Como pessoas que tiveram um encontro pessoal com Jesus Cristo, precisamos, hoje em dia, fazer uma apologética da moral cristã.
Este nome parece complicado (apologética da moral cristã), mas significa basicamente: a defesa da moral cristã, a defesa dos valores morais de Jesus Cristo.
Sim, digo valores morais de Jesus Cristo porque, na verdade, nós cristãos, quando falamos de moral, ou seja, quando nos referimos a um conjunto de regras de conduta, temos, na verdade, como referencial a pessoa de Jesus Cristo.
Aliás, a essência da moral cristã não é um conjunto de regras, mas a identificação com uma pessoa viva: Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A vida de Cristo é a moral cristã.
Às vezes, quando falamos de moral, percebemos que isso gera um incômodo em algumas pessoas. Parece que a palavra moral soa como algo atrasado, imposto, ditatorial.
Muitas pessoas não gostam de ouvir sobre a moral cristã e passam a rejeitar tudo o que a Igreja ensina no campo da moral.
Na verdade, essa rejeição esconde algumas características do homem que não teve ainda uma experiência pessoal com Jesus ressuscitado que passou pela cruz.
Este homem:
· É pseudo-auto-suficiente, ou seja, ele acha que se basta, acha que não precisa de Deus para nada;
· Despreza a fé e supervaloriza a ciência;
· Considera que obedecer a Deus significa alienação;
· Assume uma postura descrente, não se abrindo ao sobrenatural;
· Vê a religião como um conjunto de regras opressoras;
· É egocêntrico, ou seja, só pensa em si mesmo;
· É conduzido por doutrinas falsas, que não o libertam, mas o escravizam.
O termo “moral cristã”, para esse homem, parece impor-lhe um peso do qual ele quer se livrar. Esse homem, na realidade, não conhece Jesus Cristo, não ouviu o Senhor lhe dizer:
“Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve.” (Mt 11, 28-30).
Vivemos assim num mundo que considera que a medida do homem é o próprio homem, ou seja, num mundo que não tem Deus como a medida da felicidade.
A expressão “moral cristã”, para esse homem de hoje, lembra também puritanismo, algo que tentaria gerar sentimentos de culpa no homem que busca viver de prazeres. Para alguns, quando se fala de moral cristã, parece que se está querendo impor normas de comportamentos, algo que tolheria a liberdade. Nada mais errado!
A moral cristã, colhida das Sagradas Escrituras e do Magistério da Igreja, reflete unicamente a vida de Jesus Cristo, que liberta o homem de todo tipo de escravidão, que o faz feliz já aqui nesta vida, para que na eternidade viva a felicidade sem fim.
Viver a vida segundo a moral cristã, ou seja, segundo a vida de Jesus Cristo, corresponde a viver a verdadeira felicidade.
O Papa Bento XVI, dirigindo-se aos jovens em Colônia, na Alemanha, na XX Jornada Mundial da Juventude, disse:
“Repito-vos hoje o que disse no início do meu pontificado: ‘Quem faz entrar Cristo [na própria vida] nada perde, nada, absolutamente nada do que torna a vida livre, bela e grande. Não! Só nesta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só nesta amizade desabrocham realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade nós experimentamos o que é belo e o que liberta’. Disto estai plenamente convictos: Cristo de nada vos priva do que tendes em vós de belo e de grande, mas tudo leva à perfeição para a glória de Deus, a felicidade dos homens e a salvação do mundo”.
Jesus Cristo não nos priva de nada do que temos de belo e de grande, ao contrário: aperfeiçoa tudo isso!
É interessante vermos como os dons que Deus nos deu desde sempre, no momento em que iniciamos o seguimento a Cristo, afloraram, foram sendo aperfeiçoados.
Muitos de nós cantávamos antes de conhecer Jesus. Hoje cantamos melhor. Outros escreviam, pintavam. Alguns tinham o dom de aconselhar as pessoas, mas não o usavam dignamente.
Hoje, após o encontro com Jesus Cristo, o que temos de belo é levado à perfeição, para a nossa felicidade e a felicidade dos homens.
Viver como Jesus Cristo significa ser plenamente homem ou plenamente mulher.
Ou como diz o Moysés, na Carta à Comunidade de 2005: “A santidade é a única forma de ser plenamente homem.” (Carta à Comunidade 2005, 102).
O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo segue-o vivendo a vida do Mestre. O seguimento de Jesus Cristo significa viver como Cristo.
