Estive meditando recentemente sobre o ser autoridade e resolvi escrever este artigo para partilhar o que o Espírito Santo me concedeu ver sobre este tema.
O Senhor me fez meditar com o capítulo 13 do Evangelho escrito por São João, do qual me sobressaiu o seguinte trecho:
“Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros.” (Jo 13, 13-14).
É bem interessante ver aqui que Jesus diz clara e explicitamente que é autoridade: é Mestre e Senhor. Jesus não desconhece sua missão, ao contrário, declara-a verdadeiramente. Como diz Santa Teresa de Jesus, “a humildade é a verdade”, e o fato de se ter consciência do exercício de autoridade não é, a princípio, orgulho, mas é a mera expressão da verdade. Faz parte do ser autoridade reconhecer o dom de Deus, ter noção clara do “talento” por Deus confiado a quem ele faz misericórdia.
Qualquer tentativa de se parecer “humilde” negando o ser autoridade, por certo escrúpulo, é falsa humildade, é não viver a verdade.
Em seguida, Jesus mostra o movimento da autoridade em relação às pessoas: de cima para baixo, descendo aos pés dos outros, abaixando-se, servindo, como faziam os escravos aos seus senhores: lavando-lhes os pés sujos, com odores desagradáveis.
Primeiro: reconhecer o dom confiado por Deus. Segundo: servir o outro.
Porque se é autoridade e se tem plena consciência disso, abaixa-se, serve-se.
O ser autoridade está constantemente ameaçado pelo desserviço, pela tentação do orgulho, da falsa consciência de superioridade sobre as pessoas. Para isto, é sempre bom ter no coração a imagem do “Lava-pés”, de Jesus lavando realmente os pés dos apóstolos, sabendo ele, por ser Deus, que lavava os pés de pessoas que queriam sentar-se um à sua direita, outro à esquerda, que o negariam, que o trairiam. Mas a sua missão não se pautava pelos outros, mas pela essência do ser autoridade: o serviço. Ele tinha que servir e pronto! Exercia assim a sua liberdade interior de amar independentemente da ação do outro.
Os desafios são muitos, é verdade, mas o Senhor, em sua infinita sabedoria, providencia os meios necessários para o exercício da autoridade.
Vejamos alguns desses meios:
1. Em nossa estrutura comunitária, desde o grupo de oração até o Conselho Geral, há a figura do Núcleo, do Apoio, do Conselho. Sabendo o Senhor que não é bom que a autoridade esteja só, põe em sua volta irmãos para escuta da voz de Deus, ponderações, conselho e discernimento. O Núcleo é uma prerrogativa da autoridade, é uma ajuda de Deus.
2. A delegação de tarefas, a distribuição de funções, além de descentralizar o exercício da autoridade, permite que se partilhe responsabilidade, essencial para a formação dos filhos de Deus.
3. O ouvir é fundamental para a autoridade, que deve sempre ter uma salutar desconfiança das decisões isoladas, personalíssimas. Ouvir o Conselho, o Núcleo, o Apoio enriquece o processo decisório. Há duas dimensões neste ouvir: “horizontalmente” ― a escuta dos irmãos, canais da voz do Senhor também; “verticalmente” ― todos juntos ouvem a voz do Senhor.
“Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais.” (Jo 13, 15).
Conceda-nos o Senhor a graça da fidelidade ao seu chamado!
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Imagem: Via Web, Paróquia Melquita, Sr. Samuel, in www.veritatis.com.br/article/3256
2 Comentários:
Oi Álvaro!
Este texto deu certinho pra um tempo novo que Deus ma chama. O medo atrapalha mas estou contando com a ajuda de Deus que não me abandona.
Shalom!!
Raiane
Abraços Álvaro!
Olá, Raiane,
Nunca se esqueça disto: Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.
Deus a abençoe sempre!
Shalom!
Álvaro Amorim.
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