Certo tempo atrás, participei de um curso de atualização jurídica. Era uma época de muita provação para nós católicos, porque a grande mídia intensificara sua campanha a favor do aborto, especificamente o aborto de crianças portadoras de anencefalia. Todo o País voltou-se para essa discussão nesse tempo. Nesse período, todos os professores desse curso de atualização, sem exceção, por diversas vezes, comentaram em sala de aula sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca daquele famoso pedido de uma mulher para abortar seu filho que sofria de anencefalia (má-formação cerebral). Isto foi quase um mês inteiro de aula! Eu, sentado do meio para o fim da sala, me contorcia na cadeira, me revirava, mas ficava calado, não intervinha, não me metia, não me posicionava. Cada vez que um professor dizia que o STF havia tolhido a liberdade daquela mulher, não autorizando o aborto, que era um absurdo achar que um feto é um ser humano completo, que ele iria morrer mesmo, que contra fatos não há argumentos, e todo aquele discurso arrogante de muitos da nossa classe do Direito, a maioria esmagadora da turma concordava, meneando a cabeça de modo afirmativo. Eu ficava para morrer! Mas morria mesmo no meu silêncio omisso!
Comecei a pensar: “Nesta sala há uma pessoa que carrega no peito um “tau”! Há um shalonzinho! Que é que eu estou fazendo, meu Deus ?!” Fui rezar! Deus foi contundente, direto comigo, como um bom Pai: “Meu filho, proclame a vida, proclame a minha vitória sobre a morte!”
Depois desta, não tive conversa: copiei da seção “Em Defesa da Vida”, do Portal Shalom (www.comshalom.org.), o testemunho da Ana Cecília sobre o dom da vida da Maria Teresa (“A História de Maria Teresa, anencéfala”), incluí um cabeçalho dirigindo esse testemunho para os colegas e professores, tirei fotocópias e distribuí, não só na minha turma, mas também na turma que estava se preparando para o exame da O.A.B.
As mãos gelaram, o estômago parecia a Sibéria, mas proclamei a Ressurreição. No intervalo, a maravilhosa surpresa do Espírito Santo, que converte as almas: colegas vieram elogiar a minha atitude: “Bacana! É isso mesmo! Muito bom o testemunho! Contra fatos não há argumentos!” Todos, sem exceção, respeitaram o testemunho da Ana Cecília. Não houve uma única crítica. Ninguém se posicionou contra. Nunca mais os professores (juiz federal, procurador da Fazenda Pública, advogado criminalista, procurador de justiça) falaram a favor do aborto de anencéfalos em sala de aula. Houve um respeito impressionante. Deus tocara os corações!
Percebi que a grande maioria da turma era católica, inclusive de ir à missa aos domingos, mas era aquele católico “meia banda”, que silencia nessas horas, que, apesar de uma formação cultural e profissional boa, concorda com o primeiro argumento sem questioná-lo; esquece, como profissional do Direito, que a vida é o bem jurídico que deve ser mais protegido pelo Estado, sobretudo nos casos em que ela, por si só, não pode proteger-se.
Convido você, meu irmão, minha irmã, a fazer o mesmo. Pode imprimir o testemunho da Ana Cecília. Falei com ela e com o Jorge, seu esposo, e eles acharam muito bom o que fiz. Dispuseram-se até a ajudar-me se necessário. Faça cópias do testemunho e distribua-o no seu prédio, no seu trabalho, na sua escola, na sua Universidade. Se forem cem pessoas a recebê-lo, você gastará R$10,00, no máximo (um lanche!), e, para essas cem pessoas, a sua evangelização fará a diferença, e assim poderemos dizer para o Ressuscitado que passou pela Cruz: PROCLAMAMOS A VOSSA RESSURREIÇÃO!
Texto distribuído no curso de atualização jurídica, na íntegra:
PARA OS HOMENS E AS MULHERES DO DIREITO, DA JUSTIÇA, DA VIDA!
"A vida é um mistério! Um mistério de amor! Você que me lê agora, só o faz porque alguém o acolheu em seu ventre, respeitou a sua vida. Talvez não soubesse se você era perfeito, porém permitiu sua existência. Alguém "existiu" (em latim existere – sair de si), sua mãe, para que você existisse. Na verdade é a força do amor que nos faz viver.
A vida. Estudamos para compreendê-la melhor, trabalhamos para vivê-la com mais qualidade, debruçamo-nos sobre teorias, argumentações, filosofias, em busca da felicidade. Indago-me por vezes: sabe o homem o que é a felicidade, quando nega a vida? Aborto! Negação da vida. Digo NÃO ao aborto em qualquer circunstância; com a propriedade daquilo que vivi, afirmo a todas as mulheres do mundo: somos geradoras da vida! Nosso ser mais profundo brada esse grito: Vida! Negando-a, você nega a si mesma!
