
É, meu irmão, minha irmã, vem mais formação verdadeira do Santo Padre para nós.
Sabe o que ele disse na homilia da Missa do Crisma, hoje, nesta Quinta-feira Santa ?
"Não é nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor, nem mesmo nos cursos de autoajuda. O poder da graça cresce na medida em que, com fé, saímos (...) para dar a pouca unção que temos àqueles que nada têm".
E o Papa estava pregando na Missa do Crisma, em que se celebra o dom do sacerdócio, especificamente para os padres. Ora, se o padre não encontra o Senhor "nas reiteradas introspecções", isto é, nos constantes fechamentos em si mesmo, por exemplo, em horas de recolhimento, de retiro, mas o encontra quando sai de si para o seu rebanho, quando, como disse o Papa Francisco, "sente o cheiro das ovelhas", muito mais um pai-de-família não encontrará o Senhor isolando-se de sua família, mas indo ao seu encontro, sentindo o cheiro dos filhos, beijando-os, convivendo muito com eles, que são o rebanho confiado pelo próprio Senhor ao pai e à mãe.
Que Papa, hein !?
Por fim, às estruturas de governo das Novas Comunidades.
Vi sala de fundador, na "casa do governo", que é uma riqueza só! Suntuosa, majestosa, com tapetes enormes, um mapa do mundo imenso na frente de uma grande mesa oval, de madeira maciça, com uma cadeira estilo presidente super-confortável, bem alta, para o fundador, tudo projetado, caríssimo, parecido com a riqueza da Casa Branca!
E o Papa Francisco, quando foi visitar o apartamento papal, que havia sido fechado após a renúncia de Bento XVI, espantou-se com o tamanho do lugar e afirmou: "Mas aqui cabem 300 pessoas!"
Vi "prefeito" da "casa do governo" de Nova Comunidade tomando suco na hora do almoço, servido exclusivamente para si, e de graça, enquanto os empregados tinham a única opção básica: água, ou comprassem refrigerante com o seu parco salário!
Vi "autoridade" pedindo a devolução da "comunhão de bens", o dízimo, dizendo, em pregação, que a Comunidade não tinha dinheiro para manter suas obras sociais, seu trabalho com os drogaditos. Porém, para o filho desse membro do governo comunitário não faltavam as aulas de natação e para sua filha, as de balé!
Então nessas horas, quando descobertos, vinham com aquela frase maldita: "Não somos chamados à pobreza franciscana!"
Realmente, a pobreza de Francisco, o Santo de Assis, aquela que o Papa de mesmo nome quer para sua Igreja, anda a léguas dessa "casa de governo"!
Se eu fosse relatar aqui o que vi, mas vi mesmo!, 10 artigos não seriam suficientes.
Tenho certeza, meu irmão, minha irmã, de que sua fé não foi abalada com este relato, se sua fé é verdadeira, se você não vê Deus como um superprotetor e a Comunidade como uma redoma, dentro da qual você está protegido(a), mas se você vê Deus apaixonado por você, que não muda um "milímetro" o seu amor, mesmo quando você comete aquele pecado horrível!
Se você crê neste amor sem hesitar e se vê que sua Comunidade, como a nossa amada Igreja, pode mudar (e o Espírito escolheu o Papa Francisco para isto), então este artigo o(a) fortalecerá ainda mais, levando-o(a) a "acordar" para a sua missão de pai ou de mãe, de profissional, de leigo, que é chamado a viver neste mundo e não fugindo dele, "protegendo-se" na Comunidade!
Termino mostrando como o nosso Papa Francisco é simples e assim deseja que a Igreja seja.
A foto que usei na abertura deste artigo mostra o Papa sentado bem atrás na capela, em meio aos jardineiros do Vaticano, após uma missa celebrada por ele.
O Papa está em oração, no meio dos mais simples empregados do Vaticano, em um lugar sem destaque, sem pompa, sem "cadeira-presidente".
Recordou-me o ensinamento de Jesus quando seus discípulos discutiam por poder, tendo dois deles usado até a própria mãe para pedir "cargos" de "autoridade":
"Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo" (Mt 20, 25-27).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.

