“Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe” (Sl 139 (138), 13).
Como é belo ver o diálogo de Davi com o Senhor, reconhecendo que o próprio Deus foi quem plasmou as entranhas de seu corpo, foi quem o criou, no seio de sua mãe!
“Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado” (Jr 1, 5a-b).
Como é mais belo ainda contemplar o que Deus diz ao profeta Jeremias: antes da concepção do profeta, Deus já o conhecia, ou seja, já o queria por ele mesmo, já pensava na sua criação; e antes do profeta nascer, ou seja, enquanto era gerado no ventre de sua mãe, enquanto o embrião se desenvolvia, Deus já o consagrara, já o separara para si, para a missão de ser profeta!
Sabemos que, mediante sua Palavra, como diz o Papa Bento XVI, “o Senhor fala sempre no presente e para o futuro. Ele fala precisamente conosco e a respeito de nós.” Por isto, essas palavras são também para mim e para você, hoje, e para sempre!
Deus nos quis, criou-nos, plasmou nosso corpo e nossa alma, e tem uma missão de amor para cada um de nós, para mim e para você!
Seriam suficientes estes dois trechos da Palavra de Deus para concluirmos, sem dúvida alguma, que a vida humana começa com a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Nesse preciso instante, Deus cria e infunde uma alma naquele ser. E este ser humano não é parte do corpo do pai, nem tampouco parte do corpo da mãe, mas é outro indivíduo, com corpo (formado por uma célula, depois duas, depois quatro, depois bilhões) e alma (que é espiritual). “E esta vida, apesar de ser vulnerável, frágil e radicalmente dependente da mãe, é geneticamente diferente da dos seus pais. [...] O embrião não é um aglomerado de células, uma “coisa” ou uma “parte” do corpo materno.” (Germana Perdigão. Bioética, a defesa da vida!, Edições Shalom, Fortaleza, 2005, p. 73). Se o procedimento natural que Deus quis para o desenvolvimento desse ser humano ocorrer, essa criança nascerá.
Preciosas foram as palavras do Servo de Deus João Paulo II a este respeito (João Paulo II, Papa. Carta Encíclica Evangelium Vitaæ, parágrafo 60, in www.vatican.va/edocs/POR0062/__PN.HTM):
“A partir do momento em que o óvulo é fecundado, inaugura-se uma nova vida que não é a do pai nem a da mãe, mas sim a de um novo ser humano que se desenvolve por conta própria. Nunca mais se tornaria humana, se não o fosse já desde então. A esta evidência de sempre (...) a ciência genética moderna fornece preciosas confirmações. Demonstrou que, desde o primeiro instante, se encontra fixado o programa daquilo que será este ser vivo: uma pessoa, esta pessoa individual, com as suas notas características já bem determinadas. Desde a fecundação, tem início a aventura de uma vida humana, cujas grandes capacidades, já presentes cada uma delas, apenas exigem tempo para se organizar e encontrar prontas a agir.”
O grande cientista, professor de Genética e médico francês Jérôme Lejeune (1926-1994), pesquisador que identificou a origem da síndrome de Down, possui afirmações categóricas sobre a concepção de um ser humano quando ocorre a fecundação:
• "Se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia tornar-se um, pois nada é acrescentado a ele";
• "Logo que os 23 cromossomos paternos trazidos pelo espermatozoide e os 23 cromossomos maternos trazidos pelo óvulo se unem, toda a informação necessária e suficiente para a constituição genética do novo ser humano se encontra reunida";
• "O fato de que a criança se desenvolve em seguida durante 9 meses no seio de sua mãe, em nada modifica a sua condição humana”;
• "Assim que é concebido, um homem é um homem";
• "Não quero repetir o óbvio, mas, na verdade, a vida começa na fecundação. Quando os 23 cromossomos masculinos se encontram com os 23 cromossomos femininos, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano já estão presentes. A fecundação é o marco da vida";
• "Se, logo no início, justamente depois da concepção, dias antes da implantação, retirássemos uma só célula do pequeno ser individual, ainda com aspecto de amora, poderíamos cultivá-la e examinar os seus cromossomos. E se um estudante, olhando-a ao microscópio não pudesse reconhecer o número, a forma e o padrão das bandas desses cromossomos, e não pudesse dizer, sem vacilações, se procede de um chimpanzé ou de um ser humano, seria reprovado. Aceitar o fato de que, depois da fecundação, um novo ser humano começou a existir não é uma questão de gosto ou de opinião”;
• “A natureza humana do ser humano, desde a sua concepção até à sua velhice, não é uma disputa metafísica. É uma simples evidência experimental";
• "No princípio do ser há uma mensagem, essa mensagem contém a vida, e essa mensagem é uma vida humana".
Vimos, portanto, que, no momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo, inicia-se a vida de um novo ser humano. Esta vida, que teve origem em Deus, com a colaboração dos pais, querida por Deus, tem valor divino, pois proveio de Deus. Somente essas afirmações bastariam para afastar quaisquer possibilidades de manipulações, pesquisas ou aborto, que é morte, desse ser humano, que se encontra inicialmente na fase embrionária (até dois meses de vida) e posteriormente estará na fase fetal.
Todavia, analisaremos, no decorrer desta série, essas formas de atentado à vida e à dignidade da pessoa humana nascente.
P.S.: Próximo artigo: A procriação assistida.
Shalom!
Álvaro Amorim.Shalom!
Consagrado na Comunidade Católica Shalom.
Imagem: http://www.sxc.hu/photo/916142
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