A morte: o que é realmente ?

     Pânico, pavor, desolação, insegurança, depressão: estes são alguns dos sentimentos que povoam a mente de quem se vê próximo à morte, ou mesmo de cada um de nós, quando olhamos para o futuro e lembramo-nos desta verdade: não somos eternos, não somos imortais nesta terra!
     Mas o que é realmente a morte ?
     O grande João Paulo II responde:
     “[A morte] constitui como que uma síntese definitiva da obra destrutora do sofrimento, tanto no organismo corporal como na vida psíquica. Mas a morte comporta, antes de mais, a desagregação da personalidade total psicofísica do homem. A alma sobrevive e subsiste separada do corpo, ao passo que o corpo é sujeito a uma decomposição progressiva [...] Com a sua obra salvífica, o Filho unigênito liberta o homem do pecado e da morte. Antes de mais, cancela da história do homem o domínio do pecado, que se enraizou sob o influxo do espírito maligno a partir do pecado original; e dá desde então ao homem a possibilidade de viver na graça santificante.”[1]
     “A morte é o termo da vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao longo do qual passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte aparece como o fim normal da vida. Este aspecto da morte marca nossas vidas com um caráter de urgência: a lembrança de nossa mortalidade serve também para recordar-nos de que temos um tempo limitado para realizar nossa vida:
     Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó volte à terra donde veio, e o sopro volte a Deus, que o concedeu (Ecl 12, 1.7).”[2]
     “Na morte, Deus chama o homem a si. É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de S. Paulo: “Desejaria partir e estar com Cristo” (Fl 1, 23). E pode transformar a sua própria morte num ato de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo:
     ‘O meu desejo terreno foi crucificado; [...] há em mim uma água viva que dentro de mim murmura e diz: ‘Vem para o Pai’.’ (Santo Inácio de Antioquia).
     ‘Ansiosa por ver-te, desejo morrer’ (Santa Teresa de Jesus).
     ‘Eu não morro, entro na vida’. (Santa Teresinha do Menino Jesus).”[3]
     “A visão cristã da morte é expressa de modo privilegiado na liturgia da Igreja:
     ‘Para os que creem em vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna’.”[4]
     “A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrena segundo o plano divino e para decidir o seu destino último. Quando acabar “a nossa vida sobre a terra, que é só uma”, não voltaremos a outras vidas terrenas. “Os homens morrem uma só vez” (Hb 9, 27). Não existe “reencarnação” depois da morte.”[5]
     No próximo post desta série sobre Bioética, veremos a eutanásia, a distanásia e a ortotanásia.
     Shalom!
     Álvaro Amorim.
     Consagrado na Comunidade Católica Shalom.

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Creative Commons License
[1] João Paulo II, Papa. O Sentido Cristão do Sofrimento Humano, Carta Apostólica “Salvifici Doloris”. Ed. Paulinas, São Paulo, 1988, parágrafo 15, pp. 25-26
[2] Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1007, in: www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html
[3] Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1011, in: www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html
[4] Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1012, in: www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html
[5] Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1013, in: www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html

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