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Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com

A renúncia do Papa Bento XVI

Assim que soube do comunicado de renúncia do Santo Padre o Papa Bento XVI, vieram-me duas palavras ao coração: coragem e humildade.
Vejo o Papa como um homem corajoso e humilde diante desse ato.
Como sabemos, o cristianismo prega a eternidade, o "para-sempre", o comprometer a vida toda, até a morte.
Vejam-se, por exemplo, o matrimônio e o sacerdócio cristãos. Quando alguém deixa de ser padre ? Quando morre, pois no Céu não há sacerdotes, a não ser Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote (cf. Hb 4, 14). Quando alguém deixa de ser casado ? Quando morre ou quando seu cônjuge falece (cf. Mt 19, 6).
É óbvio que a renúncia papal está prevista no Direito Canônico, portanto não há irregularidades neste caso, mas, como sabido, não é usual, não é comum. Houve poucas durante toda a história da Igreja, que está acostumada a ver os papas serem sucedidos após sua morte e não em vida, como deverá ocorrer com Bento XVI.
Por isto, é muito corajoso um Papa que renuncia, mesmo havendo previsão jurídico-canônica, haja vista tal ato não ser comum.
Porém, a coragem dessa atitude não se restringe à falta de usualidade da renúncia, mas sobretudo naquilo que ela profundamente guarda: É um ato de um homem que, conhecendo-se à luz de Deus, percebe seus limites, é sabedor de sua verdade, e enfrenta o orgulho mascarado de vergonha, a qual sempre tenta proteger a autoimagem. Não, o Papa Bento XVI não se preocupou com sua autoimagem, como vários líderes religiosos. Não se deixou dominar por aquela pergunta orgulhosa do ego: "O que vão pensar de mim, o que vão falar de mim ?" Foi além do orgulho, enfrentou-o! Fez o que discerniu ser certo, como ele mesmo disse no seu discurso de anúncio da renúncia:
"Após ter repetidamente examinado minha consciência perante Deus, eu tive certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro".
Que coragem de um homem que não teme as "certezas" dos outros, mas age segundo sua consciência perante Deus.
Que humildade de um homem que não esconde seus limites ou tenta disfarçá-los para manter uma pseudo-imagem diante dos outros!
Que coragem de um Papa que mostra a mim e a você que não há problema algum em ser humano, em admitir a humanidade, isto é, quem realmente somos. Que sabe que ser homem ou mulher, com tudo o que isto comporta: virtudes, dons, limites, fraquezas, não se contrapõe ao chamado à santidade, pois Deus nos chama à santidade como somos: homens e mulheres na família, no trabalho, com dons e limites. Ele não nos chama a sermos primeiramente anjos para depois sermos santos. Não!
Um Papa que renuncia ao papado, ao ministério de Pedro, como ele próprio disse, aponta para uma liberdade interior tremenda, para uma plena consciência do amor que Deus tem por ele.
Joseph (José, o primeiro nome do Papa) sabe-se plenamente amado por Deus, tem consciência de que Deus não vai deixá-lo de amá-lo um "milímetro" sequer por causa de sua renúncia. Não é daquelas tristes e escravas pessoas que acham que Deus só as ama se continuam em certas atividades, em compromissos comunitários. "Se faço, se cumpro, se obedeço, Deus me ama e me salvará, não irei para o inferno". Tadinhos(as)! Não entenderam, porque não experimentaram verdadeiramente, o Amor de Deus. Acham que Deus os ama a partir do que fazem e não simplesmente por quem são: filhos de Deus!
Como este exemplo do Vigário de Cristo na Terra será fundamental para as Novas Comunidades, que teimam em pregar coisas do tipo: "Pois é, saiu da Comunidade, não será plenamente feliz. A única via para a santidade é a Comunidade".
Conheço tanta gente profundamente infeliz em vida comunitária, vivendo uma máscara, uma "capa", dizendo que ama a Deus por cumprir regras, mas odiando o próximo mais próximo (cf. I Jo 4, 20).
E conheço muito mais pessoas, inclusive "autoridades", que pregam o medo, o terror, para que os outros nem sequer se questionem se devem permanecer ou não na Comunidade, se foram chamadas por Deus apenas por um determinado tempo, para viver uma missão por certo período de suas vidas, como é o caso de nosso querido Papa Bento XVI.
Sim, há chamados temporários também, não somente os "para-sempre" do matrimônio e do sacerdócio. Às vezes, Deus, em seu amor, quer realizar uma maravilhosa obra valendo-se de certo tempo na vida de alguém, e isto é belo, é grande, é extraordinário. Basta que cada um, como o Papa, perceba-se à luz de Deus e não entre em crise porque outros afirmam o contrário.
Aliás, no início da minha caminhada, aprendi algo muito verdadeiro com uma jovem formadora: "Deus não manda recado, fala pessoalmente a você!"
Assim ele fez com seu filho Joseph (o Papa).
Que Deus o continue abençoando, Papa Bento XVI, homem corajoso e humilde!
Deus abençoe você também!
Álvaro Amorim.
 