Impressionam-me as vozes femininas que, lamentavelmente, são propagadoras de um falso bem-estar, da eliminação de um "problema", da interrupção de uma gravidez, ou como estão chamando atualmente, da "antecipação do parto" nos casos de crianças anencéfalas. Sinceramente, vivi esta realidade como mãe de Maria Teresa, bebê anencéfalo, nascido no dia 17 de dezembro do ano 2000. Hoje experimento uma liberdade interior surpreendente, consciência limpa e tranqüila diante dos meus filhos e de todos. Com muita liberdade faço conhecer a pequena Maria Teresa, um sinal de esperança na vida, mesmo nas condições das mais adversas.
Tenho outros três filhos, Ana Karine (15 anos), Felipe José (12 anos) e Maria Clara (9 anos). No início do terceiro mês de gravidez, com doze semanas de gestação, fiz um exame denominado translucência nucal, ultrassonografia, que revela se a criança tem alguma síndrome. Foi detectada uma má-formação grave denominada anencefalia (ausência de cérebro). Somente quando o feto já está completamente formado é possível identificar o problema. Era uma menina!
Apesar do impacto da notícia, nem por um momento ventilei a possibilidade de um aborto. Procurei ter o máximo de informações sobre essa má-formação que, segundo a literatura médica, é uma das mais comuns. O bebê vive apenas horas ou, até no máximo, um a dois dias. Minha mãe deu-me o direito de viver e eu daria também a minha filha esse direito, pensava naquele momento. Não sou árbitro da vida. Deus deu, pois que Ele tire quando for a hora. Cabe a mim a missão de acolher a vida, não importando as condições em que ela se apresenta. Ou será que posso abandonar, ou abreviar a vida do filho para o qual a medicina só prevê dias, ou horas, para viver? Dizem alguns que o bebê anencéfalo sofre quando nasce: Será sofrimento maior que ser arrancado aos pedaços no aborto por sucção, onde o feto é literalmente dilacerado?
Minha gravidez transcorreu normalmente. Fiz pré-natal, tomei as medicações necessárias. Interiormente sofria muito, por saber que minha filha não iria viver; mas procurei viver a sabedoria do dia-a-dia! Pensava: Hoje ela está comigo, por isso vou amá-la com todas as minhas forças. Amanhã, bem... Deus cuidará! Maria Teresa nasceu, chorou forte, admiraram-se os médicos. Seu caso foi considerado muito grave, não havia nenhuma proteção de pele em sua cabeça. Aguardávamos a qualquer momento o seu falecimento.
Passaram-se minutos, horas, dias... E a pequena Maria Teresa vivendo... Foi contemplada por muitos, interpelava as consciências. Como seria possível? Com 19 dias, recebemos alta hospitalar e Teresa foi acolhida em seu lar. Foi alimentada inicialmente por sonda, depois tomava leite materno por colherinha e mamava por alguns minutos. Meus outros filhos cuidavam dela, tomavam-na nos braços, ajudavam-me a banhá-la, sabiam que sua vida seria breve, mas aprenderam a respeitá-la e amá-la. Foram preparados, que passariam pela dor da perda, porém com a dignidade que esse mistério comporta.
Aos 29 de março de 2001, Maria Teresa realizou sua páscoa. Uma grande filha de Deus. Em seus breves, mas preciosos dias, exalou vida, sofreu, mas venceu. Mostra isso para mim, para você, para nós todos que o sombrio discurso do aborto é egoísta, significa fechar-se em si mesmo. Você, que é mãe, não se deixe levar pela onda hedonista, desumanizante, que avassala os corações tirando-lhes a possibilidade de experimentar a alegria de dar a vida, de renunciar-se pelo outro, de ver o amor vencer.
Hoje somos uma família muito mais feliz! Rogo a Deus que ilumine a consciência de nossas Autoridades para decidirem em favor da vida, seja ela como for.
Fortaleza, agosto de 2004 (data do testemunho da Ana Cecília)
Ana Cecília Araújo Nunes
Mestra em Educação Brasileira – Universidade Federal do Ceará
Professora da Universidade Estadual do Ceará
1 Comentário:
Bendito Seja Deus por esse testemunho, e por sua atitude diante do absurdo contra a vida, e contra a vontade do Pai.
Linda história. Em poucos minutos diante desse Testemunho aprendemos o que talvez demorariamos anos pra aprender,e tenho certeza que essa era o desejo de Deus quando colocou Maria Teresa no ventre de sua mãezinha, ela não veio por acaso, tinha Promessa de Deus em sua vida, veio tocar os nossos corações...
QUE POSSAMOS SEMPRE DIZER NÃO AO ABORTO, SIM A VIDA E A VONTADE DE DEUS!
Shalom!
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