Quem não se lembra da canção do Padre Zezinho “Amar como Jesus amou” ? Esta música revela o que é a moral cristã, ou seja, como se conduz alguém que é discípulo de Jesus Cristo:
“Amar como Jesus amou
Sonhar como Jesus sonhou
Pensar como Jesus pensou
Viver como Jesus viveu
Sentir o que Jesus sentia
Sorrir como Jesus sorria
E ao chegar ao fim do dia
Eu sei que eu dormiria muito mais feliz”
São Paulo é um exemplo de discípulo de Jesus Cristo que viveu como o Mestre, tendo chegado a dizer, na Carta aos Filipenses, capítulo 1, versículo 21: “Para mim o viver é Cristo.”
A moral cristã consiste, portanto, em ter uma conduta de vida segundo Jesus Cristo.
Diz o Catecismo da Igreja Católica, em seu artigo 1953:
“A lei moral encontra em Cristo sua plenitude e sua unidade. Jesus Cristo em pessoa é o caminho da perfeição. Ele é o fim da lei, pois só ele ensina e dá a justiça de Deus. ‘Porque a finalidade da lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê’ (Rm 10, 4)”.
Para nós cristãos, importa viver como Jesus Cristo.
E agora, falando sobre nós, que tivemos um encontro pessoal com Jesus Cristo e que, por amá-lo, quisemos viver como ele viveu, como temos conduzido nossa vida ? Podemos dizer como o Apóstolo São Paulo: “Para mim o viver é Cristo” ?
É muito importante que, após certo tempo de caminhada, o discípulo de Jesus olhe para a sua vida e para a vida do Mestre.
Tivemos uma experiência, um encontro, o encontro da nossa vida com Jesus Cristo, passamos a conhecê-lo, deixamo-nos amar por ele, fomos curados e libertos de uma vida infeliz, abandonamos realidades de vida que nos deprimiam, que nos escravizavam, começamos a servir a Deus, engajamo-nos em um ministério, mas esmorecemos, desanimamos e voltamos a conduzir nossa vida como antes. Começamos a achar que tudo é normal, que não é bem assim, que não é pecado, que posso agir daquele modo e me dizer ainda discípulo fiel de Cristo, enfim: voltamos à vida velha!
São Pedro, em sua Segunda Carta, no capítulo 2, versículos 20 a 22, dirigindo-se àqueles que já conheceram Jesus e que voltaram a ter uma conduta de vida diferente da de Cristo, diz:
“Com efeito, se, depois de fugir às imundícies do mundo pelo conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, e de novo são seduzidos e se deixam vencer por elas, o último estado se torna pior do que o primeiro. Assim, melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça do que, após tê-lo conhecido, desviarem-se do santo mandamento que lhes foi confiado. Cumpriu-se neles a verdade do provérbio: O cão voltou ao seu próprio vômito, e: ‘A porca lavada tornou a revolver-se na lama’.”
São Pedro é incisivo: “melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça do que, após tê-lo conhecido, desviarem-se do santo mandamento que lhes foi confiado”.
Hoje é tempo de nos aproximarmos de novo de Jesus Cristo, de nos deixarmos encontrar por ele, de introduzirmos o dedo em seu lado aberto e, pela fé, tocarmos seu coração, que pulsa de amor por nós. É hora de permitirmos que Jesus mude nossa vida, que nos faça recordar e viver o primeiro amor, para retomarmos a vida em Cristo.
Shalom!
Álvaro Amorim.
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
2 Comentários:
É verdade. Como cristão que somos devemos sempre olhar para nossas vidas e nos questionar se realmente estamos vivendo em Jesus. Às vezes nos afastamos e nem percebemos pois continuamos frequentando a igreja, grupo, etc.. mas sem buscar sentido em tudo isso e nem buscar crescimento espiritual e intimidade com Deus, então tudo começa a se tornar um peso porque não abrimos nosso coração para Deus nos falar, para ter uma linda amizade com Deus. É preciso todos os dias nos questionar e deixar o Senhor derrubar todas as barreiras que nos afastam do seu amor para que todo dia tenhamos nossa experiência com Deus para que nossa vida seja conduzida por Ele e nunca nos esqueçamos que Ele é o Senhor de nossas vidas e que não podemos viver distante D'Ele.
Daiane
Querida Daiane,
Estar no Coração do Senhor todo dia deve ser a nossa meta! Que bom que o Espírito Santo tem lhe dado esta consciência!
Shalom!
Álvaro Amorim.
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