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Como ser santo hoje ?

Como é bom acolher a Palavra de Deus que vem por meio daqueles que viveram o amor ao Senhor e ao próximo de forma plena, perfeita, por isto foram e são considerados Amigos de Deus, já usufruindo, na eternidade, de sua presença: Santos!
Eis o que diz São Josemaria Escrivá, santo destes tempos, canonizado pelo Beato Papa João Paulo II:

"Deus não te arranca do teu ambiente, não te retira do mundo, nem do teu estado de vida, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, te quer santo! (Forja, 362)

Convencei-vos de que a vocação profissional é parte essencial, inseparável, da nossa condição de cristãos. O Senhor vos quer santos no lugar em que vos encontrais, no ofício que escolhestes, seja qual for o motivo: todos me parecem bons e nobres - enquanto não se opuserem à lei divina - e capazes de ser elevados ao plano sobrenatural, isto é, enxertados nessa corrente de Amor que define a vida de um filho de Deus.
Temos que evitar o erro de pensar que o apostolado se reduz ao simples testemunho de umas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos, mas ao mesmo tempo, e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com umas obrigações claras que temos de cumprir de um modo exemplar, se nos queremos santificar de verdade. É Jesus Cristo quem nos incita: Vós sois a luz do mundo (Mt 5, 14). (Amigos de Deus, 60-61)". (Grifou-se).
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom. 
 
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A urgente necessidade de formação das famílias e da realidade do trabalho

