É impressionante o número de pessoas que vivem uma
relação com um deus que não existe, com um ídolo que elas mesmas
"criaram" em suas mentes.
Refiro-me especificamente à vivência em algumas
novas comunidades. Não vou falar de outras religiões ou realidades.
Vi, nesses quase 12 anos de caminhada, alguns
tipos clássicos de fieis, de "vocacionados", de
"consagrados".
Um tipo sempre me intrigou: "O
certinho". É aquele que nunca viveu no "mundão", que tinha uma vida
socialmente "aprovável" antes de fazer parte da comunidade.
Geralmente, esse tipo vê na comunidade uma
proteção, como que uma redoma sob a qual ele pode abrigar-se, uma
"estrutura" que o livrou para sempre de correr os "riscos"
de viver "lá fora".
Aliás, "lá fora", no seu pensar,
representa uma ameaça ao seu próprio ser. Portanto, permanecer na comunidade,
custe o que custar, é a meta de sua vida, é sua segurança.
Realmente, no Antigo Testamento, podemos ver esse
tipo de relação com Deus:
"Ninguém é santo como o Senhor. Não existe
outro Deus, além de vós, nem rochedo semelhante ao nosso Deus" (I
Samuel 2, 2) (Destaquei).
Como sabido, o rochedo, numa batalha, é um lugar
estratégico. De cima dele, pode-se ver todo o vale, preparar-se de forma segura
para o inimigo que chega, inclusive surpreendê-lo. É a ideal proteção,
segurança, no campo de batalha.
O povo de Israel, cujo caráter beligerante
mantém-se até hoje, sabia muito bem a importância de abrigar-se no rochedo
durante a guerra.
Não é assim que esse tipo de fiel,
"vocacionado" ou "consagrado" vive sua relação com Deus na
comunidade ? Como se não tivesse havido a Nova Aliança!
Ai se alguém convidá-lo para um bom show de MPB!
Pense! A reação vai ser bem maniqueísta: "Não ando nas coisas do
mundo!"
A cabeça desse homem (dessa mulher) da
"antiga aliança" funciona assim: "Aqui, na comunidade, é o lugar
onde Deus habita, é o lugar "santo". "Lá fora", "no
mundo", habita o "cão", o Satanás! Aqui estão os "de
Deus", lá fora..."
Isto é puro maniqueísmo: rotular algo, alguém como
pertencente ao lado do bem ou ao lado do mal.
Tal comportamento demonstra uma ignorância total,
um desconhecimento de quem é o ser humano, tão complexo, tão belo, um mistério,
e de como Deus olha para os seus filhos e os ama a todos.
Esse tipo sente-se mal, por exemplo, ao comer à
mesma mesa com um espírita ou um ateu, por exemplo. Acha que vai "se
contaminar". Ora bem muito antes de se sentar, em silêncio, para não pegar
nenhuma "maldição"!
Meu Deus! Que absurdo!
Fico imaginando Jesus, quando andou por esta
Terra: À mesa dele sentava-se só gente "certinha", não é mesmo ?
Claro que não! Além de prostituta, ladrão, comia com Jesus gente que divergia
em algumas questões de fé, como os fariseus, os saduceus. E como Jesus agia ?
Orava ao Pai para não "se contaminar", não é ? Ou, então, ficava com
medo de alguma "maldição" ? De jeito nenhum! Ele agia normalmente.
Aliás, ia muito além: amava-os, acolhia-os!
Vamos à Bíblia para conferir:
"Como Jesus estivesse à mesa na casa desse
homem [o próprio evangelista Mateus, chamado originalmente Levi, desonesto
cobrador de impostos], numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se
com ele e seus discípulos" (Mateus 9, 10) (Grifei).
Que exemplo para aqueles "consagrados",
"vocacionados" que trabalham com espíritas, com ateus, e chegam para
o formador pessoal relatando o "grande desafio!" de trabalhar com
"essa gente!"
Que maldito orgulho maniqueísta: "Eu sou bom,
eles são ruins!"
Que péssima formação que essas pessoas receberam
ou que omissão das novas comunidades ao não formar esses
"consagrados", "vocacionados"!
Ah, mas se você perguntar para algum deles como se
concretiza diariamente o seu amor a Deus, sabe o que ele vai dizer ? "Eu
amo a Deus através da oração pessoal, do estudo bíblico", e aí vai citar
uma série de "pontos de regra" para mostrar que "cumpre a
lei", que "ama Jesus"!
Você já ouviu falar do Discípulo Amado, não é
verdade ? Você sabe que se trata do apóstolo João, o mais novo dos Doze, não é
mesmo ? Pois é, de tão amado por Jesus, ele aprendeu como verificar se o amor
que alguém diz ter por Deus é verdadeiro ou falso. E ele escreveu
isto para mim e para você:
"Se
alguém disser: ´Amo a Deus´, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele
que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem
não vê" (I João 4, 20) (Destaquei).
Deus abençoe você!
Álvaro Amorim.
Imagem: http://www.sxc.hu/photo/1276439.
Nas citações desta obra ou de parte dela,
inclua obrigatoriamente: Autor: Álvaro Amorim,
em http://anunciodaverdade.blogspot.com
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