O pastoreio, o cuidado de almas é realmente desafiante!
Ultimamente tenho meditado sobre como existe uma tendência, no exercício dessa missão, a olhar para o que a pessoa pastoreada faz ou deixa de fazer, ao invés de se olhar para a pessoa mesma, para o seu coração, como faz Jesus com cada um de nós.
Dou um exemplo: Quando alguém está ausente do grupo de oração, da célula comunitária ou do ministério, seja por qual motivo for, pode acabar ouvindo de sua autoridade (coordenador ou formador) o seguinte questionamento: "Você tem faltado muito! O que foi que aconteceu ?"
Os dois verbos empregados no exemplo acima referem-se a ações: faltar e acontecer. A pergunta tem como foco o agir, o fazer, não o estar, não o ser!
Haverá uma grande diferença se a pergunta for: "Como você está ?"
Veja: mudou totalmente a abordagem. Não se cobrou uma postura, um "desempenho" ("você tem faltado muito!), nem se buscou investigar um fato ("o que foi que aconteceu ?"), mas o olhar foi voltado para a pessoa, para o seu coração, com amor, exatamente como Jesus fez com o jovem rico: "Jesus fixou nele o olhar, amou-o" (Mc 10, 21).
Todos sabemos que aquele jovem (se é que era jovem, pois a narração do Evangelho não diz) estava cheio de orgulho, dizendo a Jesus que já vinha praticando os mandamentos desde sua mocidade. Todavia, até o pior dos pecados, o orgulho, não provocou em Jesus outra reação a não ser o amor, que foi derramado pelo olhar fixo do Senhor naquela pessoa, aquele olhar detido, parado, que busca ver a alma, o coração, que procura tocar com todo o respeito e carinho o mistério da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus.
Isto sim é pastoreio! Isto sim é cuidado de almas! Não uma cobrança "empresarial" de resultados, de frequência, de posturas, de atitudes. Valoriza-se, ao contrário, o "ser" e não o "fazer". É a "famosa" primazia do ser que prevalece.
Para quem cuida de almas, vale a pena acolher o que diz São Josemaria Escrivá:
"Quando estiveres com uma pessoa, tens de ver uma alma: uma alma que é preciso ajudar, que é preciso compreender, com quem é preciso conviver e que é preciso salvar" (Forja, 573).
E, como se sabe, só o Amor, que é o próprio Jesus, salva!
Shalom! Álvaro Amorim. Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Imagem: www.everystockphoto.com.
Nas citações desta obra ou de parte dela, inclua obrigatoriamente:
Autor: Álvaro Amorim, em http://anunciodaverdade.blogspot.com
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2 Comentários:
Álvaro,
gostei demais do artigo "ser santo na família". As vezes nos esquecemos o quanto podemos praticar sentimentos de tolerância, perdão, aceitação, consolo, compaixão, dentro da nossa família, tudo isso se resume em amor. Ser santo é buscar amar ao próximo e podemos começar dentro da nossa casa.
Abraços pra vc, Sabrina e Clara.
Luciana
Luciana, realmente a santidade está em amar a Deus amando o próximo. E quem poderia ser mais próximo do que o(a) esposo(a), o(a) filho(a) ? Deus abençoe sua família! Shalom!
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