As Novas Comunidades, "nova primavera para a Igreja", segundo disse o Beato Papa João Paulo II, surgiram como uma resposta de Deus ao clamor da Igreja por um novo Pentecostes, súplica feita pelo Beato Papa João XXIII no século passado.
De lá para cá, houve uma verdadeira revolução renovadora nos fieis, com acertos e erros, é claro.
Hoje, faz-se necessária uma nova revolução, um revolver-se para dentro, um voltar-se para as realidades que formam a sociedade: a família e o trabalho.
Com certeza, por terem surgido tão logo após o Concílio Vaticano II, as Novas Comunidades apresentaram, em seus primórdios, tendências clericais, isto é, uma tentativa de formarem-se seguindo o modelo da hierarquia da Igreja. A própria nomenclatura adotada revelava isto.
Vou ser mais claro: Não era difícil (e ainda hoje se vê!) o uso de palavras próprias às realidades do clero ou da vida religiosa, como: "profissão dos votos", "regras", "noviciado".
Para aquelas Novas Comunidades que foram reconhecidas pela Santa Sé, a Igreja pediu que fosse adotada nova nomenclatura, para que não fosse mantida essa "clericalização", pois, como se sabe, as palavras devem revelar a essência das realidades.
Assim, algumas Novas Comunidades deixaram aquele processo de "clericalização" para viverem a bela vocação laical, haja vista serem formadas, em sua imensa maioria, por leigos. Veja-se o que afirmou o Beato Papa João Paulo II na Carta às Famílias:
"Casar-se permanece a vocação ordinária [comum, normal, habitual] do homem, que é abraçada pela maior porção do Povo de Deus." (Carta às Famílias, 18).
Portanto, acolhendo essa direção da Santa Sé, é vital que as Novas Comunidades, segundo o carisma de cada uma, formem, no Espírito, as realidades que identificam essa imensa maioria de seus membros: a família e o trabalho.
Infelizmente, a maior parte das Novas Comunidades tem, em sua estrutura, no máximo, projetos para essas dimensões da vocação laical. Não há uma densa formação intracomunitária voltada para essas realidades, inobstante, como já fora dito, as Novas Comunidades serem formadas, como a sociedade, sobretudo por leigos.
Aliás, a maioria deve ser de leigos mesmo. Isto porque, desde o princípio, a vocação que o próprio Deus quis como "maioria" é a de leigos, que formam família de sangue, que trabalham no mundo: 
"Deus os abençoou [a Adão e Eva] e lhes disse: 'Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a'." (Gn 1, 28);
"Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, une-se à sua mulher, e eles se tornam uma só carne." (Gn 2, 24);
"Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo [...] Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus." (Mt 5, 13-16).
Obviamente, não se critica a vontade que as Novas Comunidades têm de ofertar sacerdotes para a Igreja e celibatários para o Reino dos Céus. De modo algum! Todavia, é triste ver como as realidades da família e do trabalho são pouco tratadas na formação intracomunitária de várias Novas Comunidades. É, no mínimo, uma desproporção, um desequilíbrio em relação ao número de famílias, de leigos, de profissionais, de trabalhadores que as compõem.
Muito belo é acolher o que o Papa Bento XVI escreveu em sua primeira encíclica:
"O dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fieis leigos, os quais, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública." (Deus Caritas Est, 29).
E como os fieis leigos vão desempenhar bem sua vocação na sociedade, vão "trabalhar por uma ordem justa na sociedade", se a dimensão do trabalho, inerente à sua vocação, não é formada ?
Por fim, na Carta às Famílias, afirmou o inesquecível Beato Papa João Paulo II:
"Seguindo a Cristo que 'veio' ao mundo 'para servir' (Mt 20, 28), a Igreja considera o serviço à família uma das suas obrigações essenciais." (Carta às Famílias, 2).
Que as Novas Comunidades, surgidas no seio da Santa Mãe Igreja, desejosas de viverem em plena unidade com a Santa Sé, prestem também este fundamental serviço às famílias, dedicando densa formação àquelas que são "Igrejas domésticas"!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Imagem: Eu e a Sabryna em nossa lua-de-mel em Guaramiranga.
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Cristão deve ser protagonista na sociedade

Nós cristãos somos protagonistas na sociedade em que vivemos ? Ou será que ficamos com aquele complexozinho de inferioridade que nos impede de vivermos segundo o nosso chamado, de assumirmos nossas responsabilidades políticas e administrativas na sociedade ?
O Santo Padre o Papa Bento XVI, no dia 26 de maio de 2011, perante os bispos italianos, na Basílica de Santa Maria Maior, durante a celebração pelos 150 anos da unidade da Itália, disse:
A fé, de fato, não é alienação. Os fieis leigos devem vencer todo espírito de fechamento, distração e indiferença, e participar em primeira pessoa da vida pública, para construir uma sociedade que respeite plenamente a dignidade humana."
E qual deve ser a fonte da formação do cristão para que participe bem da vida pública ? Respondendo a esta pergunta, disse Bento XVI:
"Formação inspirada na doutrina social da Igreja, para que não seja vítima da tentação de explorar sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder".
Disse ainda o Papa que essa missão de participar ativamente da vida pública cabe a nós leigos, não aos clérigos (padres, bispos), pois "a Igreja não pretende substituir as responsabilidades das instituições políticas. Respeitosa da legítima laicidade do Estado, está atenta em apoiar os direitos fundamentais do homem".
Por fim, o Santo Padre reforçou a missão da família como primeira formadora de cristãos conscientes de suas responsabilidades, afirmando que "a família continua sendo, de fato, a primeira realidade onde podem crescer pessoas livres e responsáveis, formadas nesses valores profundos que abrem à fraternidade e que permitem enfrentar também as adversidades da vida.”
Como é bom, meu irmão, minha irmã, ver como a Igreja, na pessoa do Papa Bento XVI, valoriza muito a família e a missão de nós leigos, chamados a sermos "sal da terra e luz do mundo"!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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Imagem: www.everystockphoto.com. Fonte: Zenit. 

Pio XII, o Papa dos judeus

     A pedido de meu querido irmão Pe. Antonio Furtado e em homenagem aos 134 anos do nascimento de Eugenio Pacceli, escrevo este artigo sobre o Papa Pio XII (Eugenio Maria Giuseppe Pacelli) e seu relacionamento com os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

O relativismo

     Encerrando esta série de artigos intitulada “o crepúsculo dos valores”, falo agora da doutrina-mãe de todas essas falsas doutrinas vistas nesta série: o relativismo.

Uma entrevista com o Papa


Deus nos fala de várias maneiras. Às vezes, das mais incomuns.
Lembro-me de uma dessas maneiras insólitas em que Deus me falou.
Foi durante um curso de atualização jurídica, quando um colega meu aproximou-se de mim, certo dia, e pediu-me a indicação de um livro que fosse como que uma biografia de Jesus Cristo. Ele disse que era agnóstico, que já lera algo do Budismo, do Espiritismo, de algumas religiões, e estava com vontade de ler uma biografia de Cristo.
Nessa época, o Papa Bento XVI ainda não tinha escrito Jesus de Nazaré. Eu então parei um pouco e, em silêncio, pedi ajuda urgente ao Espírito Santo. Disse ao colega que a melhor biografia de Cristo eram os Evangelhos. Ele disse-me que já havia lido um pouco, mas queria um livro sem ser a Bíblia. Fiquei de indicar-lhe alguns livros no dia seguinte.
Fui para casa, liguei para as principais livrarias católicas de Fortaleza, pesquisei na Internet e fiz uma relação de seis livros, em ordem decrescente de acordo com o desejo do colega.
Entreguei-lhe a relação de livros no dia seguinte, com os respectivos preços e os telefones das livrarias.
Ele me agradeceu muito, ficou até surpreso com a pesquisa minuciosa que eu havia feito e disse-me que no sábado iria comprar um dos livros.
Percebi aí o início da grande obra atrativa que Deus iniciara em seu coração. Também uma grande oportunidade para eu convidá-lo a conhecer Cristo de verdade, a encontrar-se com ele, a ter uma experiência com o Ressuscitado, o que aconteceria em breve.
Mas eu não percebera que a obra maior estava para começar em mim.
Um dos livros que compuseram a relação, o sexto que o indiquei, fora-me sugerido pelo Carmadélio, quando eu lhe contei o pedido do colega. O Carmadélio disse-me que esse livro não era uma biografia de Cristo, mas que respondia questões que muitos fazem sobre o Cristianismo e a Igreja Católica hoje, no século XXI, e que, portanto, falava de Cristo, é óbvio! Resolvi pô-lo no fim da lista, pois procurei encabeçar a lista com os livros mais biográficos mesmo. No final da lista estava o livro indicado pelo Carmadélio: “O Sal da Terra”, publicado em 1996, escrito “simplesmente” pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje nosso Papa Bento XVI.
Não tive conversa: comprei o livro e comecei a “devorá-lo”, e cada vez que o lia, mais o Senhor lançava em mim a luz da Verdade que pacificava meu coração, antes tão cheio de dúvidas, questionamentos, sobre tudo, pois eu estava passando por um período muito difícil, deparando-me com as “mentiras” na minha vida e na vida de alguns irmãos; estava necessitado, sedento da Verdade.
Através da leitura desse livro, ouso dizer que percebi alguns dos motivos que fizeram o Espírito Santo guiar os cardeais à eleição de Joseph Ratzinger como Papa. Vi um homem simples, amável, apoiado na Verdade, respondendo às perguntas de Peter Seewald, um jornalista alemão que deixara a Igreja na década de 70. Com as respostas do Cardeal ao jornalista alemão, o próprio Espírito Santo colocava fim em terríveis dúvidas minhas e libertava-me com a Verdade.
Partilho aqui algumas questões tratadas pelo jornalista e respondidas pelo então Cardeal Joseph Ratzinger. Procurei extrair o essencial das respostas. O interessante é ler o livro todo, é claro.

A FÉ
Seewald: A verdade sobre o Homem e Deus parece ser muitas vezes triste e pesada. A fé, em si, só é suportável por naturezas mais fortes ? Muitas vezes é tida como uma exigência demasiado grande. Como poderemos alegrar-nos com a fé ?
Cardeal Ratzinger: Eu diria, pelo contrário, que a fé dá alegria. Se Deus não está presente, o mundo desertifica-se e tudo se torna aborrecido, tudo é completamente insuficiente. Hoje vê-se bem como um mundo sem Deus se desgasta cada vez mais, como se tornou um mundo sem nenhuma alegria. A grande alegria vem do fato de existir o grande amor, e é essa a afirmação essencial da fé. Você é alguém indefectivelmente amado. Foi por isso que o Cristianismo encontrou sua primeira expansão sobretudo entre os fracos e os que sofriam.

AS DÚVIDAS
Seewald: Os católicos podem ter dúvidas, ou são hipócritas e hereges quando as têm ? O que parece estranho nos cristãos é que façam uma distinção entre verdade religiosa e verdade científica. Ocupam-se de Darwin e vão à igreja. É possível tal separação ? Só pode haver uma verdade: ou o mundo foi realmente criado em seis dias ou se desenvolveu em milhões de anos.
Cardeal Ratzinger: Num mundo tão confuso como o nosso, a dúvida voltará sempre, inevitavelmente, a invadir cada pessoa. A dúvida não tem de estar automaticamente ligada a uma renegação da fé. Posso confrontar-me seriamente com as questões que me inquietam, e confiar em Deus, no núcleo essencial da fé. Por um lado, posso tentar resolver as contradições aparentes, mas, por outro, apesar de não poder encontrar soluções para tudo, posso confiar em que se possa resolver o que eu não posso solucionar. Também na história da teologia volta sempre a haver questões que, no momento, não podem ser resolvidas, que não se devem pôr de parte com interpretações forçadas.
Também faz parte da fé a paciência do tempo. O tema a que acabou de se referir — Darwin, a criação, a teoria da evolução — é um tema de um diálogo que ainda não está concluído e que, no momento, provavelmente não poderá ser concluído com os meios de que dispomos. O problema dos seis dias não se põe com particular agudeza entre a posição da ciência moderna sobre a origem do mundo e a fé. Porque também na Bíblia é claro que é um esquema teológico, que não pretende simplesmente narrar a história da criação. No próprio Antigo Testamento existem outras representações da criação. No livro de Jó e nos livros sapienciais encontramos relatos da criação que tornam claro que os crentes, mesmo nessa ocasião, também não pensavam que nesses textos o processo da criação estava, por assim dizer, fotograficamente representado. Só está representado na medida em que nos permite apreender o essencial: que o mundo provém do poder de Deus e é criado por ele. Como os processos depois se desenvolveram é uma questão completamente diferente, em que até a própria Bíblia deixa uma grande abertura. Por outro lado, penso que a teoria da evolução ainda não ultrapassou, em grande parte, o campo das hipóteses, e que, muitas vezes, está misturada com filosofias quase míticas, sobre as quais ainda tem de haver diálogos críticos.

OS DISCERNIMENTOS
Seewald: Que importância tem a inspiração para o senhor e, sobretudo, como é que se tem inspiração ?
Cardeal Ratzinger: Elas não podem ser provocadas, têm de surgir. Mas também é preciso ser prudente perante elas, têm de ser verificáveis na lógica do conjunto. De resto, a condição para uma “inspiração” é que não se esteja num estado febril, que se possa refletir calmamente e deixar amadurecer o pensamento bastante tempo dentro de si.

A PREGAÇÃO/EVANGELIZAÇÃO
Seewald: É necessário um modo diferente de transmitir a fé ?
Cardeal Ratzinger: Penso que sim, porque o fato de haver tanto cansaço entre os cristãos, pelo menos na Europa, mostra que é preciso transmitir a fé de outra maneira. Li a história de um padre ortodoxo que disse: “Esforcei-me tanto, mas as pessoas não me ouvem, adormecem ou não vêm. É porque o anúncio não é bem feito.” Isso é um exemplo para as experiências que também os outros fazem. O que é importante é que o pregador tenha uma relação interior com a Sagrada Escritura, com Cristo, a partir da Palavra viva, e que, como Homem desta época em que vive e que é a sua, à qual não foge, realmente interiorize a fé. E depois, quando realmente puder comunicá-la a partir de um aprofundamento pessoal, o modo diferente de a comunicar vem por si mesmo.

A BUROCRACIA
Seewald: O mundo da Igreja de hoje é burocrático, temeroso e humanamente planejado. Precisa outra vez de um pensamento mais intuitivo contra a acentuação excessiva da razão ? Trata-se de compensar uma falta de contemplação e a negligência dos valores espirituais, praticada durante muito tempo ? O antigo arcebispo de Paris, o Cardeal Veuillot, disse uma vez: “Tudo tem de ser puro — puro, puro, puro. Do que precisamos é de uma verdadeira revolução espiritual.” E não é verdade que a Igreja só poderá voltar a ter uma nova descendência se for realmente pura, virginal ?
Cardeal Ratzinger: De algum modo, a sua pergunta já é uma resposta. Eu disse muitas vezes que penso que temos burocracia demais. Em todo caso, serão necessárias simplificações. Os assuntos não devem passar todos por grêmios, tem de haver sempre o encontro pessoal. E também não se pode dominar tudo racionalmente. Por muito que o Cristianismo reclame a razão e queira dialogar com ela, há muitas outras dimensões da apreensão da realidade das quais também precisamos. Acabamos de falar do diálogo entre as religiões e da mística — e essa dimensão do recolhimento, da interioridade recolhida, tornou-se particularmente necessária num mundo febril. Há uma expressão conhecida de Karl Rahner: “O cristão do futuro será um místico ou não será.”

OS NOVOS SANTOS
Seewald: Há alguns anos o senhor manifestou a esperança de que se delineia algo como uma “hora pentecostal na Igreja”. Referiu-se a grupos de jovens inteiramente decididos por toda a fé da Igreja, pela “catolicidade plena e indivisa”. São precisos novos cristãos que sejam, outra vez, mais corajosos, mais orgulhosos ? Uma ocasião o senhor afirmou que a Igreja hoje não precisa de novos reformadores, mas sim de novos santos que vêm da vitalidade interior da própria fé e que, por isso, descobrem de novo a riqueza da fé e o fato de esta ser indispensável.
Cardeal Ratzinger: Retomando primeiro os termos reformador/santo: cada santo é um reformador, na medida em que dá nova vitalidade à Igreja e também a purifica. Mas por reformadores entendem-se, normalmente, pessoas que tomam medidas estruturais e que se movem, por assim dizer, no domínio das estruturas. E nesse caso eu diria que desses, na realidade, não precisamos tanto nesta altura. Do que precisamos realmente é de pessoas que tenham interiorizado o Cristianismo, que o vivam com felicidade e como esperança e que, assim, se tenham tornado pessoas que amam; é o que chamamos santos.

A VONTADE DE DEUS
Seewald: O que Deus realmente quer de nós ?
Cardeal Ratzinger: Quer que nos tornemos pessoas que amam, porque então somos imagens dele. Porque ele é, como nos diz São João, o amor, e quer que haja criaturas que sejam semelhantes a ele; criaturas que, a partir da liberdade do seu amor, se tornem como ele e lhe pertençam e, desse modo, irradiem, por assim dizer, a luz dele mesmo.

        Peço a Cristo que as palavras do seu atual Vigário, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, nos levem a ser verdadeiros cristãos: levem-nos a amar, simplesmente!
        Shalom!
        Álvaro Amorim.
        Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
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